Eu não sou muito de compor roteiros para os outros, até porque as preferências são tão diversas, que eu não me meto. Mas Israel & Palestina são lugares onde os brasileiros frequentemente pedem roteiro que inclua o máximo possível dos tantos lugares significativos que há aqui, e de repente eu me vi com bastantes dicas a compartir.
Eu ainda farei em seguida um post de Dicas com os detalhes todos por tema (transporte, custos, etc.), mas resolvi desta vez fazer também uma postagem de roteiro sugerido.
Vai aqui uma observação de que este é um roteiro indicado a quem se interessa pelos vários aspectos que uma viagem a Israel e Palestina tem a oferecer. Quem tem interesse só nos aspectos cristãos acaba vindo em excursão religiosa, então eu preparei isto tendo em mente o viajante independente que quer estar por conta, fazendo tours diários apenas quando necessário.
Neste roteiro, eu recomendo 3 noites em Tel Aviv, seguidas por 2 noites em Haifa, e 6 noites em Jerusalém (total 11 noites/12 dias). Recomendo enfaticamente deixar Jerusalém para o final, ou ela vai empalidecer o resto.
Vamos lá, dia por dia com algumas dicas básicas. Os detalhes de cada lugar você sempre encontra nas postagens linkadas — ou vendo a lista geral de posts em Israel e Palestina aqui.

1º Dia: Chegada a Tel Aviv
O ideal é que você chegue a Israel num domingo, para minimizar o número de sextas e sobretudo sábados na sua viagem. A razão sendo que sexta é dia sagrado para os muçulmanos, e muita coisa fecha em Jerusalém; e sábado é o dia de repouso dos judeus, e praticamente tudo cerra em Israel — não tem nem transporte.
- Saque shekels (a moeda israelense usada também na Palestina) ou troque moeda aqui no próprio Aeroporto Ben-Gurion após passar pela imigração. Não é o bicho de sete cabeças que às vezes pintam.
- Munido da moeda israelense, compre um cartão de transportes Rav-Kav já no aeroporto. Carregue logo 200 shekels por pessoa, o suficiente para você fazer o trajeto todo deste roteiro e ainda sobrar uma gordura.
- Vá do aeroporto para o hotel, localizado de preferência nas imediações da Praça Dizengoff em Tel Aviv, e aproveite para dar os primeiros bordejos pela cidade.
- Reserve já pela internet no site oficial o seu lugar num tour da tarde pelos Jardins Baha’í em Haifa para a data do seu terceiro dia.

2º Dia: Tel Aviv com Old Jaffa
Tire o dia para visitar a capital econômica de Israel. Passe pelo menos um turno na área da antiga Jaffa, pequena, mas hiper fotogênica. Se você for fã de arte moderna ou contemporânea, pode visitar um dos bons museus de Tel Aviv no outro turno — ou simplesmente passear pela orla ou passar mais tempo em Old Jaffa.

3º Dia: Tour de Tel Aviv a Nazaré e Mar da Galileia
Agende para esta data um tour com qualquer agência de viagem fazendo este pacote típico. Várias oferecem. A Bein Harim a tem em espanhol em certos dias da semana (programe-se se fizer questão desse idioma), mas experimentei e aprovei também a Abraham Tours, a qual tem um público mais jovem.
A Galileia é um lugar pleno das coisas da vida de Cristo. Você para em Nazaré para visitar a Basílica da Anunciação, Cafarnaum, vê o Mar da Galileia, etc. São várias paragens curtas que, a menos que você alugue um carro para vê-las uma a uma, você vê muito bem todas juntas num tour só.
4º Dia: Tel Aviv ⇒ Haifa
Após 3 noites em Tel Aviv, hora de zarpar rumo ao norte de Israel.
Tome um trem da estação mais próxima de você em Tel Aviv até a estação mais próxima da sua acomodação em Haifa (há várias). A viagem dura coisa 1h15 em trem direto pago com o cartão de transportes Rav-Kav. Se você sair logo após o café da manhã, pode almoçar em Haifa após chegar e ainda pegar o tour nos Jardins Bahaí por volta das 15:30 ou 16:00 (últimos horários) para ver um sol poente.

5º Dia: Haifa bate e volta até Acre
De Haifa, você está a meros 30 minutos de trem de Acre (Akko), a medieval cidade dos cruzados. Passe o dia em Acre, compre um combo-ticket por 49 shekels para todas as atrações e não deixe de ver os Knights Halls — a principal atração da cidade. No mais, é curtir o centro histórico estilo medina árabe e suas muralhas de época, retornando a Haifa de trem no fim do dia.
6º Dia: Haifa ⇒ Jerusalém
Após o café da manhã, tome um trem para Jerusalém Yitzhak Navon — a estação de trem principal de Jerusalém e parada final dessa rota. Deve levar coisa de 1h30 – 2h00 com uma troca. O Google Mapas ou a página da Israel Railways lhe informa onde melhor fazê-la.
Se você tiver mesmo chegado a Israel num domingo, este sexto dia será sexta-feira, quando muita coisa só abre até meados da tarde devido ao shabbath judaico, que começa já ao pôr do sol. Nesse caso, é melhor viajar a tempo de almoçar em Jerusalém antes do fechamento geral. (Se acontecer de não haver trens, o Google Mapas lhe informa das rotas de ônibus.)

7º Dia: (Jerusalém) Tour a Belém e Jericó
Se você se virar bem em inglês, o Best of West Bank tour com a Abraham Tours é minha recomendação para este primeiro dia inteiro em Jerusalém — que, se você tiver chegado domingo, será um sábado, dia em que tudo fecha em Israel, mas não nos Territórios Palestinos. West Bank é a Cisjordânia, o território principal e onde ficam inúmeras paragens históricas.
A vantagem principal desse tour é ele incluir Ramalá, a capital econômica da Palestina (a oficial é Jerusalém, como é também para Israel. Se o inglês não lhe cair muito bem, faça um tour em espanhol (ou francês ou alemão) com a Bein Harim.
A principal parada de ambos estes tours é Belém, a ver o lugar onde Jesus nasceu e onde São Jerônimo traduziu por mais de 30 anos a Bíblia para o latim no século IV. Inclui também uma visita a Jericó e ao lugar onde se crê que Jesus foi batizado do Rio Jordão, Qasr el-Yahud.

8º Dia: Jerusalém
Depois de ver onde Jesus nasceu, e já tendo passeado pelas regiões onde viveu e pregou em Nazaré e no Mar da Galileia, hora de bordejar por Jerusalém propriamente dita.
Vá logo de manhã ao Monte do Templo ver o Domo da Rocha (fechado às sextas e sábados, mas pelas contas, hoje será domingo, tudo funcionando) e o famoso Muro das Lamentações. Dê um bordejo no Bairro Judeu de Jerusalém e, dali, vá ver o Portão de Damasco e a Via Dolorosa (Via Crucis), que termina na Igreja do Santo Sepulcro.
Se você preferir, pode ver a Via Dolorosa e Igreja do Santo Sepulcro já no mesmo dia em que chegar a Jerusalém.



9º Dia: (Jerusalém) Tour a Massada e ao Mar Morto
Vamos intercalando esta estadia em Jerusalém com tours dia sim, dia não, para ficar equilibrado.
Hora de conhecer Massada e o Mar Morto. Não é preciso dormir lá para conhecê-lo. Para a maior parte das pessoas, umas horinhas são o bastante. Várias agências ofertam tours bate-e-volta desses dois lugares juntos, que ficam próximos um do outro.
10º Dia: Jerusalém
Hora de ver o que mais faltou. Talvez o Monte das Oliveiras com os Jardins de Getsêmani e o Túmulo de Maria. Ou o cenáculo, lugar da última ceia, ao lado da Tumba do Rei Davi. Ou ainda o memorial Yad Vashem das vítimas do holocausto (reserva obrigatória pelo site oficial), ou um dos museus outros de Jerusalém.

11º Dia: (Jerusalém) Tour a Hebron
Tour a Hebron a ver a Tumba de Abraão e também o centro histórico da cidade, no lado controlado pelos palestinos, e reconhecido desde 2017 pela UNESCO como Patrimônio Mundial da Humanidade. Vale muito a pena.
Se você entende inglês, uma ótima pedida é fazer o chamado dual narrative tour com a Abraham Tours, que faz metade do dia com um guia judeu ortodoxo e a outra metade com guias palestinos muçulmanos.
Note que nem todos os tours estão disponíveis diariamente, às vezes as saídas são só em certos dias da semana — e isso vai mudando. Às vezes as saídas são às quartas e sábados, daí mudam para terças e quintas, etc. O site deles está sempre atualizado. Só atente para isso na hora de montar o seu programa. Se precisar, troque a ordem dos tours saídos de Jerusalém, embora eu ache que este é ideal para se fazer no fim, coroando a sua viagem.

12º Dia: Jerusalém => Casa
Procure um voo que saia mais para o fim do dia — ou, no mínimo, após o almoço. Após o café da manhã, vá logo para o Aeroporto Ben-Gurion. A recomendação é que você chegue com bem antecedência — umas 5-6h antes do voo, para ficar bastante tranquilo, pois a saída é demorada devido ao tanto de checagens.
Se não se interessar pelo dual narrative tour ou algum dos outros, é só suprimi-lo e diminuir um dia da sua viagem. Aí vai das suas prioridades. Nas postagens Israel e Palestina adentro, você vê nos menores detalhes o que encontra em cada lugar, para saber o que o interessa mais.
A dica geral na hora de montar o roteiro, mais uma vez, é observar que os sábados são dias praticamente inutilizados aqui. Então maximize suas potencialidades procurando chegar a Israel num domingo ou segunda-feira — assim você experimentará apenas 1 shabbath.
Este post será seguindo por uma postagem recheada de dicas práticas, mas havendo qualquer outra dúvida, é só pôr nos comentários e eu respondo o que puder.