Você aí que acha que já viu de tudo ou quase tudo na Itália. Se ainda não viu Matera, nem se atreva a tentar fechar a conta.
Matera [Ma-TÉ-ra] é dos lugares mais belos e impressionantes que eu já visitei na Itália. Sem dúvida o mais subestimado, só recentemente sendo mais reconhecido e visitado (sobretudo após figurar na cena de ação inicial do filme mais recente de James Bond em 2021).

Ela fica no extremo sul da Itália, na Região da Basilicata, que de outro modo pouquíssimos turistas visitam.
Matera disputa com Plovdiv, na Bulgária, para saber quem é a cidade mais antiga da Europa. Depende muito do que é considerado “cidade”. Na prática, estamos falando de um lugar habitado há mais de 10.000 anos, desde pelo menos o neolítico.
O resultado é um lugar incrível, numa geografia escarpada de elevações. O casario creme a perder de vista que você viu na foto de abertura e igrejas dramáticas com torres nas colinas, as vistas cada uma melhor que a outra.
Matera é sobretudo famosa pelos seus Sassi (“pedras” em italiano), as moradas quase paleolíticas onde as pessoas aqui viviam até os idos de 1950. Hoje, são lugares que você visita preferivelmente com um tour guiado e aprende muito sobre história local assim como sobre relações humanas.
Mas Matera não é “apenas” os Sassi. Eu achei que fosse; ledo engano. Matera possui toda uma área barroca com excelentes calçadas, músicas de rua, esculturas gigantes de Salvador Dalí nas praças, e um movimento turístico intenso. Ah, que descoberta! Matera faz já valer o voo até a Itália.



Chegando a Matera & as impressões iniciais
Como chegar aqui
Matera não possui aeroporto, e a sua interligação à rede ferroviária italiana não é das melhores. Talvez também por isso esteja fora do radar de tantos turistas.
O mais fácil é vir a partir de Bari, usando a Ferrovia Appulo Lucane. Trata-se de uma companhia pública distinta da Trenitalia, responsável exclusivamente por este trecho entre as regiões da Puglia e da Basilicata (historicamente também chamada de Lucânia).
O site oficial deles é este caso queira se familiarizar ou ver horários, mas não é necessário reservar nada antecipadamente — basta comprar na hora, chegando um pouquinho antes à pequena estação da Ferrovia Apullo Lucane em Bari. Ela também se chama Bari Centrale, mas não é a Bari Centrale principal. É um prédio inconspícuo na mesma praça que possui pelo menos umas três “Bari Centrales” diferentes, cada uma de um lado, para testar a sua atenção.
O bilhete custa meros € 5,20, e a viagem dura cerca de 1h40-1h50, direto Bari-Matera. Você pode também comprar logo o retorno se for um bate-e-volta, como eu fiz.



O trem é arrumadinho, mas vai lento como uma mula, e para num sem-número de estações. Você acaba levando quase 2h para percorrer o que não são mais que 70Km de distância entre Matera e Bari.
No lado de dentro, um potente ar condicionado nos dava um clima diferenciado daquele que se via no exterior: uma notável semiaridez de oliveiras e cactos, cercados por gramíneas amareladas. Parecia que eu estava na Palestina ou, não fosse pela presença das oliveiras, no sertão baiano.

Você também verá lixo, revelando certo desgoverno ambiental aqui. A Basilicata é das regiões mais pobres da Itália, onde mais de 20% das famílias vivem abaixo da linha da pobreza.
Daí minha surpresa ao ver em Matera Centrale uma pequena estação toda contemporânea, século XXI, com banheiros arrumados e gratuitos, e portões automáticos para ler os tickets. Guarde o seu durante a viagem, pois será preciso escaneá-lo num portão automático para sair da estação.
Dali, 5 minutos de caminhada e você estará no centro.

As voltas iniciais por Matera: A Basilicata e suas coisas
Quais as coisas típicas aqui de Matera, da região da Basilicata? Eu cheguei já quase no fim da manhã, portanto quase na hora da fome, e não demoraria demais até provar algumas coisas características.
Não ache que está visitando algum quieto vilarejo remoto. Se bobear, acabou sendo a cidade mais movimentada de turistas dentre todas as que visitei nesta viagem.
Eu me entreguei ao centro barroco de Matera, após breve caminhada por ruas modernas deste a estação, e logo percebi que havia me equivocado acerca daqui. Pensava que seria um lugar retirado, pacato e interiorano, mas Matera mais parecia uma metrópole italiana de médio porte com seus calçadões, gente vestida a rigor, igrejas de lindas fachadas, e sorveterias.




Não se surpreenda de ver o prédio modernista do Banco di Napoli ali. Toda esta região do sul italiano pertenceu por séculos ao Reino de Nápoles, que por sua vez — junto com o Reino da Sicília — pertencia à coroa da Espanha.
Sim, os espanhóis eram soberanos sobre boas partes da atual Itália ao mesmo tempo em que davam as cartas na América Latina, daí as semelhanças. Não é só por falarmos todos línguas latinas, é também pelos séculos de história compartilhada.
Inclusive, uma enorme semelhança com a América Latina é a histórica desigualdade, com senhores de terras acumulando as riquezas e poder enquanto a gente permanecia (e, em certa medida, permanece) pobre e dependente de favores. Como no Brasil, latifúndio e exclusão deram origem também à brigandagem (brigantaggio) — bandos armados de salteadores à là Lampião.
Tais eram aqueles tempos, quando dos idos de 1400 até a Unificação Italiana em 1860, este sul mediterrâneo era espiritualmente ligado a Roma e politicamente a Madri. Nem tudo eram espinhos, contudo, e as obras de beleza barroca permanecem aqui em Matera como testemunho daquele tempo.


Essa igreja tem ainda um aspecto bastante medieval por dentro, com paredes de pedra nua com mistos de arcos romanos e ogivais que a aproximam do gótico.
À entrada, as pessoas faziam o sinal da cruz e ignoravam solenemente o africano que pedia esmola.

Voltei a sair à cidade, onde obras de todos os séculos me aguardavam.



São muitos os monumentos de época Matera afora. Essa fonte acima homenageia o rei da época, o espanhol Bourbon (sim, parente dos Bourbon franceses) Fernando II (1810-1859), que havia se tornado Rei das Duas Sicílias. Após a derrota de Napoleão e o retorno das monarquias europeias, resolveram fundir o que havia sido por séculos o Reino de Nápoles e o Reino da Sicília numa coroa só.
Fernando II acontecia também de ser cunhado do brasileiro Dom Pedro II, pois era irmão de sua esposa Teresa Cristina, originária aqui deste sul da Itália, que nasceu em 1842 como Princesa Real das Duas Sicílias e morreu em 1889 apelidada de Mãe dos Brasileiros.
Mas chega por hora de História, pois me bateu a fome.
Está recomendadíssima no centro de Matera uma lanchonete chamada Il Rusticone, que abre às 12:00 exclusivamente para hora de almoço. É um lugar típico que faz uma puccia [pútchia] como poucas. Não sabe ainda o que é uma puccia?

Uma puccia (pucce no plural) é um pão tipicíssimo aqui deste sul da Itália, basicamente um sanduíche com schiacciatina, que é um pão macio, fino e de casca crocante como uma crosta.
(Se quiser vir experimentar na Il Rusticone, venha cedo, pois há poucas mesas e lota rápido depois das 12:30. Os italianos costumam almoçar tarde, então seja dos primeiros para evitar a competição.)


Permitam-me dizer que minha schiacciatina com queijo e alcachofra estava um gozo. (Se você vê pastel de alcachofra e essas coisas em São Paulo, é a influência italiana.) Deu-me vontade até de almoçar de novo.
Segui pela cidade mais um pouco, antes de tomar providência do tour que queria fazer pelos sassi mais à tarde. (Falo e mostro dele daqui a pouco.)
Eu encontrei curiosas esculturas gigantes pelas ruas de Matera que incluíam um elefante de longas pernas com uma pirâmide nas costas e uma mulher sobre um piano de bronze com os braços erguidos para o céu. O responsável por essas obras é Salvador Dalí (1904-1989), o famoso artista espanhol surrealista — e não sou eu que vou me meter a tentar interpretar obras de Dalí.
Até onde entendi, trata-se de uma exibição ao ar livre trazida para cá em razão de Matera ter sido escolhida Capital Europeia da Cultura em 2019. Não sei quanto tempo permanecerá.


Ouvi alguém no acordeão tocar Bella Ciao nas ruas, e fui tomar um sorvete após o almoço.
A gente passava lá e cá. As ruas de Matera eram para mim de uma ímpar simpatia recém-descoberta.





Visitando os Sassi de Matera
O que são os Sassi
Os Sassi são antiquíssimas moradas nas cavernas, nesta rocha calcária fácil de cavar que caracteriza esta região da Itália.
Eles não são o casario mais novo de alvenaria, nem tampouco as grutas monásticas que você avista lá longe do outro lado do vale, fora da cidade.
Os Sassi são moradas quase subterrâneas nestes sobes e desces. Tinham portas e paredes na frente, mas os interiores eram rocha adentro.
As pessoas então moravam em cavernas?
Meio que sim, apesar da fachada externa. Terminada a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), é quando em voga no mundo ocidental a noção de progresso material universalizado. Alívio da pobreza, modernização de todos, etc. Tomam corpo as preocupações globais sobre a fome, e se populariza também a noção de “desenvolvimento”.
Em 1948, um parlamentar italiano chama então a atenção para a situação de milhares de famílias em Matera que viviam ainda como na Idade da Pedra, em cavernas — sem água limpa, eletricidade nem saneamento básico, o que ele chamou de uma “desgraça nacional”, uma vergonha.
Os holofotes se voltaram para como aquelas pessoas viviam — em plena Europa Ocidental. As imagens do fotógrafo humanista francês Henri Cartier Bresson em 1951 são o principal registro que há daquilo.

Em cada morada, geralmente viviam famílias de mais de 10 pessoas e um burro, necessário para transportar as coisas e também ajudar a aquecer o ambiente para as crianças. A mortalidade infantil era gritante.
Como não havia eletricidade, o ambiente interno era deveras escuro. A norma era que os cômodos fossem uma sequência descendente, cada qual cerca de 15º abaixo do anterior, para que o sol — quando presente — raiasse até o fundo. Havia velas, e lá no último dormiam as crianças e o burro.




Em 1952, o governo da Itália determinou que aquelas pessoas seriam todas (forçosamente) retiradas dali e transferidas para prédios modernos de apartamentos. Não deu certo.
Não demorou às pessoas começarem a deixar os apartamentos novos e retornar às cavernas, onde estavam habituados a viver.
O governo mandou então tapar as entradas das moradas para que as pessoas parassem de voltar, o que gerou um conflito social considerável. À época, não se refletia muito ainda sobre a modernidade; o progresso material era visto como bem maior, um imperativo que tinha precedência sobre outras dimensões da vida.
Hoje, já se percebe que o governo cometeu erros graves. Primeiro em não consultar a população afetada. Segundo, a sociologia já demonstra — e qualquer pessoa que vive em apartamento sabe — que comunidades verticais são menos indutoras de interação social que as horizontais. Aquelas pessoas estavam habituadas a uma vida comunitária vibrante. O governo fez espaços de socialização pequenos, para vinte e poucas pessoas, sendo que a gente estava acostumada às centenas.

Hoje, não há mais ninguém vivendo em cavernas em Matera. Dizem que até os idos 1980 ainda havia, mas os Sassi logo terminariam de cair no abandono — as pessoas, ao vento. Mais recentemente, passaram a ser adquiridos por investidores para fazer hoteis em alguns casos. Outros, seguem preservados para a visitação turística.
Vejamos o que há aqui no século XXI.
Meu tour pelos Sassi di Matera
Como qualquer pessoa que já veio aqui lhe dirá, italiano ou não, os Sassi de Matera são melhor visitados num tour guiado. Você pode circular aqui ou ali, mas para apreender as coisas e saber aonde ir, um guia local se revela extremamente útil.
Nada tema se vier por conta. Você verá Informazioni turistiche e Visite guidate por toda parte. Há sempre tours saindo, em geral, duas vezes ao dia: no fim da manhã, saindo por volta de 10-12h, e à tardinha, começando em torno de 15:00-16:30. A hora exata depende da agência.
Eu fiquei com a impressão de que há vários grupos saindo e pelo menos uma dúzia de revendedores na cidade, pelo preço padrão de €15 euros para o tour em italiano com cerca de 20 pessoas, e a partir de €30 para tours em inglês ou outro idioma (geralmente, francês ou espanhol).
Com a pandemia, eu praticamente não encontrei tours regulares que não fossem em italiano. Falaram-me num em francês com tal grupo a tal hora, ou me ofereceram fazer um tour VIP, individual, por €100. Não, obrigado. Dizem que os tours para estrangeiros devem breve retornar, mas eu acabei fazendo em italiano mesmo.
Em geral, os tours duram cerca de 2h, mas não leve isso ao pé da letra. O meu duraria 2h30.

Pasquale tinha seus 55 anos, calvo, e parecia um personagem saído da Escolinha do Professor Raimundo. Fumante inveterado, eu contei pelo menos cinco cigarros durante o tour.
Ainda que meu italiano não seja essa Tramontina toda, dava para entender a maior parte do que ele dizia. Os outros visitantes eram praticamente todos italianos.


Se a parte barroca lá em cima lembra várias outras cidades com aqueles ambientes urbanos pós-renascentistas de 1500-1800 na Itália, descer por estes meandros altos e baixos de Matera faz parecer que você viajou para o tempo de Jesus.
Não é à toa que filmaram aqui A Paixão de Cristo (2003) e a versão mais nova de Ben-Hur (2016).
Fomos descendo e aprendendo com Pasquale ao que ele fumava e nos contava da história de Matera, antes de finalmente adentrarmos alguns Sassi.



“Eu lhes garanto que, na realidade, o carro não estava a mais que 20 Km/h“, disse Pasquale naquele ar italiano, comentando que 007 em alta velocidade por Matera havia sido efeito especial.



Hoje, como eu lhes disse, alguns Sassi em bom estado de conservação se tornaram atração turística. Num deles, você paga uns poucos euros para poder entrar e visitar. Vale a pena.



Nesta caverna especificamente, disseram-nos que vivia ainda uma família com 11 pessoas à altura de 1980.
Embora se lamentem, claramente, as condições insalubres em que aquelas pessoas viviam e de que as taxas de doenças e mortalidade eram testemunha, hoje se valoriza contudo a solidariedade e o espírito comunal que ali devia haver.
Sobretudo numa Europa e num Ocidente — num mundo — cada vez mais individualista, em que as pessoas caem em maior número em depressão em parte por falta de vida social significativa, esse espírito comunitário virou até uma nostalgia.
“Imagine que havia Natal, Páscoa, Ferragosto, Carnaval, Pascoela, festa de cada santo… batismo, casamento, comunhão… Era uma festa o tempo inteiro, salvo quando havia celebração funerária. Ou quando morria o burro, o que era pior, pois era aquecimento para as crianças e o transporte para o trabalho“, observou Pasquale.
Ele se mostrou crítico da abordagem que o governo teve à época, apesar da intenção, e do efeito que isso teve expulsando os habitantes e, em última instância, substituindo-os hoje por investidores estrangeiros que agora tentam revitalizar o local para o turismo.
“Teríamos hoje as próprias pessoas, conhecedoras melhores da cultura lucana [da Basilicata], que os tedescos [germânicos], ingleses, franceses ou outros“, completou ele enquanto brandia o cigarro.
Na cidade mais antiga da Europa, até hoje lições sobre urbanismo e a vida humana.

A Catedral & fim
O tour terminou com Pasquale deixando o grupo por conta na catedral — e acendendo mais um cigarro.
Nós entramos, e eu ali pude ver todo o resplendor desta catedral medieval enriquecida pelo barroco. Quando algo falta num lugar, geralmente sobra em outro.
A Cattedrale di Santa Maria della Bruna e di Sant’Eustachio, mais comumente abreviada como Duomo di Matera, data do século XIII. Foi completada ainda em 1270, mas bastante transformada nos anos de ouro barroco do século XVII.




Eu retornei ao centro de Matera, pois precisava retornar ainda a Bari hoje. (Não bobeie com a Ferrovia Appulo Lucana porque os trens não circulam noite adentro, somente até cerca de 20-22h. Verifique os horários exatos no site deles antes de ter que procurar hotel de última hora aqui em Matera. Mas, francamente, de outra vez bem que eu virei para dormir. De quebra, conheço mais da Basilicata.)
A cidade estava iluminada, as pessoas ainda a circular animadas por entre as esculturas de Dalí. Prazer em conhecê-la, Matera, um prazer imenso.


Uau. Nossa. Parece que voltamos à Idade da Pedra, das cavernas e da vida rústica. Notre-Dame. Que horror.
Impressionante. Pessoas e animais se abrigam juntos e coletivamente das intempéries, da forma que podem e conseguem.
E a disposicão das acomodações, umas sobre as outras, ou justapostas parece mesmo uma “favela” de pedra .
Impressionantes as condições de vida e a situação a que estavam presas essas comunidades.
Retrato real, histórico e dramático de uma época, dos vulneráveis de ontem e que parece se prolongar indefinitivamente por seculo, seculorum e se projetar nos vulneráveis de hoje. Parece que os séculos não passaram. Eis a humanidade no seu lado mais sombrio.
A iniquidade parece fazer parte dessa difícil situação do bicho homem na sua dramática passagem no planeta Terra. Aprender é preciso. Melhorar e evoluir sao imprescindíveis. E se humanizar principalmente.
Afora isso e apesar de tudo isso a região conseguiu pelo visto superar seus limites e se tornou uma belezura bem característica das cidadezinhas desse lindo sul da Itália.
Muito bom conhecer a região e a cidadezinha. Muito bonitinha.
Muito bonitinha a cidade. A cara da Itália. Com seus belos pórticos, arcos, casarios antigos, com as cores da Italia, com seus balcões e avarandados floridos, ruelas e pracinhas animadas, belas e antigas Fonttanas, tudo lindo e bem conservado. Uma riqueza.
Adorei essa Igreja de Sao Francisco assim como a Catedral. Belissimos estilos e interiores. O teto da Catedral é um primor. Belíssimo.
Lindo e arrumadinho esse centro. Uma graça.
Vê-se que a região é seca..
By the way, essas pessoas públicas não se cansam de ser autoritárias e achar que sabem do que as populações precisam e gostam. Gosto pouco de ações vindas de cima para baixo sem consultar as pessoas. Não costumam dar certo.
Gostei de Matera, apesar da favela de pedra.
As comilanças vinho e sorvetes estavam apetitosos.
Parece mesmo que nessa parte da Itália se come melhor.
Valeu viajante.