(Este será um post longo.)
Palermo é das cidades mais impressionantes e históricas de toda a Itália, e olhe que esse não é um país fácil onde se destacar. Ainda assim, eu teria tranquilidade ao recomendá-la como uma das cinco mais importantes cidades a se visitar aqui.
Que imagem lhe evoca esta capital da Sicília? A máfia? O calor mediterrânico?
Ou que tal as comidas caseiras, de autenticidade e sabor cada vez mais difíceis de encontrar no norte de Itália, mas sempre presentes aqui? As obras medievais de quando os normandos tomaram esta ilha dos árabes? Ah, meus caros, há tantas coisas! É por isso que a Sicília é essencial. Não dá para conhecer a Itália na sua inteireza sem ver esta ilha tão particular.
A Sicília, pouca gente sabe, é uma região autônoma dentro da Itália, e conta com o seu próprio idioma — ainda que praticamente todos também falem o italiano padrão. Como o longevo Reino da Sicília (1130-1816) esteve bastante tempo sob o mando da coroa espanhola, o siciliano por oras até lembra mais o português e o espanhol que o italiano. (“Trabalho”, por exemplo, é travagghiu, e não lavoro como em italiano.) Também não se surpreenda se encontrar aqui, como também na região de Nápoles, muita gente chamada Fernando.
São muitas emoções distintas aqui na Sicília. Tantas particularidades que parece que você veio a outro país que não a Itália — vizinho, mas não o mesmo. Poderia ser independente como Malta é, aqui pertinho.
Acompanhem-me, mas como já sabem, eu não meço as palavras. Vêm aí coisas boas e menos boas. Assim é a realidade, e assim é a Sicília — uma bomba de impressões.

Primeiras impressões
Há sempre um quê de familiaridade quando eu desembarco na Itália, seja onde for. Aqui, no calor quase tão úmido quanto o Brasil, de gentes conversando e pepepê, você exalta uma versão latina de Sweet home Alabama.
O Aeroporto de Palermo tinha umas gambiarras expostas no teto do saguão de coleta de bagagens que me fizeram imaginar algum cenário industrial de steampunk. Embora visivelmente velho, ele está até arrumadinho em partes que importam. Encontrei banheiros bons — públicos e limpos — e trem novo com ar condicionado para chegar à cidade.
O hall principal é organizadinho, embora não tenha muito. Homens baixinhos impacientes, mas sociáveis, atendiam detrás dos balcões de lanches os clientes que se esforçavam para pedir algo em italiano ou inglês.
Pediam cafés, brioches (como os italianos chamam o croissant e suas variedades com recheio de chocolate, amêndoas ou creme de pistache), e sanduíches de salami semelhante a mortadela. Tanto do Brasil veio da Itália, mais do que normalmente nos damos conta.


Do aeroporto, são 50-70 minutos até o centro. A melhor opção depende (1) do seu destino exato na cidade (se for perto de Palermo Centrale, melhor o trem); (2) da hora que você chegar, já que as partidas tem hora certa e é preciso ver qual sairá primeiro; e (3) se é a hora do rush ou não. O trem por vezes atrasa, mas se o ônibus pegar tráfego — e o tráfego em Palermo é ruim — vai demorar bem mais do que os 35 min que eles anunciam como duração da viagem.
Eu quase sempre prefiro viajar de trem, mesmo se demorar um pouco mais, então lá fui eu descer a escada rolante à breve área ferroviária sob o aeroporto.
As saídas dos trens de dão aos 27 e 42 min todas as horas, sendo o primeiro uma viagem de 50 minutos e o outro, nominalmente 1h07min de duração. Esta estação do aeroporto se chama Punta Raisi, e se você quiser ver o mar no seu trajeto até Palermo propriamente dita, sente-se do lado esquerdo.
O guichê humano estava fechado “per ferie” nisto que era sábado de manhã, coisa com um cheiro familiar. Compra-se passagem então na máquina com moeda ou cartão — ou online com a Trenitalia. (O cartão vem a calhar, e nestas horas as novidades tipo Nubank podem não funcionar.)
Você busca certa discrição enquanto turista em meio ao público, aí aquela voz feminina italiana da máquina brada em inglês cheio de sotaque italiano: BIUÉRE OF PICKPOCKETS. IN CASE OF NEED, ASK *ONLY* TRENITALIA STÁFF FOR INFORMATION, e você a se perguntar se todo mundo ali ouviu o pronunciamento.


Eu acho que os serviços de trem na Sicília melhoraram bastante ao longo da década de 2010. Você encontra pela internet vários depoimentos mais antigos de gente escrachando os trens daqui; eu próprio, quando vim anteriormente à Sicília há alguns anos, tomei um trem regional bem acabado entre Siracusa e Noto. A estação de Noto nem sequer vendia passagens. A coisa parece já bem melhor nestes albores da década de 2020.
Os chovinistas da Lega Nord, partido de extrema direita e xenófobo do norte da Itália, gostam de dizer maldosamente que a unificação Itália não uniu a Itália: dividiu a África. Sugerindo assim, portanto, que seus compatriotas do sul tem mais a ver com os africanos do outro lado do Mar Mediterrâneo que com eles.
Não vou concordar com essa hierarquização que supõe os africanos menores que os outros, nem concordo com a atitude racista e xenófoba. Dito isso, é verdade que a natureza daqui se parece muito mais a que encontrei na Tunísia — a meros 200 Km, o que seria um nada se fossem de terra e não de água — que a Toscana, Vêneto, ou outras regiões do norte italiano.
Sucatas de carro velho eu via desde o trem no meio do mato seco queimado pelo sol. Uma construção baixa e outra aqui e ali, várias delas largadas na metade ou precisando de um reboco. Até que, de repente, aparece aquele mar lindo sem pedir licença, algumas colinas a emoldurá-lo no horizonte próximo.
O trem passa a maior parte do tempo dentro de túneis até Palermo, mas este não deixa de ser um tira-gosto do que você verá mais ao largo Sicília afora.


Palermo, a cidade fenícia que depois foi árabe
Palermo é quase tão antiga quanto Roma. Acredita-se ter sido fundada pelos fenícios em 734 a.C., ao mesmo tempo em que os gregos fundavam Siracusa no leste desta que é a maior ilha do Mediterrâneo. O grande Cícero chegou a declarar que essa última era a mais bela cidade em todo o mundo helênico.
Palermo, entretanto, cresceria mais, e ganharia mais louros, tornando-se capital com lindos palácios medievais que fizeram o geógrafo árabe al-Idrisi (1100-1165) — por vezes latinizado como Dreses — declarar esta a mais bela cidade do mundo no seu tempo. Ele viveu aqui.
Palermo goza de um imenso legado arquitetônico medieval sui generis. Aqui prosperou o estilo chamado árabo-normando, que você não vê em nenhum outro lugar. Isso porque, com o fim do império romano, criou-se aqui o Emirado da Sicília (831-1091), que viria depois a ser atacado pelos Vikings e conquistado pelos normandos do norte da Europa. Oi? É isso mesmo; calma que eu já explico.
Por vezes, parece que você aqui está em Jerusalém.

Eu não me ocuparei muito aqui sobre como os bárbaros atacaram estas terras do Império Romano e depois foram expulsos pelos posteriores romanos do oriente, os ditos bizantinos. O ponto de inflexão se dá mesmo com a tomada desta ilha pelos árabes nos idos de 800, eles que a essa altura já haviam ocupado o que são hoje Espanha e Portugal.
Eufêmio e a freira
Tudo começou com Eufêmio, almirante bizantino que guardava a Sicília em nome de Constantinopla, mas que em 826 teve a desafortunada ideia de forçar uma freira a se casar com ele.
A coisa chegou aos ouvidos do imperador em Constantinopla, que enviou um de seus generais com tropas para punir Eufêmio e cortar-lhe o nariz (literalmente). Não deu boa, porém. Eufêmio montou uma revolta, matou o general enviado, e fugiu ao norte da África, onde na Tunísia pediu ajuda aos árabes islâmicos.
Os árabes vieram, e ficaram. Constantinopla nunca mais controlaria a Sicília.
O período do Emirado da Sicília (831-1091) foi quando os árabes cá trouxeram vários produtos indeléveis desta cultura, como os limões, as laranjas, a berinjela, os pistaches tão bem quistos dos italianos hoje, e também a cana-de-açúcar.
Eufêmio morreria já no ano seguinte ainda durante as disputas, esfaqueado por um de seus conterrâneos, e os árabes tomaram o controle. Formaria-se aqui o Emirado da Sicília pelos próximos séculos.
O Emirado da Sicília
Não confunda os árabes do medievo com os islâmicos fundamentalistas de hoje. À época, a civilização árabe islâmica era cosmopolita, comparativamente mais aberta e “iluminada” que a europeia, dada às ciências e à curiosidade intelectual. Eles transformariam Palermo numa cidade global para os seus tempos, onde comunidades judaicas e cristãs passaram a se misturar com imigrantes árabes e berberes do norte africano.
O período do Emirado da Sicília (831-1091) foi quando os árabes cá trouxeram vários produtos indeléveis desta cultura, como os limões (limão siciliano foi, portanto, uma obra árabe), as laranjas, a berinjela, os pistaches tão bem quistos dos italianos hoje, e também a cana-de-açúcar. Foi aqui que os europeus latinos começaram a se familiarizar com essas plantas, todas elas asiáticas trazidas da China, das Índias ou da Pérsia pelos árabes para cá.
Entretanto, havia uma ambição conquistadora também no norte da Europa. Os Vikings já realizavam ataques aqui desde 860 com Biorno “Costado de Ferro” (Bjorn Ironside), e depois como parte da Guarda Varegue — a guarda pessoal pretoriana do imperador bizantino, que decidiu compô-la com mercenários nórdicos, e que pretendia retomar esta ilha dos árabes.

A conquista da Sicília pelos normandos
A nova mudança viria, contudo, não pelos Vikings mas pelos normandos. Os normandos haviam sido Vikings, sim, mas já estavam há séculos radicados no norte da França e ali misturados, como lhes contei em detalhes na visita a Rouen, a atual capital da região francesa da Normandia.
Os normandos em 1066 expulsaram os Vikings da Inglaterra e tomaram aquele reino, mas não se contentariam com isso. Com cada vez mais dinheiro, experiência de batalha, e guerreiros querendo conquistar terras para virar nobres em algum lugar, buscavam-se as zonas na periferia da Europa onde se pudessem empreender conquistas.

É neste exato contexto que surgem as Cruzadas, com a primeira em 1096. Pode-se dizer que a conquista da Sicília foi um prenúncio antes de quererem ir mais longe, à Terra Santa.
Roger ou Rogério de Hauteville (1031-1101) foi quem liderou a conquista da Sicília pelos normandos a partir de 1061, estabelecendo seu domínio dez anos depois.
À altura de 1091, e constituído como Conde da Sicília, ele também anexou Malta. A 1130, seu filho Rogério II, não satisfeito, declararia-se Rei da Sicília e mais tarde também Rei da África. (Isso porque o nome “África” à época denotava uma região específica no norte do continente, que os sicilianos cobiçavam.)
O medieval Palácio dos Normandos com sua magnífica Capela Palatina se tornariam as atrações mais bem-quistas de Palermo hoje — embora longe de serem as únicas.
Estão começando a ver como a Sicília é muito mais que mera superficialidade sobre a máfia?


Segundas impressões: Mariella na medina
Eu tinha mesmo muito por ver, e digo a vocês que há dois grandes prazeres ao visitante aqui na Sicília: primeiro, o ocular, que se mistura ao gosto histórico-cultural de ter tanto legado diante de si. O segundo é o gustativo, pois na minha humilde opinião não se come melhor que aqui em nenhum lugar da Itália. Os sicilianos são nota 10.
Mas antes de qualquer desses prazeres, eu me depararia com a realidade crua de uma Itália — e Europa — subdesenvolvida, em muitos aspectos.
Desembarquei do meu trem do aeroporto na estação ferroviária Palermo Centrale para senti-la um pouco no miolo do calor do centro da cidade. Afora a sua arquitetura vetusta e linda, lembrou-me demais a dinâmica de centros de cidade no Brasil: inúmeros carros a buzinar, pedestres a cruzar as ruas por toda parte, e lixo acumulado no chão.
Ali no centro antigo, perto do milenar Mercado Ballarò (uma feira livre), eu adentraria por ruelas típicas do sul da Itália que até me lembraram as medinas árabes. Em partes, o aroma francamente me lembrou a Índia. Odores acres não-identificados nos ares daquele calor úmido. Sujeira só comparável a fim de feira, ou Feira de Santana depois da Micareta.
Mas era preciso prosseguir, e encontrar Mariella, minha anfitriã.



Você ali tem a opção de adentrar as ruelas antigas, onde carro não passa, ou seguir pelas barulhentas avenidas (quase impossíveis à hora do rush — lembro de tentar ouvir um áudio e foi inútil).
Eu optei pelo silêncio das vias labirínticas de Palermo antiga, embora tudo aqui esteja perto. Uns passos e você logo se vê na Via Maqueda, a principal artéria turística, que na sua maior parte é fechada a carros, e portanto um calçadão.
Os aromas úmidos na Palermo quente me dominaram. Era familiar, antes que desacostumado eu estivesse a associá-los à Itália, acostumado eu à Itália do norte mais que à do sul.



No andar de cima de uma dessas casas à esquerda, Mariella. Eu recomendo seu Ballarooms B&B Palermo Centro a qualquer um — pela localização, conforto, café da manhã caseiro, e pela simpática anfitriã. O ar condicionado cortava os cheiros calorosos da medina, e certamente se mostraria crítico no verão.
Mariella se revelaria uma mulher de seus 45 anos, branca, com um certo nariz pontudo italiano e um jeito atento-disperso. Conversava — e bastante no seu inglês algo rudimentar mas funcional — com aquela firmeza italiana às palavras, mas daí “voava”, e você via sua cabeça divagar n’algo outro. Volta e meia, dava uma escapadela para ir fumar numa janela e voltar com a cara de quem não sabia o que havia acontecido.
Descontraída, a cada tarde fazia um bolo diferente ou quitutes outros para o café da manhã do dia seguinte. E me apelidou de Google Translate, pois às vezes custava a encontrar a palavra certa para dizer em inglês com os outros hóspedes — em geral pessoas relativamente jovens do norte da Europa — e eu ajudava.
Às vezes, se atrapalhava belamente traduzindo coisas errado, como quando achou que nocciola (avelã) em inglês era noodle (macarrão), e falava gesticulando sobre como estava fazendo para a manhã seguinte um bolo com noodle cream, e os hóspedes polidamente com uma cara estupefata a entender como raios seria aquilo de um bolo com creme de macarrão.





Quem já tiver conhecido os “cornos de gazela”, aqueles doces do norte da África também de massa de amêndoas com açúcar, achará estes biscoitinhos familiares. Muito semelhantes ao que comi em Marrakech, no Marrocos, embora lá eles agreguem essência de flor de laranjeira.
É uma rica história de misturadas influências. Já a presença de muito prosciutto (presunto) e dos chouriços aqui por todo este sul da Itália, como em Portugal em Espanha, foi demonstração de catolicismo após a retomada destas terras dos árabes. Já que muçulmanos não comem porco, o bom cristão demonstrava a sua religião comendo. (Os ensinamentos de Jesus foram para a boca de trás do fogão.)

Quando eu terminei o meu café da manhã, pareceu que três pessoas haviam comido ali à mesa. O cafezinho pequeno, de hábito por aqui, mas fui pedindo mais. Pode-se pedir um longo, talvez. O que me conquistou mesmo foi o divino doce de laranja amarga que ali havia. Aliás, tudo.
A caponata, a quem não sabe, é siciliana típica, com seus legumes bem cozidos no azeite, a berinjela ali virando quase um creme que não é de macarrão.
Eu aqui aprenderia bastante coisa sobre a origem siciliana de coisas italianas que eu havia experimentado noutros lugares — aqui, quase sempre, invariavelmente mais gostosos.

Terceiras impressões: As atrações
Não reparem que as coisas aqui incluam tanto os prazeres da gula quanto as obras histórico-culturais. Palermo é assim.
Você notará também que houve dois grandes períodos de glória aqui: a época medieval dos Rogérios, com a influência bizantina misturada à árabe e à europeia com os normandos, e a época renascentista e barroca dos idos dos jesuítas e todas aquelas obras vinculadas à Igreja. Vale lembrar que, à época, a Sicília era um reino ligado à Coroa espanhola e por isso mais ligado ao mundo ibérico que ao norte italiano.
A primeira paragem que vi foi a Chiesa del Gesù, igreja jesuíta barroca iniciada já em 1590. O lugar é esplendoroso. Gratuito, mas vale a pena pagar os €5 que custam visitar o fundo e ver em detalhes cada capela.
O calor subia no miolo do dia, logo que cheguei. As pessoas entrando àquele interior algo abafado de igrejas mui fechadas em dias de verão, mas a beleza a me refrescar pelos olhos.




Vale lembrar que, na Itália, boa parte dos lugares — igrejas aí inclusas — fecham para a sesta. Normalmente cerram 12h ou 13h, e reabrem às 15 ou 16h. Tenha isso em conta, pois se aplica aqui também.
O esplendoroso barroco jesuíta me evocava aquele tempo de riqueza latina dos fins do século XVI e primeira metade do XVII, antes da ascensão francesa e holandesa, quando os ibéricos quase que regiam o mundo.


Eu dali retornaria à Via Maqueda para andá-la por completo, até o Teatro Massimo. Não é longe. Tampouco é miúdo — você precisa se preparar para andar 20 minutos para cá, 10 minutos para cá —, mas tudo aqui se faz a pé.
No caminho, você passa pela Praça Bellini e a encruzilhada chamada de Quattro Canti, o cruzamento mais famoso de Palermo, com quatro fontes barrocas que se olham.


Este centro de Palermo se revelaria como uma floresta de arte e história. Você vira para o lado e vê as palmeiras circundarem a vetusta Igreja de São Cataldo, em estilo árabo-normando do século XII, fazendo você pensar que está na Terra Santa.
Vira para outro e tem ali, diante de si, a Fonte Pretoria, esculpida em Florença e depois trazida pra cá em 1574 — quando o dono caiu em dívidas e vendeu a fonte de sua mansão.
Por detrás dela, o domo da igreja e convento de Santa Catarina de Alexandria, onde ainda hoje se fazem e vendem uns doces caseiros deliciosos. É proibido sair de Palermo sem experimentar.




Aquele domo ali atrás é o da Igreja e Convento de Santa Catarina, completada em 1596. (Como vos disse, foi uma época com dinheiro aqui na Sicília.)
Você não precisa pagar para acessar os jardins de limoeiros (legado árabe) nem a doceria, apenas se quiser visitar o interior artístico da igreja. (Não é essencial, já que ela é bem semelhante à Chiesa del Gesù que já lhes mostrei, mas vale a pena se você quiser “passar o rodo” nas atrações aqui de Palermo.)






O Palácio dos Normandos
Acho que já não despertarei polêmica quanto reiterar que julgo Palermo das cidades mais impressionantes da Itália — e isso porque ainda não vos mostrei o Palácio dos Normandos, a atração principal da cidade.
Ali, onde até hoje funciona a Assembleia Regional da Sicília, os condes e depois reis desta ilha faziam morada. Todo ele é tombado Patrimônio Mundial da Humanidade pela UNESCO, junto com outras obras árabo-normandas de Palermo e arredores. (Monreale, que integra esse patrimônio, virá no post seguinte.)
Por ser sede de governo, o Palácio dos Normandos tem controle de segurança na entrada e costuma exigir o passaporte de quem visita. Traga o seu.
Além disso, nem o Google consegue acompanhar os horários exatos de funcionamento, com muitos eventos excepcionais fechando o acesso ao público nas datas tal e tal. É fundamental portanto visitar o site oficial e esta parte específica dele onde atualizam com relativa presteza informando tais coisas. Esqueça desta vez o Google, pois ele não dá conta dos sicilianos.


Só, antes, umas notas finais sobre os aspectos práticos.
Não se dê ao trabalho de comprar ingresso online. É bem mais seguro chegar e buscar o quiosque na praça logo diante desta entrada, e ali comprar seu bilhete no próprio dia, sabendo que está mesmo aberto. Você verá as indicações.
O ingresso custa 19 euros. É caro, sim, mas já que você veio até aqui, vale a pena.
Você precisa de cerca de 2h para visitar tudo. Há os Apartamentos Reais no segundo andar (dois acima do térreo); os Jardins Reais, onde pinheiros, palmeiras e bananeiras se misturam na mediterrânea paisagem lá do alto; uma área de museu arqueológico, que mostra inclusive as muralhas púnicas do século VI a.C. e, depois estruturas como portões de pedra de IV a.C, hoje no subterrâneo; e há o principal do palácio, a Capela Palatina.
Agora vamos entrar.




Já existe um centro de poder aqui desde o século IX, com os árabes. Porém, foi nos idos de 1100 com os dois Rogérios que ele viria a ganhar estas proporções. A Capela Palatina data de 1132, mostrando ainda muito fortemente a influência bizantina aqui.


Eu vou fazer vocês acompanharem meu percurso, então o que aconteceu foi que — em razão de um casamento — a Capela Palatina só abriria mais tarde hoje, dali a coisa de uma hora. Havia pessoas já formando fila, mas achei aquilo exagerado. Fui primeiro ver os Jardins e Apartamentos Reais antes.
Os Apartamentos foram mudando ao longo do tempo, e com a Coroa Espanhola nos idos de 1500 ganharam um aspecto mais barroco.





Estes jardins são de uma paz agradável e um refresco que contrasta com o calor algo abafado do interior do palácio. (Se você vier no miolo do verão em julho ou agosto, desejo-lhe sorte.) Há árvores frondosas e também bananeiras, trazidas cá como exóticas, mas bem integradas neste pot-pourri paisagístico. Os cumes sicilianos ao longe completam as palmeiras para dar a sensação mediterrânica.
Tanto foi que eu bobeei ali e, quando retornei ao interior do palácio, a fila para adentrar a Capela Palatina que abriria às 11:30 já estava enorme — as pessoas acumulando-se em fila às escadas e dando voltas até o andar inferior.
Uma vez aberta a capela, entretanto, a fila andaria com relativa celeridade.
Seus ladrilhos, a pastilha e os mosaicos dourados fazem dela espetacular no seu teor bizantino. Lembra e muito Hagia Sophia em Istambul, ainda que a Capela Palatina seja bem menor. Impressionante, porém você não passa muito tempo dentro dela (uns 10 min), até porque o povaréu precisa ir seguindo adiante. Há uma lojinha à entrada-saída.




A Catedral de Palermo e seus reis
Ainda antes de almoçar neste dia, eu deixei as palmeiras ensolaradas do enredor do Palácio dos Normandos para retornar ao miolo do centro — às estreitas ruas renascentistas de Palermo.
Ali, a poucas quadras de distância, eu tinha diante de mim a Catedral de Palermo. É uma portentosa obra iniciada ainda no século XII, com pedras cor de areia avermelhada e floreios que às vezes fazem-na parecer uma gigante fortaleza enfeitada. Por fora, eu acho que não há obra mais chamativa que ela na capital siciliana.
Jardins decoram a sua frente, com múltiplas esculturas de santos em volta, fechando um amplo pátio onde impera o calor ao meio dia. Ao lado, e conectado à catedral por arcadas góticas por cima da rua, o palácio do arcebispo — hoje também Museu Diocesano — com sua torre do sino.
O complexo por inteiro é esplendoroso.
A catedral em si é aberta ao público e acessível gratuitamente, mas vale a pena pagar os 15 euros de bilhete para acessar tudo o mais. É um ingresso dividido em partes: €7 são ao Palácio do Arcebispo, e o restante para subir ao telhado da catedral (também muito legal, e provavelmente com a melhor vista alta que se tem de Palermo), além da tesouraria e a cripta, com vários sarcófagos reais ali.






A Catedral de Palermo é mais impressionante por fora que por dentro (no post seguinte, eu conto uma curiosidade sobre isso). Por dentro, ela é menos estonteante, mas ainda assim bela.
Eu vi um vai-e-vem de gentes pelo seu eixo principal, ao que turistas se esgueiravam pelos lados, onde (dentro) há uma bilheteria, sarcófagos reais de mármores, e as entradas para a tesouraria e a cripta da catedral.
São necessárias umas 2h para visitar tudo com tranquilidade, incluso aí o telhado e o Museu Diocesano no Palácio do Arcebispo do outro lado da rua, que eu recomendo.




Você percorre estes vastos interiores da Catedral de Palermo entre labirínticos corredores, e passa destes crípticos subterrâneos à tesouraria, com muito do medievo pós-normando aqui da Sicília.
O ocorrido foi que os normandos não governaram por muitas gerações. Ainda antes do ano 1200, um rei morreu sem deixar filhos legítimos, um filho bastardo subiu ao trono, e acabou destronado pela tia avó que era da família real e acontecia de estar casada com o poderoso sacro-imperador romano germânico Henrique VI, da Casa de Hohenstaufen.
Essa tia avó era Constância de Aragão, nascida em Lisboa a 1179, e que se tornaria tanto Rainha da Sicília quanto sacra-imperatriz romana germânica ao lado do marido. Seu filho, Frederico II (1194-1250), governaria como sacro-imperador aqui de Palermo, sendo um dos monarcas mais bem-quistos da História desta ilha.
Frederico II seria um rei longevo e competente, que Nietzsche futuramente viria a chamar de “o primeiro europeu”. Culto e de certa tendência cosmopolita, ele empregou muçulmanos e judeus, e por vezes se indispôs com o clero, a ponto de ser excomungado e chamado pelo papa de preambulus antichristi. Ficou conhecido pela maior parte dos seus contemporâneos, contudo, como stupor mundi, pelo maravilhamento que causava a todos. Está enterrado aqui na Catedral de Palermo.



Do alto da catedral, você tem aquelas que provavelmente são as melhores vistas de Palermo, com a brisa que soprava naquele dia quente.



Embora eu já estivesse com fome, não quis me furtar a visitar o Palácio do Arcebispo do outro lado da rua. Ele geralmente é a parada final do circuito — e fácil de esquecer, já que é preciso deixar a catedral e tomar a outra entrada, mas ele vale a pena.
Seu interior tem peças de época, pinturas medievais, assim como salões renascentistas e da época dos primeiros jesuítas.
Frederico II havia sido um rei excelente, porém seus filhos não sustentaram a peteca, e Sicília acabaria entrando num longo período de disputas constantes. Estes domínios acabariam, em 1409, entrando sob domínio dos aragoneses e, em tempo, da recém-formada Espanha a partir de 1479.
O esplendor siciliano reapareceria nesse novo período dos idos de 1500-1650, já mais integrada ao mundo latino europeu, suas colônias e riquezas.



Sentei-me ali depois, diante da catedral, para com aquela vista comer uns pedaços de pizza à là norma, com berinjelas. Se você encontrar pasta ou pizza à là norma por aí, lembre-se dos normandos, pois é algo típico aqui da Sicília — e que delícia.


A cosmopolita Panormos
Barriga cheia, eu me imiscuiria pelas ruas e ruelas Palermo adentro, vendo gente de todas as cores.
Se a Via Maqueda é limpinha e arrumada, para turista ver, estas ruas de trás mostraram-me a Palermo mais popular, hoje novamente reencontrando a turba de povos distintos que aqui se congregam.
No caminho, encontrei a figura esquálida de quem se revelou ser Carlos V (1500-1558), o rei espanhol e sacro-imperador que governava tudo isto — daqui às Filipinas à América espanhola —, de quando a Sicília voltou a prosperar, e que aqui ganhou a série de epítetos mais impressionante que já encontrei.

D.O.M.
Carolo V
Hassiaco Saxsonico
Germanico Hispanico Gallico
Africano Turcico
Mexicano Pervano Moluceno
Imperatori Ter Maximo
Nulli Virtute Felicitate Pietate Secvundo
Cuius Aetate Dinastyae Reges Heroes
Und Congesti Secvlo Pl…..s Debiti
Regnarunt
Vt Vnivs Gloriae Servirvnt
Regi Svo Invictissimo Benemerentissimo
Cvm Clavsit Grata Panormvs
Achou pouco ou quer mais?
Panormus, do grego Panormos (Pan-Ormos, ou “porto ao redor”), é o nome ancestral de Palermo. Isso porque era antes mais rodeada de mar do que é hoje.
Aliás, não repare muito não ter visto o mar até aqui — é que ele pouco participa do centro histórico de Palermo, ainda que seja uma cidade costeira. O porto hoje é relativamente moderno, com atracadouro de cruzeiros e algumas avenidas.
As pessoas geralmente vão lá é mais para comer macarrão com sardinhas (pasta com le sarde), uma das cosias típicas da Sicília, mas que você encontra noutros restaurantes Palermo afora também.



Lembro-me de como Mariella riu quando lhe perguntei se seria macarrão com sardenhas em vez de sardinhas (a palavra italiana sarde é a mesma).
“Nooo, not with women from Sardegna“, disse ela rindo a ponto de envergar o corpo, ela que dali a pouco estaria séria reiterando como gosta do cosmopolitismo de Palermo. “They are very good human beings“, dizia ela das trupes de indianos e outros que hoje habitam o comércio da cidade.
Eu gosto dessa versatilidade emocional das pessoas sinceras, apesar dos arroubos ocasionais.



Se você quiser passar o rodo, pode ainda tentar visitar o Palazzo Conte Federico, por uma mansão de época. Os horários são algo meio novelesco, acredito que com tours apenas às 11h, mas parece bonito e você pode conferir no site oficial ali posto.
Já era bem mais do que isso, e quando caísse a tarde eu estaria de novo na Via Maqueda a ver o movimento de pessoas multi-cores passarem. Palermo é cidade atual, encruzilhada de gentes que não são dali, para além dos sicilianos — com sua famosa tenacidade — a se orientar naquilo tudo, nos tempos atuais.
Caminhando a ver onde sentar, notei que os restaurantes de Palermo já não acreditam na música italiana tradicional. Hoje, tocam aos turistas hip hop. Às vezes, sai algum rhythm and blues (R&B) de batida norte-americana. Em Taormina, noutra parte da Sicília, eu cheguei a ver cantor de rua passando, mas não aqui em Palermo.
Detive-me hoje no Ke Palle, onde se come talvez dos melhores arancinos (ou arancini) da cidade. Um arancino lembra uma coxinha, com aquele exterior de massa frita, mas seu recheio é de arroz com algo outro. Aqui, há inúmeros sabores. É o tipo de coisa que se acha Itália afora, mas eu tenho começado a achar que quase tudo italiano é mais gostoso na Sicília.

Às 20h, numa mesa da Via Maqueda, artéria turística principal de Palermo, tem partes que mais lembram outros continentes.
Grupelhos de indianos ou sul-asiáticos dos países vizinhos a conversar entre si. Meninos a voltar da escola com suas mochilas. Adolescentes muçulmanas de roupas (e véus) ultra-coloridos a circular. Garotos a brincar na rua de asfalto em meio aos patinetes elétricos como eu próprio fazia noutro lugar bem mais pacato, num outro menos movimentado asfalto.
Os pares de homens africanos jovens iam e vinham — não há africanos coroas nem velhos aqui, ainda. Fico a me perguntar o que será deles. Muito raras são as mulheres.
Já as mulheres muçulmanas jovens circulavam com seus carrinhos de bebê, num costume cultural curioso, esse de ir aos espaços públicos “na hora da novela”. Algo que pouco vi no Brasil, e me dou conta do que a novela fez com os hábitos das pessoas: prendeu todo mundo (as mulheres) em casa das 6 até ser tarde demais para sair. Foram-se as praças, livres para virar ponto de ônibus.
Uns meninos italianos de seus 10 a 12 anos — todos com o mesmo corte de cabelo idêntico, raspado curto dos lados e alto em cima — puseram-se a brigar, outros a separar a briga. Azáfama corriqueira nesta cidade; as pessoas de outras origens pareciam não se meter. Ali como que castas justapostas porém não integradas, conversavam quase que só entre os seus.
Eu via a vida em Palermo passar.


Madonna, che spettacolo!… Que maravilha!… A Itália e o Mediterrâneo. Mistura magnífica que enche os olhos e inunda o coração de alegria. Pura beleza.
Meu amigo, estou aqui de queixo caído de ver tanta beleza.
A Itália é sabidamente bela, mas essa mistura de Arte, História e Cultura com o Mediterrâneo no meio, com toda a sua diversidade, assume sempre requintes de beleza.
Ao meu ver é o que ocorre em Palermo, tão bem retratado aqui nessa vossa postagem. Imagino ao vivo e a cores haha.
Beliíssimo o tom queimado das construções, contrastando com o verde das lindas palmeiras, os estilos arquitetônicos arrojados, o espetáculo dos interiores artisticamente trabalhados, o seu legado histórico …
Junte a esse cenário o encanto do Céu azulado, das águas claras, dos toques característicos desse Mediterrâneo miscigenado e multi-cultural, e teremos esse conjunto belíssimo.
Lindísima a cidade, belo porto, aprazíveis áreas verdes, grandiosos templos, pátios, monumentos, prédios históricos, museus, palácios, com arte e interiores deslumbrantes, ladrilhos de tirar o fôlego de tão belos. Um tesouro
Agradáveis as avenidas com seu povo alegre, vivaz, um pouco barulhento, seus cafés, sorveterias, suas guloseimas, suas pizzas ( essa ai deu água na boca).
Saudades da Itália e dessas regiões onde o coração acelera de alegria em ver, ou rever.
Muito bonita a postagem, meu amigo de la nostra Itália.
Ficou um gostinho de ‘quero mais”hahah
Interessante a História da cidade e seus vários donos, de vários países diferentes.
Importante e singular esse cosmopolitismo que pelo visto, faz do sul da Itália tão especial.
Espero poder conhecer essa bela cidade um dia desses e provar suas delícias .
Com certeza a Sicilia é muito mais que poderes ilegais de mafiosos .
É uma joia preciosa que merece ser vista e que precisa ser preservada.
Quanto ao banzé das ruas, ruelas, mercados , vendedores, ambulantes, produtos vários, não foge muito desse Mediterrâneo próximo da África, com seus vários povos a conviver e com seus problemas sociais e econômicos.
As migrações dos últimos anos certamente colaboraram para acirrar esses problemas.
Mas isso não tira o charme dessa bela e histórica região tão sui generis e rica de cultura e arte, inclusive, pelo visto, culinária também.
Parabéns, meu jovem amigo viajante. Adorei conhecer Palermo por aqui.
Ainda bem que pelo visto o café da manha ai é bom.
Se tem algo que me incomoda na Itália e em algumas outras regiões da Europa é esse hábito de café da manhã pequeno, doce, com ar de merenda da tarde. Acho horrível.
Aqui no NE do Brasil temos sempre um café da manhã com sustança, como diz o povo da roça. Com ovo, cuscuz, farofa, tapioca, verdura de café(inhame, banana da terra, batata doce, aimpim) e nessa época de São João, muito milho e laranja.
Esse hábito de merendar de manha não alimenta e não dá a disposição necessária para as lidas diárias.
Não me acostumo. Sou mais os hábitos asiáticos de comer bem pela manhã, com muito arroz e ovo hahah Aí simmmmm.
É isso ai. Cada povo com seus hábitos e culturas.
Valeu. Gostei.
Vim rever Palermo e me peguei querendo comentar mais haha… Corro o risco de me repetir mas não posso deixar de comentar haha.
Percebi partes parecidas com algumas ruas de Lisboa antiga.
A Via Maqueda é uma graça… Tem a cara da Europa ocidental de tarde, com seu rebuliço gostoso dos cafés e vai e vem do povo. Seus balcões são belíssimos.
Esse interior da Chiesa del Gesù é magnifico, esplendoroso. Que riqueza de detalhes, bem trabalhados… A decoração das paredes, das colunas, das arcadas , é
maravilhosa. O belíssimo teto com suas pinturas magnificas, é um primor. Caprichosamente pintado. Um espetáculo. Assim também a Chiesa de Santa Catarina, sua contemporânea.
O teatro é soberbo, pujante, a Igreja árabe-normanda, uma graça! Cada um com seu estilo. Sua arte e beleza saltam ao olhos.
Linda a Praça da Vitoria. Esse mundo verde é fantástico!… Ao mesmo tempo combina e contrasta com o queimado do Palácio e o azul do céu.
Os belos pátios se parecem com aqueles dos Riads do Marrocco.
Belissimos os arcos romanos e ogivais.
Linda a fontanna.
Os mosaicos e ladrilhos são magníficos,
As charmosas salas são belamente decoradas.
Chama a atenção a conservação desses patrimônios.
Os jardins reais enchem os olhos!…
A Capela Palatina é lindissima. A pintura parece com as iluminuras encontradas em Hagia Sofia em Istambul.
Impressionante, A cada imagem aparece algo mais belo.
É uma joia rara atrás da outra. Parece não ter fim.
A Catedral e seu complexo são simplesmente espetaculares. Impressionantes.
Gosto pouco de sarcófagos mas o mármore é belíssimo. Parece do mesmo tom do de Napoleão em Los Invalides em Paris.
Lindo o museu do Arcebispo .
Em torno desse lindo complexo arquitetônico, as palmeiras elegantes são um encanto à parte.
Enfim, o porto, com suas águas azuis onde o céu se mistura com o mar, e a paisagem como que sai da terra e adentra o infinito. Eis o belo e histórico Mediterrâneo.
Um sonho de visita.
Adorei.