Todos sabem que a Espanha é plena de lugares interessantes, que o Japão tem grande riqueza cultural a se conhecer, ou que a Grécia tem ilhas incríveis.
Os campeões mundiais em receber visitantes o são por méritos. Entretanto, há vários países que já visitei e que fizeram eu me perguntar “Como é que este país não é mais famoso como destino turístico??“
É o que provavelmente diriam de Turquia e Tailândia 20 anos atrás, antes de eles também terem caído nas graças do mundo. Mais recentemente, Irã e Uzbequistão também começaram a ser finalmente reconhecidos.
E quais ainda são subestimados, a meu ver? É o que pretendo apresentar neste post — sem ordem de preferência. 10 países que, a meu ver, continuam a ser subestimados e pouco conhecidos mesmo sendo destinos incríveis para se visitar, muito acima do que eu esperei antes de ir.
Todos são lugares que eu já visitei pessoalmente e de que falo por experiência, como de costume. Vamos a eles.

1. Albânia
Este é um país da Europa (fora da União Europeia) de que muitos já ouviram falar mas nem fazem muita ideia de onde ele exatamente fica.
A Albânia é dos pouquíssimos países europeus islâmicos (sim, eles existem). Só que é um islamismo ultra-light, comparável a dizer que a Argentina é um país cristão.
O que salta à vista é a autenticidade das suas cidades históricas (como Berat, Gjirokaster, e a própria capital Tirana). O país tem um misto de influências balcânicas, turca e italiana, com uma gente bastante calorosa e multilíngue. De quebra, é um país barato — mais barato que o Brasil.
Os europeus não o visitam por preconceito que associa os albaneses necessariamente ao crime organizado (estereótipo perpetuado em filmes como Busca Implacável), mas eu lhes digo que esse é um exagero grosseiro. A gente albanesa é hospitaleira, geralmente sociável, e faz da Albânia uma ótima oportunidade de conhecer uma Europa tradicional bastante autêntica, ainda muito pouco tocada pelo turismo de massa.
Você vê minhas postagens pela Albânia aqui.

2. Armênia
Um monumento impressionante (por dentro como por fora), mas poucos o reconhecerão.
A Armênia é aquele país famoso de nome e, por razões que desconheço, pouquíssimo visitado por turistas estrangeiros — ainda que milhões mundo afora saibam dele e tenham simpatia pelo seu povo. No próprio Brasil, poucos são os brasileiros escolarizados que nunca ouviram falar dele.
Eu achei que encontraria aqui um país campestre, e na prática encontrei uma capital (Erevan) com um centro estiloso, todo planejado e com uma arquitetura arrojada; encontrei igrejas cristãs antiquíssimas na rocha (que estariam recebendo anualmente milhões de visitantes se fossem na Itália); e um país que, muito embora simples e não-rico, deixa memórias inesquecíveis.
Você encontra minhas postagens na Armênia aqui.

3. Bósnia e Herzegovina
Bósnia e Herzegovina são um país só — e um que continua a receber apenas um minguado número de visitantes anualmente.
Quem ainda não veio tem uma ótima pedida de país novo a conhecer.
A Bósnia é um país europeu pobre, mas pleno de riqueza cultural e lugares de interesse histórico bem preservados. Como ela por muitos séculos foi território dos turcos otomanos na Europa, a sua capital Sarajevo conserva um astral meio século XVIII daquele povo — com bazares, casario tradicional em madeira, e algumas belas mesquitas no seu centro histórico entre colinas.
Em outras palavras, Sarajevo não é só sua história moderna trágica da Guerra dos Bálcãs dos anos 1990 — embora haja também bastante sobre isso aqui se você quiser ver in loco.
A Bósnia não é nem sequer apenas Sarajevo: cidadezinhas interioranas como Mostar e outras são cheias de charme a quem procura um destino europeu ainda pouco explorado.
As minhas postagens pela Bósnia você encontra aqui.

4. Equador
Enganou-se quem achou que eu trataria apenas da Europa; nossa América Latina está plena de lugares subestimados também. Um deles, a meu ver — talvez o mais subestimado dos países sul-americanos no quesito turístico — é o Equador.
Eu acho curioso, pois as pessoas vão ao Peru, vão à Bolívia ver os desertos e lindezas por lá, vão cada vez mais à Colômbia (para nem falar em Chile e Argentina, há muito destinos prediletos de brasileiros), mas o Equador meio que passa despercebido nesta história toda.
Quito, a capital equatoriana, tem o primeiro centro histórico das Américas a ser tombado pela UNESCO como Patrimônio Mundial da Humanidade. É, na minha humilde opinião, a capital sul-americana mais belamente histórica que há.
Ademais, há bastante o que ver aqui, desde os vulcões, montanhas, matas, cidades coloniais históricas, e as incríveis Ilhas Galápagos, que muita gente não sabe mas pertencem a esse país.
Eu cheguei a morar por um breve período de tempo no Equador. Você encontra as minhas postagens lá aqui.

5. Guatemala
Mais um país latino-americano que, quando me perguntam, eu grito para que as pessoas visitem.
A Guatemala é, a meu ver, o país mais incrível que há para se visitar na América Central — por todo o seu misto de riqueza natural e cultural. Aqui se encontram ruínas mayas maiores e mais impressionantes que muitas das que estão no México (a cidade maya de Tikal, por exemplo); há a incrivelmente linda e aconchegante cidade história de Antigua Guatemala; e panoramas magníficos entre lagos e vulcões, como em Atitlán.
Gente amável e bem mais segurança que na maioria dos seus vizinhos de região.
Eu passei mais de uma semana só na Guatemala e ainda ficou coisa por ver. Vocês conferem as postagens aqui.

6. Geórgia
Esqueça por ora os problemas que você possa ter ouvido sobre o Cáucaso. Esqueça as guerras que este país já sofreu, e esqueça Vladimir Putin.
Embora a Geórgia se encontre num certo caldeirão étnico e de tensões geopolíticas, o país é um destino turístico incrível — que europeus, árabes e turcos já descobriram, mas os brasileiros de modo geral ainda não.
É um país na encruzilhada entre a Europa e o Oriente Médio, com toques dos vizinhos Rússia e Turquia aqui e ali, mas com um povo georgiano orgulhoso de sua identidade étnico-cultural e linguística distinta.
A gastronomia georgiana é muuuuito melhor do que quem não conhece imagina. Eles aqui cozinham bem — e lhe servem em grande quantidade, então prepare-se para possivelmente ganhar uns quilos.
As montanhas enormes do Cáucaso estão logo aqui, o que torna a Geórgia um destino cênico para as caminhadas, viagens paisagísticas, assim como pelo vinho que eles cultivam na altitude.
Tbilisi, a sua capital, é das cidades mais interessantes que há na Europa. Sim. Das mais charmosas cidades que você provavelmente ainda não visitou.
Mais sobre a Geórgia aqui.

7. Hungria
Eu nunca fiz segredo de que considero Budapeste uma das minhas capitais preferidas na Europa. Conheço muitos latino-americanos que já vieram e se encantaram, brasileiros aí inclusos, mas ainda julgo a capital húngara muito subestimada para o que ela oferece. Aliás, o país inteiro: afinal, você sabe das outras cidades do país?
Hoje, a fama húngara acaba sendo menos por Puskas (seu notório jogador de futebol dos anos 50) ou Liszt (o compositor clássico húngaro que dá nome ao aeroporto de Budapeste), e mais pela política “iliberal” do seu governo, mas mas não deixe de visitar o país por isso.
Budapeste é incrível, e afora ela a Hungria tem uma plêiade de cidadezinhas históricas bonitas, como Szentendre, Visegrad, Tihany à margem do Lago Bálaton, além de outras como Sopron e Szombathely.
Vale a pena começarmos a visitar mais o antigo Leste Europeu, e a Hungria é prova de que há muita coisa interessante ainda por ganhar fama.

8. Mongólia
Sim, eu já não cortava o cabelo há um tempo. Nas estepes a gente deixa para lá essas coisas.
Eis a Mongólia, um país de que quase o mundo inteiro ouviu falar pelos feitos históricos de Gêngis Khan na Idade Média, mas ainda pouquíssimo visitado. A China já havia caído nas graças de muitos visitantes ocidentais antes da pandemia, assim como Coreia do Sul e outros. A Mongólia, entretanto, segue aguardando.
Para você que imagina um lugar completamente ermo e “sem nada”, é um pouco disso mesmo, só que não exatamente. Eles aqui falam bem melhor o inglês que os seus vizinhos russos ou chineses, e a capital Ulaanbaatar tem bem mais do que você talvez imagine.
O que encanta mesmo, porém, é o interior do país com a sua peculiar cultura tradicional centrada nos rebanhos e animais nas estepes — o Deserto de Gobi e tantos recantos que aqui há.
Você vê a inteireza das minhas viagens na Mongólia aqui, incluso um post sobre como organizar uma viagem para lá.

9. Myanmar
A área em torno do Pagode Shwedagon é uma verdadeira floresta dourada onde se anda descalços. Ele é dos monumentos mais bonitos que eu já vi.
Esse país de maioria budista possui bem mais a oferecer do que a mídia conta. Sua história não são só conflitos e violações, embora eles existam. Tive a oportunidade de visitá-lo antes do golpe militar de 2021 — a capital Yangon, a metrópole de Mandalay, e a histórica cidade de Bagan com os seus templos antigos e balões — e a ele ainda pretendo retornar um dia.
Para tudo o que Myanmar oferece enquanto destino turístico, ele é subestimadíssimo.
Eu entendo que algumas pessoas tenham reservas. O país, afinal, fechou na esteira do golpe e com a pandemia, mas a minha crença é a de que ele logo tornará a abrir as portas (a Tailândia sofreu também tal golpe em 2014 e os visitantes hoje mal se dão conta disso). Quanto a boicotar o país por isso, minha visão é a de que se ajuda mais as suas necessitadas — e muito amáveis — pessoas (financeiramente, proporcionando contato com estrangeiros, etc.) visitando-o que largando os birmaneses à própria sorte.
A foto de capa deste post é lá, em Bagan. As minhas postagens por Myanmar e mais sobre o país você lê aqui.

10. Vanuatu
O olhar talvez mostre como estes dois que eu conheci eram almas boas. Um despretensioso casal de pintores em Port Vila, a capital de Vanuatu.
Esse o meu tio que é motorista de ônibus me confessou que não sabia se era uma cidade, um país, ou sabe-se-lá-o-quê.
Coloquei-o aqui para não dar a impressão de que só no Ocidente ou na Ásia moram os países subestimados. A África certamente tem muitos que eu ainda não tive a honra de conhecer, então incluo este aqui, da Oceania.
Vanuatu, que fica para lá da Austrália no Oceano Pacífico, é um humilde destino onde você encontra de tudo: tribos que antigamente eram canibais, vulcões ainda em erupção, praias belíssimas e praticamente desertas só para você (como Champagne Beach), e a História louquésima deste país que foi, ao mesmo tempo, colônia da França e da Inglaterra. Simultaneamente. E até 1980.
Vale muito a experiência, para quem está procurando algo ainda mais fora das rotas habituais que os anteriores. Você lê minhas postagens em Vanuatu aqui.
E você? Que país crê ser subestimado e me recomenda?
Muito interessante a postagem, e com ela a observação, ao meu ver, verdadeira e própria.
Concordo com o jovem viajante que, dentre outros, esses são paises muito pouco conhecidos e , talvez por isso , assim como por falta de publicidade/visibilidade, tambem pouco desejados.
Trata-se de países, muito bonitos, curiosos, ricos em Cultura, História e Arte, como se pode ver ao longo das postagens.
Que essa chamada desperte os viajantes para a busca desses e de outros destinos pouco vistos, assim como para a apreciação das suas belezas.
Valeu viajante. Gostaria de conhecer a muitos desses. Gostei de todos.
Não saberia falar de muitos países pouco conhecidos. Talvez a região da Kappadocia, Éfeso, de paises da antiga União Soviética como os “Tão” e países da África, como Moçambique, Senegal, Angola e outros