Para quem gosta de castelos e cidadezinhas austríacas aconchegantes, eis mais uma. A Áustria por vezes me surpreende com a quantidade aparentemente infinita deles e delas.
Mödling fica a 20 minutos de trem desde Viena — ou 10 minutos de Baden, a cidade que mostrei no post anterior, onde Beethoven viveu e compôs sua Nona Sinfonia. Faz um excelente bate e volta para quem quiser um ambiente tradicional austríaco, mas de cidade pequena.
Se Baden possui esse histórico de ter dado abrigo (e inspiração) ao compositor, Mödling é o charme pelo charme, a beleza pela beleza, e o aconchego pelo aconchego. Ah! O medieval Castelo Liechtenstein aqui perto, do século XII, é a origem da família Liechtenstein, que viria a governar até hoje o micro-país de mesmo nome. Está vendo? Sempre tem alguma coisa.


Mödling, das mais charmosas cidadezinhas nos arredores de Viena
Viena como que possui um cinturão de cidadezinhas bonitinhas, saiba você. Vem-se até aqui muitas vezes sem saber disso (eu próprio não o sabia até muito recentemente, já que as pessoas vêm à capital austríaca e, muitas vezes, limitam-se a ela como se nada houvesse ao redor. Ledo equívoco.)
Quase não cruzei com outros turistas estrangeiros em Mödling — ou esta ao menos foi a minha impressão.
Chegamos de trem desde Baden, onde acabamos nos instalando por alguns poucos dias. Mödling se apresenta a você de início despretensiosamente, com ruas modernas ainda que arrumadas. Árvores farfalhando com o vento no que era um dia de verão com calor, pero no mucho. Ônibus e carros trafegavam sem nos avisar das belezas mais adentro.
É caminhando pela rua principal — adequadamente chamada Hauptstrasse, que quer dizer literalmente “rua principal” — que você chega desde a estação ao centrinho antigo. Logo avista uma das muitas colunas barrocas dedicadas à Santíssima Trindade e se diz: estou mesmo na Áustria.


Mais um pouco e se chega à pracinha principal, com a prefeitura, o simpático prédio antigo do serviço postal, flores e bancos a quem quiser sentar.




Mödling, como você está a ver, é uma cidade que preserva um ar do século XIX nas suas edificações.
Tal como Baden, ela é uma cidade que ganhou popularidade entre a aristocracia austríaca — e germânica em geral — nos fins do século XVIII e começo do XIX, quando retirar-se a estas pequenas cidadezinhas virou moda.
Aqui Beethoven virou muitos copos. Em Mödling ficava, segundo se diz, o seu bar favorito, o Dois Corvos (ou Zu den zwei Raben, para ser mais preciso em alemão).
Se foi bom ou não, não sei. O compositor morreria de cirrose hepática em parte pelo consumo excessivo de álcool, mas enfim – aqui ele teve dos seus bons momentos, como teve também muito da alta gama da sociedade da época.



Não pedimos um Hugo. Eu gosto de contar as coisas, mas por vezes deixo para que venham e descubram.
Ok, eu conto: Hugo é um coquetel do Tirol do Sul com prosecco, folhas de menta, e a chamada elderflower — que tem um gosto meio enjoadinho ao meu paladar mas que os germânicos adoram meter em tudo. Assemelha-se à flor de sabugueiro, em bom português.
Acabamos foi por sentar para almoçar, no hotel-restaurante Babenbergerhof (o qual eu muito recomendo). Fomos atendidos por um simpático garçom que se disse do Afeganistão — embora tivesse cara de Uigur — e comemos bem.
Isso foi antes de irmos visitar as centenárias edificações mais antigas que há aqui.


A Paróquia de São Otmar de São Galo
Oi? Pois é. São Galo (St. Gallen), a quem não sabe, é uma cidade na Suíça. Não vou aqui resgatar a origem do nome (deixa para quando eu for lá), mas vale dizer que lá viveu, no século VIII, um certo abade chamado Otmar, líder de mosteiro cristão, que acabou canonizado.
Os santos populares são diferentes nas distintas partes do mundo tradicionalmente católico.
Aqui se construiu a partir de 1454 um igreja em sua homenagem, hoje uma impressionante — e aconchegante — edificação que mistura elementos medievais góticos e floreios maiores do barroco.





O Castelo Liechtenstein
Liechtenstein é aquele país de que alguns já ouviram falar, mas nem todos. Ele é hoje um paraíso fiscal (a verdade precisa ser dita) localizado entre a Suíça e a Áustria. Não é parte da União Europeia — para poder, digamos, ficar mais à vontade.
Eu escrevi em detalhes sobre a minha visita àquele Principado de Liechtenstein noutro post. Afora as maracutaias financeiras e a onipresença de casas de relógio duty free visitadas por ônibus de chineses e indianos no centro da capital Vaduz, é um país fotogênico, com montanhas e campos verdes, que eu recomendo ver na postagem (e ao vivo a quem puder).
Porém, a família nobre que até hoje governa Liechtenstein não tem origem lá. É que a nossa cabeça brasileira, com a educação do século XX, insiste em associar pessoas a terra como se fossem planta. Os Liechtenstein eram aqui da Áustria — e aqui ainda passam boa parte do tempo — mas adquiriram aquele pedaço de chão lá como propriedade.
Eles nem se deram ao trabalho de pôr os pés lá até mais de um século depois, como eu detalho na postagem. Afinal, as pessoas eram como gado; você ganhava uma terra com camponeses trabalhando como quem hoje recebe uma fazenda com gado: você não precisa ir lá, só quer saber de gerir as receitas da sua posse, e pronto. Era assim.


O castelo fortificado originalmente edificado para os Liechtenstein, na verdade, foi destruído pelos turcos otomanos quando estes sitiaram Viena em 1529. E uma vez mais quando os otomanos novamente sitiaram Viena pela segunda vez em 1689.
Como eu sempre digo, a gente hoje não vê, mas muito desta região central e sudeste da Europa foi definida — por muitos séculos — pela ocupação otomana dos Bálcãs ao longo da maior parte de 1400-1918.
Os turcos chegaram também a eliminar todo mundo em Mödling quando estiveram por aqui, já que os austríacos recusaram-se a se render. Daí a cidade também ser toda com ares mais novos, dos séculos XVIII e XIX.
Quanto ao Castelo Liechtenstein, ele foi restaurado no século XIX, serviu de cenário a vários filmes ao longo do século XX — talvez o mais famoso deles Os Três Mosqueteiros (1993) — e hoje é aberto a visitantes.

Ele fica a uma breve caminhada de 30 minutos do centro de Mödling, ainda que tecnicamente (se você for olhar no mapa) fique no município vizinho de Maria Enzersdorf.

Era quarta-feira, um dia que o castelo pelo visto fecha (juntamente com as quintas), então acabamos não adentrando. Não se morre; o mais belo talvez seja mesmo a vista do castelo como um todo pelo lado de fora.
Retornaríamos às ruelinhas de Mödling, a marchar por aqueles espaços pitorescos, antes de retornar a Baden.




Ihhh que belezura!… que cidadezinha linda!… mais uma das maravilhosas cidadezinhas dessa belíssima, histórica, cativante Áustria, com seus encantos mis.
Que lindinha que é!…
Seus tons pasteis amanteigados, parecendo que é feita de chocolate branco, ou de boneca, ou planejada para rodar um filme romântico com um belo happy end, são de encher os olhos.
Graciosa nos seus belos e bem cuidados jardins, ruelas, recantos floridos, nas suas pracinhas, no seu mix de estilos harmonicamente dispostos, nos seus belos monumentos, nos templos pujantes bem decorados, nos magníficos edifícios de época, com direito a balcões, arcadas, lindos casarios, desperta os olhos e os corações de quem a visita para sua graça e singeleza.
Uma fofura.
Elegante, soberba, linda e simples. Amei.
Mais um daqueles destinos impossíveis de serem esquecidos. Nem parece que existe nesse mundo conturbado em que vivemos hoje em dia.
Um oásis de paz, beleza, simplicidade e graça que o convida ao contato com a Natureza, a História e a paz.
Belíssima.
Amei.
Obrigada, jovem amigo viajante, por ais esse presente.
Muito bom conhecer essa bela região.
Valeu.
Adorei a viagem.
Liiiiiindas as floreiras nas janelas. Magníficos esses estilos arquitetônicos. Jardins primorosos. Tons delicados e cativantes, belos interiores , trabalhados artisticamente, tudo isso diante de um esplendoroso Céu azul anil. Um espetáculo. Amei os lampiões, os recantos lindos, o amarelinho gracioso dos prédios. Uma gostosura. Das mais belas, dessa preciosa leva de belos recantos.
O senhor está ótimo, meu jovem amigo viajante, entre os girassóis. Parece, como sempre, parte da bela paisagem local. Perfeitamente integrado, hahah.
Essa comilança parece estar muito boa. Só questiono a quantidade hahaha
Um local lindo. Paradisíaco. Muito bonito. Linda postagem. Obrigada.