Bem-vindos a Haifa [lê-se Raifa], a terceira maior cidade de Israel. Ela funciona como a metrópole do norte do país, próxima da Galileia e de onde se pode visitar com facilidade outros destinos históricos da Terra Santa, como Acre, a cidade dos cruzados.
Haifa ela própria é uma cidade moderna à beira-mar, que com seus morros e costas me lembra um pouco a geografia do Rio de Janeiro. Aqui fica o famoso Monte Carmelo, a propósito. Dessa origem vêm todas as Marias do Carmo e as Carmens do mundo. Há, como se esperaria, uma Igreja de Nossa Senhora do Carmo com o mosteiro Stella Maris da ordem dos carmelitas lá no alto — e que se pode visitar com um teleférico.
Já os judeus e outros fãs do Antigo Testamento notam mais o fato de que aqui fica a caverna onde o profeta Elias teria se abrigado e invocado o poder de Javé (Yawveh, ou Jeová como dizem as testemunhas). Foi em referência a ele que Jesus teria soltado a famosa frase “Ninguém é profeta em sua terra”, já que Elias depois foi posto para correr, mas essa caverna do Monte Carmelo segue aqui e pode ser vista.
Apesar de tudo, Haifa não é assim um destino tão religioso, de peregrinos. Ela chama mais a atenção pelo cênico com suas alturas e vistas que pelo sagrado, embora as coisas se misturem; e nenhum lugar faz essa mistura mais bela que os Jardins Bahá’í, o lugar mais visitado daqui. Venhamos que a gente vê tudo isso.

Bat Galim, Monte Carmelo, Haifa
Deixando Tel Aviv
O Monte Carmelo, como a foto acima já lhe mostra, não é exatamente um morro solto, isolado como costumamos imaginar as montanhas. Ele, na real, é toda uma cadeia cuja ponta mais famosa fica aqui em Haifa, mas que se estende quilômetros adentro.
Chegaríamos e ficaríamos hospedados bem pertinho dele, próximos à entrada do teleférico, no bairro costeiro de Bat Galim.
Entretanto, antes de aqui chegar, precisamos deixar Tel Aviv, onde havíamos nos ocupado nos dias anteriores e sobre a qual já escrevi. De lá fizemos um tour a Nazaré e pela Galileia, e ela oferece uma boa base também para se visitar Haifa (e Acre), mas estas eu preferi visitar com mais tempo. Dormir em Haifa tem as suas vantagens — e, via de regra, também é mais barato que fazê-lo em Tel Aviv.
Viríamos de trem, usando o mesmo cartão Rav-Kav que se utiliza no transporte público urbano. Haifa é conveniente por ter umas quatro estações diferentes em partes várias da cidade, sendo Bat Galim uma delas. A inconveniência maior foi tomar o ônibus relativamente cheio com bagagens e tudo rumo à estação ferroviária em Tel Aviv. Ao contrário da Europa, eles aqui não têm espaço reservado aos carrinhos de bebê, que ficam aos montes em pleno corredor. Rabino, idoso, bebê, estudantes, militares, e este turista de mochila que vos escreve — bem-vindos a Tel Aviv, que eu agora trocava por um ambiente mais pacato.

Bat Galim
Ao que cruzávamos estas terras de Israel, se notava pela janela o seu clima algo árido, monótono de cores. Muito cinza, bege, e cor de concreto, padrão quebrado apenas pelo verde ocasional de palmeiras, arbustos e outras plantas.
O trem não demorou demais a anunciar que estávamos nos aproximando de Haifa e da sua estação de Bat Galim, que minha mãe ouviu errado e achou que fosse “Bate galinha”. Bat Galim em hebraico quer dizer “filha das ondas”, o que caberia bem como alcunha de Iemanjá, mas que aqui é um bairro costeiro algo simples e residencial — bom de ficar se você busca algo mais autêntico.
Nós na estação descemos, cruzando a porta giratória de barras de metal para a saída, e ali estávamos na rua. Haifa e todo este norte de Israel é mais caloroso — do ponto de vista físico — que suas outras regiões. Em pleno inverno do hemisfério norte, fazia 20ºC e sol!
Do ponto de vista humano, uma curiosidade é que há uma enormidade de russos e ucranianos aqui — a maior parte deles judeus, embora não todos. Isso não é fruto (apenas) da guerra atual. Já há muitas décadas milhões dessas pessoas vêm pra cá. Você que acha que exagerei com “milhões”, saiba que russos e ucranianos somam cerca de 2 milhões da população total de 9.6 milhões de pessoas em Israel. Outros 2 milhões desse total são árabes. Eita.

Israel tem uma chamada Lei do Retorno (não a cosmológica), que permite que cidadãos de qualquer país com pai, mãe ou avós judeus obtenham cidadania israelense e venham morar aqui. Cerca de 1 milhão de russos o fizeram já nos tempos do fim da União Soviética, e outros continuam a vir.
Por razões que desconheço, Haifa tem uma quantidade desproporcional deles. Em Bat Galim, eu ouvia mais russo que hebraico na rua. Então não deveria ter sido surpresa que as funcionárias do meu hotel também fossem dessa origem.
Aqui eu preciso observar, a quem não sabe, que a maior parte dos ucranianos fala russo no seu dia-dia. Quem usa a língua ucraniana — um tanto semelhante, mas mais próxima do polonês e do tcheco — é uma relativa minoria. Não vai aqui indireta nenhuma sobre o conflito, estou apenas observando que não dava para saber quando eu estava diante de um ucraniano ou de um russo. Eles estão hoje de lados opostos naquela guerra fratricida, mas do contrário são extremamente semelhantes tanto cultural quanto fisicamente.
Ainda me lembro de uma jovem médica argentina que conheci na Nicarágua, que tinha sido detida para obtenção de suborno na Rússia e que dizia que adorava aquele jeito sisudo dos russos. “Me guhhta“, dizia ela com aquele sotaque argentino e o ar divertido de quem diz “fazer o que?”
Voltemos a Bat Galim, onde eu finalmente me instalava.


Como tantas vizinhanças residenciais de Israel, há uma predominância de prédios baixinhos de seus 3 a 5 andares em cores cinzentas ou bege. Há certa monotonia cromática árida só quebrada pelas plantas, como lhes falei. Por sorte há muitas delas aqui.
A calçada da orla de Bat Galim não é exatamente uma Pajuçara, mas é pacata e tranquila, e ali se ouve e vê o mar.
Instalamos-nos no hotel-butique com a simpática funcionária de origem russa (ou ucraniana?), aquele característico jeito fechado de olhar astuto e pouco sorriso, mas cordial. (Sérgio Buarque poderia ter escrito toda uma outra tese sobre “o russo cordial”. Eles também são calorosos e passionais, mas isso fica escondido dentro de uma carapaça dura que eles geralmente não abrem para estranhos.) A jovem camareira, Ludmilla, também era eslava.
Fui a andar para ver o mar, estilo Tom Jobim, e chegar até o teleférico rumo ao Monte Carmelo.




Mães passavam com seus carrinhos de bebê passeando na orla, falando em russo umas com as outras.
Contrastando com o mar tínhamos rochas, prédios velhos (uma ruína me lembrou o domo atômico de Hiroshima), umas esquinas Bauhaus meio sujas e um casario com ar de desabitado diante deste glorioso Mar Mediterrâneo. Lindo mesmo era o sol, que fazias as vezes de que já queria se pôr no que eu adiantava o passo contra o vento para chegar ao teleférico no fim da orla e subir ao Monte Carmelo enquanto ainda havia luz.







O Monte Carmelo
“Finalmente vamos chegar na parte sacra!”, exclama o leitor religioso que me vê falar dos russos, do Bauhaus, da praia e não ainda dos profetas de Yawveh nem das carmelitas descalças.
Chegaremos lá, mas calma, pois havia um teleférico no meio do caminho. Eu queria até que ele não fosse muito digno de nota, que eu só precisasse comentar a vista bonita, mas é que não foi bem assim.
O útil teleférico que o leva até o alto do Monte Carmelo, deixando-o já bem perto do mosteiro das carmelitas e da caverna de Elias, sai a cada 15 minutos e custa 35 shekels (cerca de 10 euros) para subir e descer. A subida dura cerca de 5 minutos numa de três bolas alaranjadas com um certo ar vagabundo de brinquedo dos parques de diversão aonde eu ia lá em Feira de Santana nos anos 90. As portas não tem tranca nenhuma, e eu tive que fechar a nossa com as próprias mãos para evitar o excesso de adrenalina de subir com a porta do globo aberta.
Vá na primeira ou na última bola se quiser ter a vista, pois na do meio as outras ficarão na sua frente.






A vista é bonita, mas não imagine nenhum centro turístico cá no alto. O Monte Carmelo hoje está perfeitamente integrado na estrutura urbana normal de Haifa, com pistas cá em cima, ambulâncias passando, e pessoas ali estacionando o carro para sair e ver o pôr do sol.
A uma breve caminhada de 5 minutos da saída do teleférico dos anos 90, você tem o grande mosteiro carmelita de Stella Maris, onde está uma das candidatas a ter sido a Caverna de Elias.
Elias foi um profeta do Antigo Testamento que se retirou da vida pública, perseguido pelas autoridades, e vivendo em diversas cavernas como eremita. Os “causos” de sua vida são muitos. Dizem que ele chegou a ser alimentado por corvos — embora linguistas hoje digam que a leitura correta da palavra hebraica provavelmente seria “árabes” em vez de corvos —, antes de Deus lhe enviar uma viúva fenícia que o acolheu.

Ele também foi um bastião nas disputas religiosas entre os seguidores de Yahweh e os vizinhos canaanitas seguidores de Baal, uma das divindades que os judeus prontamente taxaram de demônio. A princesa fenícia Jezebel, casada aqui, foi das que perseguiram os seguidores de Yahweh e com isso seu nome acabou ganhando conotação negativa na história.
Diz-se que aqui no Monte Carmelo, Elias e os sacerdotes de Baal se desafiaram num duelo diante dos israelitas para ver quem invocava seu deus com sucesso. Os sacerdotes de Baal sacrificaram um touro, mas não conseguiram, enquanto que Elias teria feito seu altar irromper em chamas celestes após sacrificar o outro touro.
Como mandava o figurino, Elias e os israelitas jubilosos então executam os sacerdotes de Baal, para a ira de Jezebel, que o jura de morte. Elias então sai fugido daqui, indo para a Judeia mais ao sul e depois ao Monte Horeb, onde Moisés tinha recebido os as Tábuas da Lei.
Elias acabou sendo sincretizado com o deus Hélios dos gregos, o sol, e assim foi retratado com uma carruagem de fogo cruzando os céus. Os cristãos viriam a associá-lo a João Batista, já que havia uma profecia de que Elias retornaria, ao que os espíritas interpretam que João foi a reencarnação de Elias.

Pois bem. Há dois lugares aqui que se dizem ser a Caverna de Elias. Um, reconhecido pelos judeus, fica numa trilha de terra um pouco Monte Carmelo abaixo. O outro, reconhecido pelos cristãos, fica onde se erigiu o Mosteiro de Stella Maris dos carmelitas. (Stella Maris, a quem faltou aquela aula de latim, significa “estrela do mar”, uma das muitas alusões a Nossa Senhora.)
O que ocorreu foi que quando os cruzados se instalaram aqui durante o século XII, muitos peregrinos começaram a se instalar nas cavernas à maneira de Elias. No século XIII, um deles solicitou ao patriarca de Jerusalém o direito de fundar aqui uma ordem, e assim surgiu em 1226 a Ordem dos Irmãos de Nossa Senhora do Monte Carmelo, mais conhecidos como carmelitas. Com a subsequente derrota e expulsão dos cruzados para os árabes em 1291, acabou ocorrendo uma diáspora dos carmelitas, muitos dos quais se espalhariam pela Europa. Notabilizam-se aí Portugal e Espanha, reinos formados precisamente no enfrentamento contra os mouros.
Os carmelitas não eram descalços ainda à essa época. A Ordem dos Carmelitas Descalços seria uma derivação surgida no século XVI, tempo da Contrarreforma, que teve como fundada a espanhola Santa Teresa de Ávila. Com algumas alterações nas regras, ambas as ordens carmelitas e seus mosteiros de clausuras teriam presença forte pela América Latina durante o tempo colonial. A quantidade de Marias do Carmo ou de Marías del Carmen por aí afora é um legado disso.








Os Jardins Bahá’í e a Colônia Alemã
O lugar mais cotado de Haifa, sobretudo pelos não-peregrinos, são mesmo os jardins — que alguns designam de “suspensos” para lembrar a Babilônia — da fé Bahá’í no centro da cidade. Ficam perto da chamada Colônia Alemã (German Colony), o bairro mais turístico da cidade.
A fé Bahá’í
Comecemos pelo básico, pois muita gente pode até ter ouvido falar, mas não faz muita ideia do que isso seja. A fé Bahá’í é uma religião monoteísta, que seus seguidores se orgulham de dizer que é a religião mais jovem do mundo. (Você achou que já tinham terminado de criar religiões?)

A fé Bahá’í é nova, pero no mucho. Ela surgiu na Pérsia do século XIX, que é o mesmo Irã, na cidade de Shiraz. Dia 22 de maio de 1844, o mercador Said Ali Muhammad fez o seu primeiro convertido — aos 24 anos de idade.
Ele a partir de então adotaria a alcunha de Bab (“portão” ou “portal” em persa, significando que sua mensagem era a porta para Deus).
Sua mensagem era simples: a unidade de todas as formas de fé, o reconhecimento de que Deus é o mesmo; a superação de todas as formas de preconceito, com igualdade entre as pessoas independentemente de gênero, nacionalidade ou raça; e a ideia de que Deus vai gradualmente revelando Suas verdades através de mensageiros à humanidade.
Hoje, essa fé ressoa até com movimentos New Age, com o Imagine de John Lennon e tantas correntes espirituais universalistas, mas naquele tempo o jovem mercador foi preso e condenado à morte por tais ideias.

Bab bebeu muito o misticismo que há no islã xiita — o qual, ao contrário do que se pensa, não é necessariamente mais radical ou rígido que o sunita. Esse é um senso comum equivocado.
Já na década de 1790, havia um movimento na Pérsia de um teólogo xiita chamado Shayk Ahmad (1753–1826), que pregava uma interpretação mais espiritualista e menos literal dos textos sagrados islâmicos. Falava, por exemplo, que Maomé ascendeu aos céus em alma, não em carne, e que a ressurreição no fim dos anos era espiritual, não da matéria. Qualquer relação com o Kardecismo dos anos 1850 talvez não seja mera coincidência.
O islamismo xiita também sempre teve uma pegada messiânica, e com Bab não foi diferente. Ele pregou que um profeta viria para codificar essa mensagem.
Bab foi executado aos 30 anos por apostasia pelo pelotão de fuzilamento, em 1850, e seus discípulos acabaram perseguidos e exilados. Um chamado Hussayn Ali (1819-1892) foi banido do reino persa e expulso aos domínios otomanos — que fosse pregar lá! Nessa feita, ele disse que havia recebido uma mensagem divina e que o profeta de quem Bab falou não era outro se não ele próprio, e adotou o nome de Baháʼu’lláh, que em persa e árabe significa “glória de Deus”.
Seu grupo de seguidores cresceu, e suas ideias “chocantes” — como a de que céu e inferno eram estados espirituais de proximidade ou distância de Deus, não lugares físicos de recompensa ou castigo — perturbavam o clero islâmico.
A Pérsia solicitou que o turco sultão otomano mandasse Hussayn de volta para ser punido, o que o sultão se negou a fazer. O xá da Pérsia então pediu que, pelo menos, o mandassem para bem longe das fronteiras — para o outro lado do império. Assim se deu, e Baháʼu’lláh foi viver em Constantinopla (Istambul) e Adrianópolis (Edirne), na parte europeia do Império Otomano (na atual Turquia).
Baháʼu’lláh acabaria preso, todavia, por sua manifestação religiosa. Em 1868, ano da foto, foi trazido com sua família para Acre, aqui pertinho, atualmente Israel, então parte do Império Otomano. Depois afrouxaram a coisa, e Baháʼu’lláh terminaria seus dias vivendo num jardim nos arredores daquela cidade, onde viria a falecer em 1892 aos 74 anos.

Visitando os Jardins Bahá’í em Haifa
Independentemente da sua fé, ou ausência de fé, estes jardins elevados na encosta do Monte Carmelo são uma paragem cênica e uma glória estética em Haifa. Não dá para ignorá-los.
Vir aqui é simples, mas há um protocolo a seguir. Não é preciso pagar nada para entrar, mas os jardins não são de acesso livre ao público. Se você quiser ver mais do que uma bobagenzinha dele, é necessário agendar a visita com um tour guiado através do site oficial. Não é nenhum bicho de sete cabeças, só requer certo planejamento.
- Há vários tours por dia em hebraico, inglês ou russo. Você precisa reservar o horário pelo menos de véspera — não é possível fazê-lo no mesmo dia.
- Quando chove, fecham, pois são centenas de degraus na pedra lisa, e não seria difícil escorregar. Se você faz questão de visitar e o tempo está incerto, planeje-se com uns dois dias aqui para que possa ir no outro se chover num.
- Há certas regras. Joelhos e ombros precisam estar cobertos, e não é permitido fumar, comer ou beber (exceto água), nem mascar chiclete nos jardins. Pode tirar fotos, exceto dentro do templo.
Você recebe uma confirmação instantânea por email com o endereço do ponto de encontro. Atenção a ele, pois há várias entradas em diferentes alturas dos jardins, para você não ir esperar na entrada errada. Yefe Nof Street 45 é o endereço correto.
Há banheiros na entrada, mas o término do tour e a saída são por outro lugar. Começa-se lá pelo alto, e se descem cerca de 700 degraus pelos pelos jardins de plantas e água correndo — água coletada das lágrimas dos que vieram de carro, estacionaram lá em cima, e depois têm que subi-los todos para reencontrar o veículo. Venha de ônibus.


A Visita
Quase tudo fica mais bonito com o sol, e estes Jardins Bahá’í em Haifa não são exceção. Eu cheguei de ônibus desde Bat Galim no que foi uma manhã clara de inverno, e e procurei chegar uns 10 minutos antes para ter tempo de ir ao mirante antes do tour. Basta seguir a mesma rua à direita do endereço. (Se você for do tipo de passa bastante tempo tirando fotos em diversas poses, venha com maior antecedência. A vista é linda!)
Ali no mirante, tem-se acesso a uma breve área no mais alto dos jardins após uma brevíssima detecção manual de metais. São das melhores vistas panorâmicas de Haifa que há.
Você vê os magníficos ciprestes ao longo da encosta, os terraços ajardinados com fontes, alguns voluntários trabalhando, e o templo de cúpula dourada com os restos mortais de Bab lá embaixo.



Fui ao mirante e voltei cá para a rua Yefe Nof 45, onde entrei e breve encontraria as duas dezenas de pessoas do tour matinal em inglês. Havia mais gente, então acabaram nos dividindo em duas metades. Eu fiquei na de um jovem guia israelense de origem obviamente russa, com sotaque russo e certa pinta de galã eslavo à là Yuri Gagarin do século XXI.
Ele nos foi contando a história da religião Bahá’í ao que descíamos — esta que vos contei acima. Terminados em 2001, os jardins são muito bonitos, mas transmitem uma sensação moderna (ainda) pouco encantada. Lembraram-me daqueles jardins bem cuidados dos emires e outros monarcas do mundo muçulmano de hoje (como no Catar ou a Grande Mesquita do Sultão Qaboos em Omã).
Tal como naqueles palácios do mundo islâmico, só se veem turistas e jardineiros. São 19 terraços correspondendo aos 19 discípulos de Bab.






Eu perguntei ao guia quem usa estes jardins, e ele disse que às vezes há peregrinos — mas pareceu se importar pouco com a questão. Segundo ele, há voluntários seguidores do bahaísmo de 70 países aqui cuidando destes jardins, mantidos por doações vindas exclusivamente de pessoas da fé Bahá’í. Uma moça do meu grupo lhe perguntou quanto custou construir isto tudo, mas ele não soube dizer.
É bonito? É bonito, mas é um certo elefante branco desprovido de gente. Faltou-me a dimensão humana, tão presente quando se visita um templo em Bali, por exemplo, ou na Tailândia ou no Sri Lanka. Há gente passando sede a menos de 1h daqui, e água potável jorrando para enfeitar jardim que nem é aberto ao público. Meus olhos gostaram, mas como dizia St. Éxupéry: só se enxerga bem com o coração.
O tour dura cerca de 45 minutos, e terminou ali próximo ao templo, nos ciprestes onde Baháʼu’lláh e seu filho discutiram onde pôr os restos mortais de Bab, trazidos da Pérsia.
Caminhei por entre o arvoredo, nos caminhos de pedregulhos que eles dizem serem assim para que não se vá tão rápido, e tirei meus sapatos para entrar no templo. Seu interior é uma pequena sala com aroma de rosas toda coberta por tapetes persas no chão. No que seria um altar, há um pequeno vaso chinês — que me pareceu ser de época — margeado por pétalas rubras e vasos de rosas vermelhas. Grandes símbolos na caligrafia árabe, assim como texto em árabe e em inglês, fala ali sobre os princípios universalistas da fé Bahá’í. Eles pedem que não se fotografe esse interior.





A Colônia Alemã
Aqui eu encerraria meu périplo por Haifa, esta terceira maior cidade de Israel. À saída da parte baixa dos Jardins Bahá’í, não se demora a chegar à Colônia Alemã, um jeitoso e espaçoso bairro comercial de casas de época.
A alcunha é porque este bairro foi fundado por templários alemães no século XIX. Não, não são os cavaleiros templários medievais (os quais há muito já não existiam mais), mas uma seita evangélica alemã que acreditava que se orassem aqui da Terra Santa acelerariam a volta de Jesus (!).
Esses alemães acabaram por ajudar a modernizar este canto da Palestina, que andava negligenciado pelos otomanos. Isso se deu a partir dos idos de 1870, curiosamente meio século antes de os primeiros judeus da modernidade virem se instalar em Haifa, nos anos 1920 em Bat Galim.
Só que esses alemães acabariam se envolvendo entusiasticamente em ambas as guerras mundiais — que, como se sabe, a Alemanha perdeu. Os britânicos tomaram posse destas terras em 1918, vencendo germânicos e otomanos; mais tarde, quando os alemães remanescentes empolgaram-se para o lado do nazismo e foram derrotados de novo, a Inglaterra os deportou todos daqui de uma vez por todas. Assim, suas casas viraram estabelecimentos comerciais ou museus.



Na prática, a Colônia Alemã é uma área simpática com mais vida à noite que de dia. São vários os bares, hotéis, restaurantes e algumas lojas de rede (Pizza Hut etc.). Muitos turistas escolhem se hospedar aqui por esse badalação, mas eu não me arrependi de ter optado por Bat Galim.
E para lá eu voltaria, após estas várias voltas em Haifa. Aqui desta cidade, seria hora de eu ir fazer um bate e volta até Acre, a medieval cidade dos cruzados. Vejo vocês lá.

Haifa 1.
Uauuu .. que maravilha… que jardins magnificos são esses, meu jovem… Belissimos.. São coisa de cinema… como se dizia há um tempo atrás..hahah… Que beleza… Harmoniosos no conjunto e apresentando belíssimo contraste entre o azul do céu, do mar, com o lindo verde da rica vegetação, com destaque para as deslumbrantes tamareiras, palmeiras outras e os lindos ciprestes.
LIndos, emoldurados de pedrinhas cor de telha e canteiros floridos. Uma preciosidade. Dignos de um pintor.
Vilgen… que altura.. (só para jovens hahah)…mas que linda paisagem de lá se vê. Que visão magnífica… Uauu…Muito bonitos. Arrumados, cheio de palmeiras, uma graça… Pelo visto, embora pouco se saiba, parecem ser mais belos que os jardins suspensos da Babilônia, já que a vegetação dai da região, ao meu ver , são de rara beleza. Cenográficos…. Daria uma belíssima tela.
Hahaha pobre de quem for de carro…ter que subir para buscar o dito cujo hahaha
Essa visão a partir do mirante é esplendorosa…Impar…
Tudo lindo.. escadarias, palmeiras, fontes, e ao longe, o templo… Um primor de beleza.
hahaha Gagarin é sim do tempo da sua amiga aqui, Ficou famoso.. sua amiga era uma jovem estudante .
Não ouvi falar do Venerável.. Muitos deles não chegam as noticias aqui ao Ocidente. São pouco conhecidos por cá.
Curiosas as histórias..
Belíssimos portões.. Que cenário se descortina através deles…uau.. um espetáculo de cor, harmonia , graça e beleza.
Beleza quase indescritível.
Lindo e harmônico o Pavilhão grego. Combinou o tom branco com o verde da vegetação.
E que lindo esse templo. Belas linhas arquitetônicas… belíssimos caminhos até ele, e interessante a filosofia dos pedregulhos,
Belissima essa foto com as lindas laranjeiras com suas coradas frutas, diante das colunas beges rosadas pelos raios do sol. Belissimas localizaçao e homenagem ao Venerável..
Nossa. Forte e procedente a vossa observação, meu jovem amigo viajante. É verdade… “só se vê bem com o coração” dizia o Pequeno Príncipe…
Interessante, essa ex-colônia alemã. As casas são bem bonitinhas,
E o senhor está ótimo, meu jovem amigo viajante hahaha no topo do ”mundo ”de então….
Boa noite…ahaha ja que no Brasil agora ja é noite hahah
Vamos que vamos
Amei os jardins e a preciosa observação do senhor… É isso ai.. Até o Venerável apoiaria, nossa adequada observação, creio eu.
vossa*
Muito interessante essa filosofia, do Venerável e seus seguidores. Como lhe disse, não chegou aqui, mas tem muitos pontos semelhantes a algumas linhas modernas Universalistas que por aqui circulam. Cada vez com mais simpatizantes. Sua amiga aqui simpatiza bastante com essas linhas.
Pelo visto esse cartão é bastante útil. Muito prático esse sistema integrado.
Adoro viagem de trem. Pena que aqui no Brasil a malha ferroviária foi destruída para dar lugar ao asfalto e ã proliferaçao dos carros ,enriquecimento de montadoras e aumento da poluição . Espero ver um dia a reversão disso, com belos trens circulando.
Engraçado o nome da estaçao. Bem que parece. E curiosa a tradução: filha das ondas. Bonita.
Essa temperatura aqui no NE é frio hahaha
Importante a observação sobre a interação e a convivência entre esses povos afins( russos/ucranianos) enquanto nas terras deles os loucos de digladiam. Na minha visão deveria ser assim também, ai entre judeus e árabes/turcos e outros.
Ahahah adorei o ”russo cordial””..hahah . Não sei o que Sergio Buarque pensaria hahah. Ahahahah….. nada contra, mas….nao parece…haha …..chi lo sa?
E que contingente grande dessas populações!…
Simpático o bairro: bem arborizado, pacato e parece relativamente bem cuidado, apesar dos prédios velhos. As redondezas são bonitinhas.
Tambem nào aprecio esse estilo arquitetônico, o Bauhaus. Acho pobre de arte, de linhas, sem graça e monótono. Quando velho e mau cuidado, pior ainda.
Ahhhhhhhh adorei a referência do jovem viajante ã belissima Pajuçara!… Obrigada. Em Maceió, nas Alagoas….
Esse NE brasileiro é um encanto. É imbatível em belezas naturais costeiras. Belas praias, lindos coqueiros, guarda-sois coloridos, gente alegre para lá e para cá , sorvete, picolé, bebidas e comidas típicas etc e tal e a maior zonzeira da paróquia sob um sol pra lá de quente hahah.
Ahhhh Itapuã, pedra que ronca, entre os indígenas, outra linda praia do NE, desta vez em Salvador, na Bahia.
Praia bonita essa ai….. Mas com certeza essa calmaria só é vista em algumas horas, hahah .
Aqui, normalmente o Atlantico é mais agitado, maiores ondas, e muuuuuuitos frequentadores….e muito vento.
A comilança por ai parece da boa…. Adoro humus, se bem feito e sem vinagre …hahahaha…
Jesus…Que preços são esses? Notre Dame!…Terríveis!… Um tiro…
E que lindo, o Mediterrâneo!… que belas e calmas águas azuis!… Quantas histórias a contar!… Impressionante..Majestoso…
Belíssimo o pôr de sol… Data vênia …. E o viajante está um charme…todo prosa… e com o lindo Mediterrâneo ã vista…
Nossa, que horror esse prédio velho… parece mesmo ter sido bombardeado durante a 2ª guerra…
Legal a equilibrista…
Hahahah… que horror esse teleférico..haha Misericórdia… E boate clandestina é ótimo hahaha…Parece mesmo..
O aspecto do local deixa a desejar.
Mas a visão a partir do alto é bem bonita. A cidade parece grande… Bela visão….
Após essa subida que a porta foi fechada a mão.. hahah .. olhe seu menino..hahah essas aventuras são ótimas… estou curiosa para ver o Convento Stella Maris ( nao, nào perdi a aula de Latim não, e gostava muito das fábulas de Esopo: Lupus et agnus etc e tal haha) e a caverna de Elias, coitado, escorraçado da cidade e perseguido.
O Monte Carmelo é famoso ( fiquei encantada em conhecê-lo) e @s Carmelitan@s tambem.
Ao longo do tempo a comunidade foi se espalhando pela cristandade do Ocidente, principalmente França ( Lisieux onde viveu e morreu jovem de tuberculose stªTerezinha de Jesus no sec. XIX), Portugal/Brasil( Conventos do Carmo) e Espanha. Nesta houve uma reestruturação por Soror Tereza DÁvila . Aqui no NE Salvador e Olinda ainda tem esses Conventos para aonde iam muitas filhas da nobreza, e depois abrigando outros grupos.
Bela vista para o mar dai perto do Stella Maris. Belo Mosteiro. Vê-se que foi reformado. Bem extenso.
Linda porta. Bem talhada. Muito bonito e trabalhado o interior. Belas decoração e arquitetura. Esplendoroso o Domo . Belo.
Esse Elias é famoso. Nao sabia que esteve nessas paragens. A biblia fala de uma carruagem de fogo mas creio que nao dá detalhes.
Nossa, coitado de Elias. Que histórias… Sabe-se que vivia em cavernas com alguns animais. As perseguições vem de longe… eita seres humanos, sôr… Ouvi mesmo essa referencia de que João Batista seria a reencarnação dele.
Nossa que caverna.. bonita…e lindos os tons rosados. Muito bonita, iluminada, colorida… Impressionante.
Belo entardecer…
Lugar aprazível, bem cuidado. Gostei.
E o anoitecer, então, magnífico.
E a descida ? hahahaha Imagino. Ainda bem que pelo visto o percurso era pequeno
Encantada com vossas andanças e com a Terra Santa, meu jovem.
Curiosa e ansiosa para ver Jerusalém.
Hahahahaha …..By the way, adorei a volta do cipó de arroeira e da observação do mando sobretudo dos gatos… Pelo visto a Terra Santa , além de toda a sua sacralidade, beleza , História e magicidade, é também o Reino dos gatos…a gatolãndia..Esse bichano ai bem parece ser rei no seu reinado.Muito interessante e significativo . Vale.