“E o verbo se fez carne, e habitou entre nós”, é o trecho em João 1:14 que você vê escrito em bom latim à fachada desta Basílica da Anunciação na Terra Santa. Verbum caro factum est et habitavit in nobis.
Bem-vindos à cidade de Nazaré na Galileia. Este é o lugar onde Jesus foi criado, daí ganhando os apelidos de “nazareno” e de “galileu”. Naquela época, a Galileia era uma espécie de reino dentro do Império Romano.
Jesus cresceu mas não nasceu aqui, como se sabe. De acordo com as fontes, ele teria nascido em Belém da Judeia, uns 150 Km mais ao sul. Entretanto, era aqui em Nazaré que Maria e José moravam antes do seu nascimento, onde se deu a Anunciação da gravidez de Maria, aonde a sagrada família retornaria após a fuga para o Egito e onde se deu a infância de Jesus.
Como é este lugar hoje? Foi o que eu vim conferir, e me surpreendi. Achei que encontraria um vilarejo, mas é que havia esquecido que dois mil anos se passaram e que o tempo não parou em Nazaré. Mesmo assim, temos aqui lugares inesquecíveis, como a Basílica da Anunciação feita onde se crê ter sido a casa de Maria e a carpintaria de São José.
Acompanhem-me pela Nazaré de hoje e seus lugares históricos.

Vindo a Nazaré, 2.000 anos depois
Não há consenso sobre o significado da palavra “Nazaré”. O que se sabe é que este lugar já é habitado desde milênios na Antiguidade, e é onde Maria e José viviam. Na época bíblica, Nazaré não era uma propriamente uma cidade, mas um vilarejo com cerca de 400 habitantes apenas.
As pessoas eram humildes, e apenas os alicerces das casas eram de pedra. Todo o resto era de madeira, que se deteriora fácil com o tempo. Eu digo isso para você se dar conta de que não resta muita coisa da vila de dois mil anos atrás, exceto pelos subsolos então usados para armazenar alimento, e que permanecem talhados na rocha.
Curiosamente, Nazaré é hoje considerada a capital árabe de Israel. Cerca de 99,8% da sua população de 80 mil pessoas são cidadãos árabes do Estado de Israel.
Nazaré cresceu, e cresceu bastante. Afinal, dois mil anos se passaram. Esta região continuou sendo por séculos governada pelos romanos, como no tempo de Jesus, depois passou ao domínio árabe no século VII, em seguida ao domínio turco (embora mantendo uma população predominantemente árabe), e por fim foi agregada ao Estado de Israel em 1948.
Curiosamente, Nazaré é hoje considerada a capital árabe de Israel. Cerca de 99,8% da sua população de 80 mil pessoas são cidadãos árabes do Estado de Israel. No plano original da ONU para a criação de um estado judeu e de um estado palestino, esta cidade teria ficado no segundo, mas não foi assim que a coisa se desenrolou.
Vale lembrar que nem todo árabe é muçulmano. Cerca de 30% deles — e portanto da população de Nazaré hoje — são cristãos, enquanto que 70% são, sim, seguidores de Maomé.



Chegando a Nazaré hoje
Com seu clima mediterrâneo e certa elevação (347m) no centro da Galileia, Nazaré me evocou sensações similares às que tive no Líbano ou em Tbilisi, na Geórgia, aquele ar de que não estamos mais na Europa tal como a conhecemos, mas ainda assim há uma presença cristã e certo ar ocidentalizado que se mescla a este começo de oriente. A boa arborização também me lembrou bastante a capital georgiana — que eu digo “uma das mais charmosas cidades que você ainda não conhece”, então veja lá.
Era uma manhã bonita, fresquinha e de sol de inverno quando o nosso ônibus alcançou Nazaré. Ela se apresentaria como uma cidade de médio porte — ônibus urbanos a passar, carros a buzinar, pessoas indo ao trabalho, e as bodegas árabes vendendo kebab, falafel frito, ou souvenirs cristãos. Não ache que isto aqui virou um parque arqueológico nem puro lugar de peregrinação. Não faltam peregrinos, mas Nazaré é uma cidade que pulsa e tem vida própria.
Eu até cogitei me hospedar aqui, quem sabe passar uma noite ou duas, e há quem tenha feito isso e gostado. Porém, não há assim tanto o que fazer em termos turísticos. É uma cidade normal em grande medida, e o que há de interesse ao turista ou ao peregrino — sobretudo a Basílica da Anunciação e a Igreja de São José — você vê em poucas horas.
Nazaré não fica na linha ferroviária, mas é possível chegar aqui de ônibus interurbano vindo de Haifa (40 min) ou de Tel Aviv (1h50min). Só que eu achei mais compensador vir num dos muitos tours pela Galileia que incluem tanto Nazaré quanto outras paragens no mesmo dia, como Tiberíades, Cafarnaum e outras. Vale a pena, pois cada um desses lugares tem algo pequeno para se ver, e todos juntos formam um belo dia pela Galileia.

Minha experiência
Tudo começou às 6:30 da manhã, quando já dava ares de que iria amanhecer em Tel Aviv. Mesmo no inverno, eles aqui se encaixam num fuso horário em que amanhece cedo e anoitece cedo, coisa de 16:40-17:00.
Um ventinho frio percorria as ruas amplas e abertas da orla despovoada de Tel Aviv nesse horário. Viam-se carros e já alguns ônibus turísticos passarem. Eu sabia que um daqueles não demoraria a ser o nosso.
Os tours costumam pegar as pessoas apenas em alguns hotéis específicos, não todos, geralmente hotéis cinco estrelas e de renome. Então é normal que peçam para você se deslocar e esperar lá. Outros estarão fazendo a mesma coisa.
O nosso ônibus até chegou cedo — e eu habituado a esperar tanto a ponto e de me perguntar se esqueceram de mim, mas hoje foi o contrário, pois chegaram até antes da hora.

Para evitar aquela hora inicial que se gasta indo pegar gente nos hotéis, eles fazem aquele esquema de usar ônibus “cegonha” que vão buscar e trazem todo mundo para um ponto de encontro, onde então cada um é distribuído ao devido tour.
A ambiência do tour depende, é claro, de quem são o guia e o motorista, então varia enormemente.
Uma curiosidade é que quase todos os israelenses nasceram e cresceram em outra parte do mundo, e naturalmente trazem consigo as características culturais daquele lugar.
Nosso motorista era um sujeito engraçado, Isaac, um homem de meia idade, curta barba grisalha, cara de grego e sorriso fácil. O guia era Abraão — sim, tantos deles têm nomes do Antigo Testamento aqui. Este era um coroa de nariz protuberante nascido na Espanha e morando aqui desde criança.
Uma curiosidade é que quase todos os israelenses nasceram e cresceram em outra parte do mundo, e naturalmente trazem consigo as características culturais daquele lugar. Exceção feita aos argentinos, que sempre observam muito bem de onde vieram, muitos parecem tão aferrados à identidade judaica e israelense que viram a página no que ficou para trás. É o nation-building, a construção do espírito de nação, um pouco como opera também em Singapura, onde os estrangeiros ficam atentando se a pessoa é (de ancestralidade) indiana ou chinesa, enquanto que eles reafirmarão de peito cheio “Eu sou singapurense”, com aquele ar de nothing else matters — nada além disso importa.
Perdoem a digressão; voltemos ao tour. Vamos finalmente tomar a estrada rumo a Nazaré.

Eu vou confessar que estava rezando para não encontrar fundamentalistas aqui no tour. Estes passeios por localidades cristãs atraem muito esse público, nem sempre muito bom da bola, e que às vezes me cansa quando começam a pregar.
Fundamentalistas eu encontrei, mas de brasileiro só houve um rapaz meio alemão, líder carismático de grupo de jovens. Uma jovem jamaicana se juntou a ele nas confabulações, e atrás de mim veio uma senhora israelense que ficava corrigindo em voz alta o que o guia dizia. Era engraçado. Essa senhora não parava de falar, e era do tipo que pega você no ombro para que escute se achar que você não está prestando atenção. Não vou dizer que às vezes não viesse a calhar, embora requeresse certa paciência.
Meguido?
Ainda antes de chegar a Nazaré, passamos pelo Vale de Megido [lê-se Me-gui-dô], onde ocorreram muitas guerras desde os tempos antigos. Esta é uma passagem entre as colinas onde egípcios, assírios e tantos outros tiveram seus embates. Sendo assim, por que não também a Batalha Final do Apocalipse?
“Aquele filme, Armageddon. É sobre este lugar“, disse-me empolgada a senhora atrás de mim em voz rápida. Eu quis perguntar se ela estava certa acerca do filme. O que eu me lembrava, afinal, era o asteróide vindo bater na Terra, Bruce Willis no espaço, e Steven Tyler do Aerosmith cantando empolgado e de boca bem aberta aquele “I don’t wanna close my eeeeyes...” — mas achei melhor não levantar a questão. Depois ficaria claro que ela se referiu, obviamente, ao Armageddon bíblico.
A palavra Armageddon vem de Ha-Megido, que é a Montanha de Meguido, Ha sendo montanha em hebraico. Este lugar tendo já no tempo dos hebreus antigos servido de palco a tantas guerras, deduziram portanto que a batalha do fim dos tempos também teria lugar aqui. Ora ora.


Israel é um lugar curioso, pois é um país pequeníssimo — do tamanho do Estado de Sergipe —, mas pleno de lugares biblicamente famosos por toda parte. A todo momento você esbarra num.
É como se você estivesse na Grécia Antiga e estivesse o tempo todo a ver de perto as referências geográficas das histórias. “Ali é o Monte Olimpo”, “aqui é onde Zeus fez isso”, “aqui é onde Perseu cortou a cabeça da Medusa”, etc.



Visitando Nazaré
Chegamos finalmente a Nazaré numa ensolarada manhã de inverno. Batia um ventinho frio gostoso. Homens árabes passavam com suas jaquetas e calças compridas, em indumentárias modernas. Mulheres jovens ou de idade, frequentemente de véu, também transitavam normalmente.
Como lhes disse, Nazaré é já há muitos séculos uma cidade predominantemente árabe. Ela fazia parte do que a ONU após a Segunda Guerra Mundial projetou para ser o Estado Palestino ao lado do judeu — mas aí os vizinhos Egito, Jordânia e Síria levantaram as armas contra a cessão de qualquer terra aos seus primos semitas, perderam a guerra, e assim desde 1948 isto aqui faz parte do Estado de Israel, ainda que a cidade conserve uma ampla maioria árabe. Quase não mora judeu nenhum aqui.
A nossa primeira parada foi — é claro — numa daquelas lojas caras que têm associação com a empresa do tour, e que neste caso vendia souvenirs cristãos católico-ortodoxos. Embora houvesse coisa bonita e um agradável cheiro de incenso, você ali perde tempo precioso que poderia ser melhor gasto nos lugares que veio conhecer — e onde depois precisará correr ou visitar às pressas para tirar o atraso. São os males de visitar em tour.
Mas não nos preocupemos depois. Da entrada da loja já se via ao longe a imponente Basílica da Anunciação, o principal lugar a se visitar aqui em Nazaré, e que não sairíamos sem ver.






Visitando a Basílica da Anunciação
A Basílica da Anunciação tal como a temos hoje é enorme e bonita. Tem certos ares modernistas que me lembraram a Catedral de Brasília ou a do Rio Janeiro — ou ainda a igreja do monsenhor Oscar Romero que visitei em San Salvador, El Salvador, com vitrais coloridos em meio ao concreto e figuras com ar de muralismo latino-americano.
Há dois andares. Na parte de cima, o área principal de missas dessa basílica moderna. No piso de baixo, altares com um acesso à gruta que ficava sob a casa de Maria, onde se guardavam coisas. Ali, Maria teria recebido a Anunciação do Arcanjo Gabriel. O lugar exato tem uma energia fabulosa.
Era perfeitamente possível circular por toda a basílica sem problemas. Havia pessoas, mas não multidões. Pegamos apenas uma pequenina fila para ver de perto a gruta onde Maria teria recebido a Anunciação, mas coisa curta.



Vamos entrar. Não há custo.


Aqui eu preciso pausar para dizer que há nada menos que 18 igrejas da Anunciação em Nazaré. Nem todas alegam estar no lugar onde a Anunciação teria ocorrido, mas tampouco há consenso sobre isso, já que o Evangelho de Lucas — que relata a Anunciação — fala em Nazaré, mas não dá muitos detalhes sobre onde exatamente ela teria ocorrido.
Quem dá maiores detalhes é um proto-evangelho (apócrifo) de Tiago, que conta que Maria tinha ido buscar água numa fonte quando uma voz a interpelou. Olhando ao redor e não vendo ninguém, prosseguiu. Voltando para casa e pondo-se a tear, o Arcanjo Gabriel então lhe teria aparecido para fazer a Anunciação.
É dessas palavras do arcanjo que vem o famoso “Ave Maria, cheia de graça, bendita sois vós entre as mulheres”.
A Igreja Ortodoxa da Anunciação (onde este tour infelizmente não nos leva, mas que você pode visitar se vier por conta própria) fica no antigo poço onde Maria teria ido buscar água, enquanto que esta basílica católica romana está onde se crê ter sido a morada de Maria onde a Anunciação se deu.





Eu não sei até que ponto isto é subjetivo ou não, mas o lugar transmite uma sensação magnífica. Uma calma que você entra quase em êxtase.






A Igreja de São José na sua antiga carpintaria
Saindo da Basílica da Anunciação, você logo ali ao lado — no mesmo complexo — tem a Igreja de São José, erigida onde se acredita ter sido a sua carpintaria. Como Nazaré era uma pequenina vila naquele tempo, tudo de bíblico aqui fica perto.
Nosso guia fez notar que, na Bíblia grega, que é mais antiga que ainda temos, se fala que José era um construtor. A dedução de carpinteiro — designação mais comum do seu ofício — foi porque, naquele tempo, só os alicerces das casas eram de pedra, o restante todo era feito de madeira.
Então os alicerces são o que ainda se acha hoje em dia, e você pode ver as escavações.
Já dentro da Igreja de São José, desceríamos à gruta subterrânea onde se acredita que sua carpintaria ficava.





O espaço aí embaixo é simples, com ar de escavações. Quem dá brilho são esses mosaicos — e os muitos fieis que cá vêm.
Terminávamos esta parada em Nazaré, pois era hora de tomar rumo. Eu, que até achei que encontraria um vilarejo com ares antigos, tive que me lembrar que a carruagem da História não parou. Nazaré não se deteve no tempo. Segue sendo, desde pelo menos o século VII, um lugar de maioria não-cristã, mas com forte presença de peregrinos, visitantes vindos de longe, que vêm ver o que ela um dia foi e as coisas que se passaram aqui.
Nós seguimos adiante, pois o Mar da Galileia agora nos espera. Revejo vocês lá.
Nazareth 1.
Imponente essa basílica de abertura da postagem.
Surpresa como o senhor, meu jovem, com essa visão da histórica e célebre Nazareth. Esperava ver um povoado. Esqueci que o tempo passou e a vida seguiu. Fica um sabor diferente de quem gostaria de ter encontrado ai recordações das andanças de Jesus, suas marcas e o que se vê é uma cidade árabe de hoje em dia. Mas o que reserva de histórico preservado, lhe garante esse diferencial maravilhoso que salta aos olhos e encanta a quem lê e aprecia a fina descriçao, carregada de emoçao, e o precioso resgate histórico que transparecem nessas páginas magnificas.Vamos ver.
Nazareth 2.
Muito interessantes esses esclarecimentos, meu jovem pois há mesmo muita dúvida acerca desses eventos.
E que beleza ver representadas passagens conhecidas da Bíblia, na magnifica língua latina/
O Latim, junto ao grego, são bases para a Língua Portuguesa.
Acho lindo o Latim com suas Declinações, Desinências e Casos: Nominativo, Genitivo, Dativo, Ablativo, Acusativo., Vocativo … Um charme. e de morto, ao meu ver, não tem nada, já que vive nas línguas dele derivadas.
Os trechos bíblicos em Latim, são particularmente belos.
Impressionantes esses movimentos de vai e vem , de fugas e retornos, e a realidade das dificuldades que tiveram para se locomoverem do norte para o sul até Belém e dai até o Egito e retornarem ao Norte onde o menino cresceu, Uma epopéia para a época, e em condições adversas.
Apesar de constar nos livros, ver essa realidade a cores, aqui descrita , é algo diferente, soa como nova, como vivenciada e sentida. Incrível essa sensação de presente, de hoje, que as imagens e o texto passam, daquela realidade vivida pelos principais atores daqueles acontecimentos. Como se, de repente, o passado estivesse ali no presente e fôssemos quase como testemunhas do que houve. Interessante esse efeito…
Por ali viveu, brincou, correu, teve amigos, o Mestre Jesus , assim como sua mãe e seu pai na terra e seus parentes, alguns dos quais se tornaram seus Discípulos mais tarde.
E que bela história de uma jovem com suas atividades domésticas de gente simples como tear e pegar água no poço, ser interpelada por seres diferentes, ouvir vozes, ver , ouvir o que ouviu e aceitar. Hoje seria chamada de lunática haha coitada.
Impressionante a simplicidade do local que aparece como o da Anunciação de Anjo Gabriel, como se pode ver: escada de terra batida, quase uma gruta… certamente com o básico na época. Que beleza!… Ai está o centro , o ápice e o resumo do belo acontecimento. Na simplicidade ocorre um fato espetacular que mudaria a visa de muitos. Muito interessante. Ímpar.
A Basílica moderna é bela, monumental, ampla, bem decorada , clara e agradável . Muito bonita. Belíssimos vitrais e murais.
O seu entorno também, bonito e arborizado. Lindo o tom bege das paredes, e o verde dos onipresentes ciprestes e pinheiros. Pracinha bonita e com pombos. Fiquei encantado e emocionada de ver a simplicidade do local onde se deu a Anunciação. Maravilha…
Vamos que vamos
A vida*
Encantada*
Nazareth 3.
Esse Estado parece uma Bíblia a céu aberto. Maravilha essa experiencia.
Linda esse local e igreja onde teria sido a carpintaria de José. Pelo visto bem pertinho. E onde provavelmente Jesus trabalhou na adolescência e inicio da Idade Adulta.
Importantíssimo esse detalhe de que ele seria um construtor. E ainda o saber que as bases das casas eram de pedra e assim resistiram ao tempo.
Impressionante ver esses tuneis e espaços subterrâneos… Nossa… parece que de repente José ou mesmo Jesus vão aparecer ali…subir a velha escadaria de terra batida e nos dar as boas vindas. Emocionante.
Belo mural.
Linda viagem!…
Feliz em conhecer essa linda, histórica e mágica região atraves das suas postagens, meu jovem amigo viajante.
vamos que vamos.