(Este será um post longo.)
Kandy (ou Cândia em português) é uma das antigas capitais históricas do Sri Lanka. Seu nome vem do original cingalês Kanda Uda Rata, ou “terra na montanha”, lugar elevado no interior da ilha onde a liderança nativa se refugiou após a invasão dos europeus no século XVI.
Alguns a chamam de a capital cultural do país. Foi para onde veio a realeza do Sri Lanka após os portugueses tomarem quase toda a costa. Para cá trouxeram suas antigas relíquias budistas, e aqui constituíram uma morada que ficou conhecida como o Palácio da Relíquia do Dente Sagrado — lugar que se pode visitar, e atração principal em Kandy.
Talvez esta realmente seja uma das paradas essenciais a quem visita o país. Kandy é a melhor cidade de médio porte que eu encontrei no Sri Lanka. É daquelas que têm um porte razoável (não é uma beira-de-pista como Ella ou Sigiriya), mas ao mesmo tempo é pequena o bastante para você circular a pé.
Vale a pena se deter aqui umas 2-3 noites, visitar os seus templos, e dar umas voltas por esta cidade autêntica e pitoresca. Vocês sabem que autenticidade aqui no Sul da Ásia geralmente equivale a gente e muvuca, mas a cidade tem calçadas, sinais de trânsito, e é relativamente fácil navegar por entre a sua herança de outrora.

A deixar claro para que ninguém se perca na História, depois dos portugueses, vieram aqui os holandeses. Ao contrário do ocorrido no Brasil, os parentes de Nassau cá conseguiram tomar a colônia para si, e os portugueses é que foram expulsos (em 1658).
Mais tarde, no século XIX, vieram por fim os britânicos a este país triplamente colonizado. Você pode ler mais sobre a História do Sri Lanka nas minhas passagens por Colombo e Galle.
Só faço ver a quem sustenta (se é que alguém ainda sustenta) aquela tese de que o Brasil estaria em melhores lençóis se tivesse sido colonizado por esses outros europeus que a experiência do Sri Lanka não inspira muito. É um país mais pobre que o Brasil, mesmo em termos proporcionais. O que há de mais belo aqui me parece ser menos o que os europeus fizeram e mais aquilo que os srilanqueses conseguiram manter apesar dos europeus.



Um pouco sobre Kandy, entrada para o Triângulo Cultural do Sri Lanka
Kandy é uma cidade com Pizza Hut e KFC, mas também com plenos restaurantes e lanchonetes de comida local e barata. É cidade de templos budistas, igrejas e mesquitas. É lugar turístico, mas sem ser tanto a ponto de não haver mais nada além do turismo.
Por asfaltos até bem mantidos, tuk-tuks deslizam ao lado de ônibus mui coloridos e, quando bem querem, buzinando aos caras-pálidas na calçada que eles imaginam serem turistas sempre a fim de uma corrida.
Kandy é a principal porta de entrada para o chamado Triângulo Cultural do Sri Lanka, uma das suas duas principais áreas de destino turístico (a outra sendo a costa sul, de praias e da cidade histórica de Galle, que vos mostrei antes).
Esse triângulo cá no miolo da ilha é culturalmente rico porque foi onde se deu muito da História milenar do Sri Lanka, da adoção do budismo no século III a.C. ao período colonial. Quando se bateram contra os invasores europeus entre 1505 e 1948, foi também aqui que muito da sua cultura se conservou.

Kandy acaba quase sempre sendo a porta de entrada porque está mais perto de Colombo e do aeroporto. Desses lugares todos no triângulo, Kandy também é a cidade mais aprazível onde permanecer uns dias.
A propósito, eu aderirei à grafia Kandy, em vez de Cândia, porque é o que você encontrará aqui. “Cândia”, porém, segue presente em alguns sobrenomes lusófonos de gente que talvez nem se saiba conectada a este lugar. Eu já conheci um Cândia no Brasil.
Esta cidade foi fundada ainda no século XIV, antes da invasão europeia (ou talvez eu devesse chamar de “operação comercial especial” em vez de “invasão”). Kandy, no entanto, era um certo “fundo de quintal” interiorano enquanto que a vida econômica se concentrava na costa.
Quem mais mandava nestas terras era o Reino de Cota, que a partir de 1505 os portugueses trataram de tomar e converter. Em 1592, então, a realeza se mudou para cá no que ficou conhecido como o Reino de Kandy. Este sobrava como o único estado nativo ainda de pé, depois que Portugal pôs todos os outros no bolso.
Foi aí que rolou uma tramoia para passar Kandy também para trás.

A trama portuguesa que não deu certo
Os portugueses haviam conseguido converter o rei local, Karalliyadde Banḍāra, que governou entre 1552 e 1582, e fez do catolicismo a religião oficial. Os portugueses estavam em júbilo.
Eles seguiam uma fórmula familiar de conversão de lideranças locais que já vinha sendo praticada na África desde o século anterior. Convertiam-nas ao catolicismo e batizavam-nas com nomes portugueses. A missão colonial não era povoar, mas catequizar, controlar, e obter recursos que seriam então comercializados com a Europa para a prosperidade do Reino de Portugal e dos Algarves.
Outra tática habitual do demograficamente frágil império português era criar batalhões de gente local. Foi o que fizeram com os índios no Brasil, e que aqui na Ásia ganharam a alcunha de lascarins.
Com o seu exército de lascarins sob o comando de uma minoria de tropas portuguesas e a chefia de um capitão-mor ou capitão-geral, o plano português era assegurar que Dona Catarina — a filha daquele rei convertido — ascendesse ao trono sob sua tutela. Não deu muito certo.
Houve uma revolta por parte dos srilanqueses que não aceitavam nem a tutela portuguesa nem o cristianismo. Puseram outro rei no lugar, que os portugueses prontamente taxaram de usurpador, e em 1592 a capital foi transferida para Kandy. Os portugueses foram atrás.

A 1594, Pedro Lopes de Sousa, recém-chegado de Goa (coração do Vice-Reino português na Índia), foi aqui nomeado “capitão-geral da conquista do Ceilão” (vejam a ousadia), e trouxe tropas portuguesas que se juntariam aos lascarins para resolver a situação.
Inicialmente, a coisa deu certo. Tomaram Kandy e escorraçaram o rei (usurpador) Vimala Darma Surya para o mato. Instalaram a jovem rainha Dona Catarina, que os srilanqueses temiam que os portugueses fossem casar com um dos seus. É a imagem em preto e branco que vocês viram mais acima.
Entretanto, o caldo desandou. Os portugueses mantinham a rainha mais perto de si que da aristocracia local — talvez temendo perdê-la. De quebra, Pedro Lopes de Sousa mandou executar o líder de tropas dos lascarins, que ele suspeitou estar em conluio com o rei fugido. Foi debandada geral.
Pedro Lopes de Sousa achou melhor darem o fora da capital, mas foram pegos de surpresa na saída. Foi aí que se cunhou a expressão “te pego na saída” (brincadeira). As tropas do novo rei Vimala Darma Surya aniquilaram todos os portugueses, incluso o senhor Pedro Lopes, capitão-geral da conquista do Ceilão. Para coroar o próprio feito — e também assegurar legitimidade —, Vimala então casou-se com Dona Catarina.

Terminando a história…
Permitam-me apenas terminar a história, porque ela é interessante, antes de eu passar às minhas andanças aqui em Kandy.
Com o triste fim de Pedro Lopes de Sousa no que ficou conhecido como a Batalha de Danture, a 9 de outubro de 1594, os portugueses enviaram um novo capitão-geral para cá: Jerónimo de Azevedo (1560-1625), que havia sido pajem do próprio Dom Sebastião — o rei que sumiria em 1577 e origem da tradição do sebastianismo. Jerónimo ao crescer se tornaria “senhor das honras de Barbosa e Ataíde, e abade comandatário de São João de Alpendurada.”
Jerónimo de Azevedo tinha portanto estirpe, mas a moral daquela época era duvidosa. Assumindo o posto do finado Pedro Lopes, o novo capitão-geral assegurou-se, primeiro, de manter o controle português sobre a costa. Houve até procissão pelas ruas de Colombo nomeando o espanhol Filipe II (veja você) — Filipe I de Portugal — como rei também do Ceilão, à maneira portuguesa:
Real, real, real, pelo muito poderoso Senhor el-Rey Dom Filipe Rei de Portugal e de Ceilão.
Vale lembrar que, a essa época, Portugal estava sob domínio espanhol no que ficou conhecido como a União Ibérica (1580-1640). Aquilo não descia bem entre os domínios ultramarinos portugueses, mas vamos lá.

Jerónimo de Azevedo tentaria novamente atacar o montanhoso Reino de Kandy, mas sem sucesso. Acabou por apelar, então, à destruição econômica dos seus oponentes nativos: não conseguiam tomar território, mas destruíam as plantações e matavam o gado dos srilanqueses. (Vejam que cristianismo lindo, bem praticado.)
Ao ir embora do Sri Lanka em 1612 para se tornar vice-rei em Goa, deixou instruções para que seus sucessores persistissem na mesma tática, até o Reino de Kandy se render e aceitar uma relação de vassalagem.
Não nos surpreendamos, então, que Kandy tenha ido pedido ajuda aos holandeses, que em 1638 firmaram um acordo para expulsar os ibéricos desta ilha — e o fizeram.
Sobre o domínio holandês no Sri Lanka você lê mais na minha postagem em Galle. Resta saber que eles nunca tampouco conseguiram tomar Kandy. Essa tarefa só seria cumprida mais tarde pelos ingleses, em 1815. Daí a herança de aspecto britânico que você ainda encontra aqui, misturada à tradição budista que os srilanqueses conseguiram preservar.

Uma observação casual aos navegantes é que “srilanquês” é mais abrangente que “cingalês”.
Este é um país ainda de frágil identidade nacional. Os cingaleses, que falam a língua cingalesa (Sinhala) e em geral são budistas, são a maioria (75%). Mas eles não são os únicos daqui. Há também gente tâmil, em geral hindu, que fala o idioma tâmil e com vínculos históricos com o sul da Índia. Isso além dos srilanqueses muçulmanos, aqueles que abraçaram o Islã desde a Idade Média. A atual bandeira do Sri Lanka tenta contemplar todas estas minorias, mas esta ainda é uma harmonia sendo trabalhada.
Os cingaleses sempre governaram — ainda que às vezes sob a tutela europeia — o grosso da ilha, com os tâmil em geral restritos à costa norte (mais perto da Índia) e centrados na cidade de Jaffna, onde também chegou a haver um reino desmontado pelos europeus.
Então a realeza de que se trata aqui em Kandy é a realeza cingalesa. Após a independência, o grupo guerrilheiro dos Tigres Tâmil (Tamil Tigers) engalfinhou-se contra o governo cingalês numa guerra civil sangrenta que durou até 2009. Desde então, tenta-se trabalhar na paz e construção de uma identidade nacional srilanquesa independente da fé ou de etnia. Não é fácil.

Chegando a Kandy
Mais de duzentos anos depois dos ingleses, cheguei eu a Kandy vindo de Ella na jornada de trem lenta que vos mostrei no post anterior. A maioria dos turistas faz essa rota no sentido oposto, começando por Kandy (vindo aqui direto de Colombo ou mesmo do aeroporto), mas o caminho que eu fiz é menos concorrido. Você viaja com menos gente e mais tranquilidade pela mesma paisagem.
Era um meio de tarde de sol quando eu aqui cheguei, a temperatura sensivelmente mais alta que lá na altitude de Ella — ainda que não chegasse à umidade costeira de Galle, mais ao sul. Kandy fica a 500m de altitude, e a cidade é rodeada por colinas ainda bem verdes.


Kandy segue sendo pequena o bastante para você ir da estação ferroviária direto ao hotel, mas já é grande o bastante para isso ser algo ligeiramente inconveniente.
Acabei optando por ir com um tio, daqueles que se oferecem, e que se tornaria meu motorista para ir embora de Kandy depois. (Jamais aprendi o seu nome, mas passo o contato a quem quiser. Boa gente, preços razoáveis, e conhecedor das coisas.)
Instalei-me num hotel simples — não o da rainha —, e aos poucos me habituaria com as ruas de Kandy a ponto de que os malucos puxarem conversa comigo.

Visitando atrações em Kandy
Kandy me lembra algo de Chiang Mai, na Tailândia, ainda que mais badalada de gente local e menos turística. É aquela atmosfera elevada tanto no aspecto geográfico quanto no espiritual, com espaços sacros aqui e ali; ruas relativamente boas de andar, e um aspecto interiorano que contrastam com as respectivas capitais.
Também é semelhante o costume asiático de não lhe consultarem e decidirem as coisas por você. Não me perguntaram se eu queria café da manhã srilanquês ou “ocidental”, e me serviram insossas fatias de pão de forma com uma margarina vagabunda e uma geleia colorida mais vagabunda ainda.
Na Tailândia, pelo menos serviam-me arroz grudadinho com manga e jaca, enquanto que aqui eu fiquei na vontade pelas comidas srilanquesas nas mesas dos hóspedes não-estrangeiros. (Me dá um ódio que eles aqui, como também na África, aglomerem todos os ocidentais como se todos comêssemos à moda francesa ou norte-americana.) Manifeste-se, pois do contrário a sua preferência não será consultada.
Também me mentiram que o suco não continha leite/iogurte. As pessoas aqui na Ásia mentem na sua cara desavergonhadamente. Por isso não vou recomendar o hotel, mas bora pra frente. Joelhos e ombros sempre cobertos para visitar templos e lugares budistas, e vamos que vamos.

A estátua gigante de Buda no Sri Maha Bodhi Viharaya
Nada como uma visita ao templo — e depois um bom almoço — para me pacificar as emoções.
Cheguei a ver trupes de macacos a circular pelos telhados alheios da minha janela, e breve deixaria o ar condicionado do quarto para ir me integrar àquele ambiente tropical urbano típico aqui do Sul da Ásia.
Nas ruas do centro de Kandy, você não demorará a avistar a imagem de um grande Buda branco no alto de uma das colinas. É um templo que foi consagrado em 1972, e cuja imagem gigante foi inaugurada ao público em 1993. Foi por onde a minha manhã de visitas começou.
É um lugar bem pacato e com lindas vistas, mais visitado por gente local que por turistas. Um tuk-tuk o leva lá até em cima pelo equivalente a 1-2 dólares — ou como você negociar. Você pode barganhar um preço para que o mesmo motorista o aguarde e leve dali de volta ao centro ou a algum outro lugar da cidade.


Descolei um tuk-tuk na rua, e por 250 rúpias ele concordou em ir até lá. (Não vale tentar subir a pé a menos que você seja fissurado por exercícios.)





Ao que eu entrei na breve lojinha para ver uns incensos, o jovem monge arriscou-se no seu pouco inglês. Com um outro, da sua mesma idade, que juntos manejavam meio atrapalhadamente a loja, falava numa outra língua que eu não compreendia — provavelmente cingalês.
Perguntou-me se eu era mesmo do Brasil após me ver com uma camisa do Rio de Janeiro, e diante da resposta positiva começou a falar em futebol.



Há uma escadaria ali por trás da estátua, e que lhe permite subir até a nuca do Buda, de onde tem uma bela vista por sobre toda Kandy.


Asgiri Maha Vihara Pirivena
Não muito distante dali, está um outro templo budista também bastante bonito (este mais por dentro), o Asgiri Maha Vihara Privena. Ele fica adjacente ao mosteiro Asgiri Maha Viharaya. (Dou-lhes os nomes inteiros também para que possam procurar no aplicativo de mapas ou indicar a algum tuk-tukeiro, caso pretendam vir pessoalmente.)
Neste, quase que não havia ninguém. Um monge adulto que circulava pelo lugar — com ar de gerente do casarão — olhou para a nossa chegada ao que o possante motor do nosso tuk-tuk interrompeu o silêncio. Foi cortês, dali papeando com o nosso motorista e abrindo as portas para um belo salão interno, acendendo as luzes para que visitássemos.
Há ilustrações curiosas aqui, com um certo ar de material didático para os internos no mosteiro (ver na postagem sobre budismo no Sri Lanka), e uma linda estupa de interior todo enfeitado.
Embora bastante renovado, é um templo que aqui existe desde 1302, e o seu mosteiro segue funcionando.





Foi de lá que descemos para almoçar no Midland Deli Restaurant (aprovado!). Recomendação do motorista que havia me levado da estação ferroviária ao hotel, e que também recomendou deixar a visita ao Palácio da Relíquia do Dente para o fim do dia, evitando as multidões que frequentam o lugar de manhã.


A Catedral de Santo Antônio
Falando em outras religiões, Kandy tem uma quintessência budista pela sua História, mas há também mesquitas e igrejas por aqui, além de templos hindus.
A mesquita principal daqui é da mesma época e na mesma arquitetura daquela que vos mostrei antes em Colombo. Embora bem mais modesta, exibe o mesmo padrão de vermelho e branco — ainda que, crime estético, esteja prensada entre prédios modernos de Terceiro Mundo.
Talvez o mais famoso dos templos não-budistas aqui seja, em verdade, a Catedral de Santo Antônio, erigida no século XIX primeiro como um colégio franciscano, e depois elevado a sé.
As fotos mostrarão também o contraste entre o que dá Kandy com sol ou com chuva.




Indo ao Palácio da Relíquia do Dente Sagrado
Choveu, pero no mucho. As nuvens cinzas tomaram conta parte do tempo em que estive na cidade, mas por sorte abriu também o sol. Sugiro permanecer pelo menos uns dias aqui exatamente para ter também a chance de visitar o Palácio da Relíquia do Dente (Sri Dalada Maligawa) num belo entardecer. Vale a pena.
Eu não sei exatamente porque os budistas são tão aficcionados em dente. Já fui a um outro templo com dente de Buda como relíquia em Singapura, e deve haver outros por aí. Deve ser porque dura.
Este aqui você precisará de pelo menos algumas horas para visitar. Ele tem um Museu Internacional do Budismo e os jardins do antigo palácio, mas o principal no complexo é mesmo o templo.
A ter em conta é o ingresso para estrangeiros por aproximadamente USD 10 (2,000 rúpias quando visitei em 2022, mas o valor flutua conforme a cotação da moeda srilanquesa), e também os horários de 6h, 10h e 18h, quando há cerimônias especiais porque expõem a relíquia aos visitantes. Não me cobraram adicional para a câmera, embora algumas fontes falem disso — e eu usei a câmera e todo mundo viu. O tiozinho do lugar de guardar sapatos também vai lhe pedir uma gorjeta sugerida de 100 rúpias, mas esta fica a seu critério.


Detive-me. Comendo na pressa, aí foi que a boca entrou mesmo em chamas. De todo modo, eu recomendo. (Há um masoquismo estranho na nossa relação com a pimenta.)
Aquela medievalesca torre cor de telha que você viu ali na foto acima é a anglicana Igreja de São Paulo, consagrada em 1853. Os ingleses fizeram questão de tê-la ali bem pertinho, quiçá pra ver se convertiam a realeza.
Segui caminho. (Tive ainda a folga de ver se o guarda não tinha uma lixeira onde eu pudesse jogar fora o papel do lanche.) Passei, e dali se chega numa área aberta de pavilhões budistas em meio às árvores, ainda antes da bilheteria e da área mais reservada.




Ao que eu cheguei às belas muralhas brancas deste palácio, fui informado à altura do detector de metais que estava usando a entrada incorreta. Esta era para srilanqueses (que entram gratuitamente). A policial, muito cordial (e deveras charmosa, francamente um pedaço de mau caminho uniformizado), disse que eu podia entrar por ali, mas que por favor fosse obter o ingresso na bilheteria e voltasse.
Os srilanqueses morenos por aqui passavam, quase todos de vestes brancas como é característico daqui para representar pureza.
Dirigindo-me ao outro lado, vi alguns turistas caras-pálidas de breve ar desorientado e, claramente, menos conforto andando descalços que os srilanqueses. É curioso como, entre ocidentais, você — sem nem olhar para os pés — às vezes é capaz de perceber que a pessoa está descalça só pelo modo como caminha.
O bom foi ter visto o Lago Kandy sob as últimas luzes do dia, até que dei com a colorida bilheteria automática que parecia confundir alguns ali parados olhando-a como se fosse um ovni.




Entrei. Ali, já se ouviam os tambores e as cornetas de algo que ocorria no interior.
Este palácio parece mesmo uma fortaleza, mas que um templo comum. Há escadarias, vias e muralhas. Todos já descalços, e num calor vespertino que ainda não havia sido totalmente amainado pela noite, entrávamos tropicalmente quase todos de branco, eu de verde.
A pedra lisa no chão sob os pés estava mui limpa, de modo que ainda me recordo do seu toque no tato. Não sei como conseguem impedir que juntem poeira.
Embora a reta final da pandemia certamente diminuísse os números de humanos (pelo menos, de turistas) — e nos impusesse máscaras, aqui usadas em todos os lugares — havia bastante gente, o suficiente para ser impossível se distanciar.





Gravei uma palhinha da cerimônia, que vocês podem assistir no vídeo abaixo. Trata-se de um louvor aos objetos sagrados que se abrem — nas horas fixas — no interior daquele pavilhão.

A relíquia do dente, porém, fica no andar superior do templo.
Você verá duas filas se formarem já cá de baixo. À esquerda, a fila é para quem quer ver bem de perto a arca dourada onde o dente está depositado (você não verá o dente propriamente dito, que está ali guardado). À direita, uma fila mais veloz leva à área mais livre, de onde se pode fotografar, e onde se deixam as lindas oferendas de flores de lótus.





Do lado de fora, há toda uma há aberta com jardins, pavilhões cobertos, incensários e um lugar onde acender velas. Viam-se pessoas a circular na noite.



Você ali fica um tempo, até eles fecharem o templo às 20h. Uma paz na noite tropical. Como eles dizem aqui: ayubowan. Em cingalês, que você seja abençoado com uma longa vida.

Uaaauuu. Que maravilha!… Que espetáculo!… fascinante!… sem palavras para expressar as emoções e os sentimentos que um cerimonial desses, num ambiente desse, desperta na alma e no coração de sua amiga aqui , que ama essas manifestações simples, belas, sentidas na sua magnitude , tão singelamente recebidas e expressadas por todo esse povo humilde, simples e espiritualizado.
Um espetáculo de religiosidade de elevar a alma, fazer vibrar o coração. E diante de um templo belíssimo, finamente decorado, ricamente iluminado pelas luzes artificiais , pelo jogo de cores, das inúmeras velas, e odorizado pelo perfume dos incensos e flores em lindas oferendas.
Tudo isso em uma hora sagrada das 18 h, engalanado por um crepúsculo soberbo, majestoso .
Espetacular, meu jovem amigo.
Parece que você sai da terra e se aninha em alguma bela galáxia de luz, de paz, de oração, de reverência, de amor, suavemente sonora e perfumada. Um pedacinho do Céu. Que maravilha.
Belíssima experiencia. Lindo esse budismo. Como faz falta, aqui no Ocidente uma manifestação espiritual dessa e como o Oriente tem a nos ensinar.
Obrigada, jovem amigo por nos mostrar essas belezas. Salve o Oriente com seus encantos e espiritualidade.
Valeu. Amei.
Linda cidade. Belos prédios, de estilo elegante, assim como os templos com seus simples (ou decorados) e belos interiores, a charmosa mesquita, a cidade cheia de vida e de movimento, seus graciosos tuk-tuks onipresentes, singelo lago e riqueza histórico-espiritual.
Esplendoroso esse palácio, de muito bom gosto. Belo ambiente nesse por de sol. Com muitas luzes e cores.
Belíssima essa estupa com a sua magnífica riqueza interior. Que bela decoração. Luzes, cores e histórias fabulosas.
Percebe-se que o ambiente transpira Paz, suavidade, elevação. Maravilha.
E que bela a vista da cidade a partir desse templo. Sobressai o verde da natureza.
Magnifica essa imensa imagem de Buda que pode ser vista desde a cidade sob a luz majestosa do astro-rei no seu ocaso, como uma auréola dourada e avermelhada a circundá-lo. Um espetáculo.
O bulício da cidade contrasta com a suavidade e paz dos templos, da soberana e bela natureza .
Esta continua prodigiosa nessa bela região. Lindos tons de verde e deslumbrantes pores de sol. Espetaculares. Coisa de cinema.
As flores dão um toque especial em todos os ambientes, sobretudo a delicada lotus com seus lindos tons.
Um encanto de cidade e uma prodigiosa postagem.
Parabéns amigo viajante.
Feliz em conhecer tão rico e belo país.