Bad Ischl é uma das muitas cidadezinhas austríacas nas montanhas aonde relativamente poucos turistas brasileiros vêm. Talvez a mais agradável delas, ao menos dentre as que já experimentei.
É que muito do turismo brasileiro aqui é focado na capital Viena, ou em Innsbruck no Tirol, mas como eu venho mostrando há bastante da Áustria a se conhecer. E muito dele é belo, como é o caso aqui.
Como todas as “Bad” do mundo germânico, esta é uma cidadezinha-spa notável por servir de resort, para banhos e bem-estar — um destino de saúde e “viver bem”, digamos assim, algo comum na cultura germânica europeia, com lugares aonde tradicionalmente se ia passar o verão (num clima montanhoso mais ameno) ou recuperar a saúde. O clássico moderno A Montanha Mágica, do escritor alemão prêmio Nobel de literatura Thomas Mann, se dá num contexto assim.
Nada tem que ver com bad em inglês, mas com essa ser a palavra alemã para bath, de banho. Aqui a Bad Ischl vinha ninguém menos que o imperador austríaco Francisco José (1830-1916) e sua esposa Sisi, como era apelidada carinhosamente a imperatriz Elisabeth.


Chegando a Bad Ischl
Bad Ischl fica 50 Km a leste de Salzburgo — uma curta jornada de carro de menos de 1h, ou 1h50min de trem, pois aí é preciso dar uma volta e fazer uma troca, mas ainda assim perfeitamente possível como bate-e-volta ou para dormir.
Nós viemos de carro, eu e algumas amizades antigas reencontrando-nos aqui após o hiato isolante da pandemia. Fazia uma manhã generosa na Áustria: sol a brilhar, 20 e poucos graus — nem frio nem calor demais — e gloriosas águas límpidas azuis ou verdes eram vistas na paisagem de montanhas.
Jesus! Eu não sabia que a Áustria era tão bonita, ainda que já tivesse vindo aqui a várias de suas cidades.



Vendo e conhecendo Bad Ischl
Bad Ischl é uma cidadezinha com 15 mil hab. É um lugarejo que claramente vive do turismo e de seus moradores de veraneio (ou talvez de inverno com o Natal pitoresco!), mas não é tão pequeno assim. Há ruas, hotéis, igreja antiga, e um centrinho fofo. Alguns conhecidos meus do Brasil abririam a boca para alertar que “tem até McDonald’s“, mas eu não sou desses.
A cidadezinha inteira possui um charme à là século XIX, tempo em que seu centro foi edificado.
Você pode visitar a Kaiservilla, a mansão onde ficava o imperador quando ele vinha aqui, ou simplesmente deleitar-se pelas ruas da cidade, não se esquecendo — é claro — de se sentar para tomar algo. Foi o que fizemos naquele fim de manhã que entrou pela tarde de verão na Áustria.

A saber, foi dessa mansão que Francisco José I basicamente deu partida à Primeira Guerra Mundial em 1914, assinando a declaração de guerra à Sérvia após o assassinato do seu sucessor, o arquiduque Francisco Ferdinando, em Sarajevo pelas mãos de um nacionalista sérvio (Gavrilo Princip, um rapaz de 19 anos).


Eu por ali cheguei no que era um sábado deste verão europeu e, em princípio, vi as ruas quietas dos arredores da cidade e fiquei a me perguntar onde estavam as pessoas. Eu dali a pouco as acharia, concentradas neste miolo mais histórico da cidade, às mesas dos restaurantes no lado de fora e a passear.
Você vê logo que é um lugar que existe para o bem-estar e o lazer. Não tanto aquele lazer à americana, do “having fun” (divertir-se), mas um lazer à austríaca, do estar bem com glamour. Um glamour que mistura edificações de requinte e natureza ao redor.
É curioso, pois embora eu esteja usando a palavra francesa (glamour), e os franceses (de hoje em dia) gostem muito de natureza, essa coisa na cultura germânica — sobretudo alpina — me parece ser mais profunda. Está mais enraizada, enquanto a raiz da cultura francesa dominante está nas cortes, nos palácios, nas urbes, em Paris, na arte e naqueles jardins simétricos mui humanizados de Versalhes e, posteriormente, do Iluminismo.
Já aqui temos uma certa tradição de naturalismo (depois encorpada por pensadores alemães como Humboldt), e que na Áustria imiscuiu-se à pompa imperial.



Sentamos-nos ali à margem no Café-Restaurante Zauner, recomendadíssimo.





Nós comemos, ouvimos música, conversamos, sentimos a brisa do riacho fresco de montanha no dia de verão, e circulamos.
Há um ponto ou outro que ver na cidade, embora o gozo aqui seja claramente permanecer “de boa” no seu ambiente.


O arquiduque Francisco Carolo (ou Carlos, diríamos em português em vez de latim) foi quem iniciou a presença da família imperial dos Habsburgo aqui em Bad Ischl, no século XIX. Sua esposa, Sofia da Baviera, foi quem adquiriu a mansão Kaiservilla para o filho Francisco José como presente de casamento.
Foi quando teve início a moda dos banhos de sais como algo bom para a saúde, que passou a atrair toda a alta classe europeia, sobretudo germânica, para cá e outras Bads por aí afora.
Por curiosidade, vale saber que aqueles foram pais também de Maximiliano I, que por curto período foi imperador do México entre 1864-1867. Ele era irmão mais novo do imperador austro-húngaro Francisco José. Foi no entanto morto em 1867, na revolta dos mexicanos contra o governo imperial, a qual levou Benito Juárez (que dá nome ao Aeroporto da Cidade do México) ao poder — mas isso eu conto na minha postagem lá em visita ao Castelo de Chapultepec.


Vale dizer que vestes tradicionais não são somente vestes tradicionais na Europa. Costumam comunicar nacionalismo, posicionamento político ou, quando não, social. (É um pouco como estão as camisas da seleção brasileira hoje em dia.)
Quem não é conservador, na Europa Central, muito dificilmente será visto com roupa tradicional — só se for em festa à fantasia, e olhe lá. (À exceção talvez dos bávaros no Oktoberfest como forma de afirmação regional diante do restante da Alemanha.)
É diferente da mentalidade de imigrante nas Américas, onde você visa preservar a herança cultural da sua minoria, da família, etc. Na própria Europa, não existe tanto esse apelo, então a maioria dos jovens quer é tocar o bonde.

Sob esses 29º que você vê no termômetro nós caminhamos, circulamos, tirei fotos, e visitei a vetusta Igreja de São Nicolau, de fins do século XVIII (1780). Dizem que, todos os verões, o imperador Francisco José vinha assistir à missa das 7h da manhã aqui.
Ela pertence à diocese de Linz, e possui lindo interior.



Era hora de seguir viagem. De Bad Ischl, tomávamos a estrada rumo à famosa Hallstatt, aqui pertinho.

Ihhh, que belezinha!… Outra joia desse lindo colar de belas cidades austríacas.
Linda, linda.
Espetaculares essas belas paisagens, essas águas verde=azuladas e cristalinas, essa orla natural, fofa com flores e barraquinhas, suas belas colinas e lindíssima vegetaçao. Arquitetura primorosa. Uma graça. Encantadora.
As casinhas com balcões floridos e onipresentes, fazem o encanto dessas cidadezinhas e dessa região fantástica de tantas belezas, naturais e humanas. Uma festa para os olhos e os corações que amam a natureza, a arte e a história.
Encantadora. Ainda bem que sem aquela multidão de turistas, parecendo a Disney.
Amei essa orlinha cheia de flores e banquinhos, e essas lindas águas verdes. Fantástica essa paisagem. Respira paz sossego e bem estar.
Belíssima essa igreja de São Nicolau. O interior é um deslumbre. A pracinha florida uma graça.
Engraçadíssimo esse senhor com roupas tradicionais. Eles aparecem muito aqui no verão do NE brasileiro haha.
Amei o restaurante, lindo, alegre, cheio de verde, e com direito a musica austríaca. Uauu. que chic. É a Glória hahaha
As comilanças estão apetitosas aos olhos. hahah.
Beleza de postagem e de lugar. Congratulations pela escolha da região e pelas cidadezinhas lindas. Valeu, jovem viajante.
Grande abraço.
Espero conhecer essa bela região.