Muita gente cogita vir ver de perto a famosa Terra Santa, com Israel e Palestina. Tantos desses vêm em excursões, religiosas ou não, mas também é perfeitamente possível vir por conta própria. Depende do seu perfil e de algumas habilidades mínimas (ex. virar-se num inglês básico).
Eu vim de modo independente e, numa combinação de day tours com passeios por conta própria, tive uma experiência excelente num roteiro que descrevi no post anterior. Agora, é hora do balanço daquilo de que gostei mais, de que gostei menos, e do detalhamento das dicas, observações de custos, sugestões e alertas. Ficando ainda alguma dúvida, é só perguntar abaixo nos comentários.
- O que mais gostou. Da quantidade impressionante de lugares históricos e sacros no amplo centro histórico de Jerusalém, na confluência viva de três religiões — cristianismo, judaísmo e islamismo.
- Visita obrigatória. Jerusalém, com pelo menos uns vários dias nela. A regra de ouro que às vezes escuto por aí é que metade da sua estadia em Israel-Palestina merece ser em Jerusalém. Não planejei isso de forma consciente, mas acabo por concordar.
- O que não gostou. Dos preços altos das acomodações e restaurantes em Israel — mais caros que na Europa. O negócio de tudo parar no sábado, sem ter nem transporte público nem elevador funcionando direito, também me parece um tanto exagerado.
- Queria ter visto mas não viu. Cesareia, ruínas antigas do tempo romano a norte de Tel Aviv.
- Comes & bebes a experimentar. Húmus completo — aquela pasta de grão-de-bico, com falafel (bolinho frito de grão-de-bico com ervas, o avô do acarajé), feijão e azeite de oliva, acompanhado de pão chato. Dá uma surra nos húmus vendidos noutras regiões do mundo. Há os vinhos de Israel também, mas aí não é nada tão distinto de países europeus ou do Cone Sul.
- Momento mais memorável da visita. A Igreja do Santo Sepulcro em Jerusalém, com os lugares onde Jesus foi crucificado e enterrado. Se você teve ou tem uma formação cristã, é difícil não se deixar impactar pelo lugar e a devoção das pessoas.
- Alguma decepção. O centro histórico de Acre, que foi capital dos cruzados na Terra Santa, não é o lugar medievalesco que eu imaginava. Tem muito mais cara de uma medina árabe decrépita pelo tempo, sem assistência de restauro pelo governo de Israel (já que a cidade é, tradicionalmente, de população palestina que ainda vive aqui). Há coisas interessantes que ver, sobretudo nos museus subterrâneos, mas calibre as suas expectativas acerca da cidade em si.
- Maior surpresa. Que as questões de segurança não sejam aquela coisa ostensiva que às vezes a internet ou o noticiário lhe fazem imaginar. Os trâmites no aeroporto foram um sossego, e em tive sensação de insegurança durante a viagem.
PRINCIPAIS DICAS
Visto & imigração. Brasileiros não precisam de visto para visitar Israel por até 90 dias a turismo. O mesmo vale aos portugueses. A principal exigência é ter o voo de retorno e, de preferência, reservas de acomodação já feitas (se puder, imprima-as para facilitar).
A Palestina é, legalmente, um país diferente, mas na prática ela desde 1967 carece de controle sobre suas fronteiras. Tudo em matéria de segurança é governado por Israel, então seus trajetos por aqui serão, para todos os efeitos práticos, como se você estivesse dentro de um país só.
Eu fiz um post detalhando todo o procedimento de chegada e de saída no Aeroporto Internacional Ben-Gurion, aquele por onde se costuma chegar e sair.
À altura de 2023, já não havia quaisquer exigências relacionadas à Covid-19. Não exigem mais teste, nem comprovante de vacinação, nem o preenchimento de formulário nenhum.
Clima, quando vir & melhor época. Israel e Palestina são um lugar seco, árido, e relativamente quente. Os invernos (dez-mar) são menos frios que os do Sul-Sudeste do Brasil. Pode-se perfeitamente pegar 15ºC em Tel Aviv, 20ºC em Haifa, e 12ºC em Jerusalém, às vezes com sol, às vezes com chuviscos.
No verão (jun-set), se prepare para os 35+ graus. Vai um pouco do gosto do freguês. Conheço quem se apavore com 15 graus de “frio” e quem fique indócil sob o calor.
Tenha em mente que muitos lugares exigem ombros e joelhos cobertos para deixar você entrar. Então, se vier em épocas quentes, tenha mesmo assim roupas compridas.
O fundamental, eu diria, é evitar o período do Ramadã, mês sagrado para os muçulmanos e quando os ânimos aqui se acirram. A época do Ramadã é lunar, portanto varia ao longo do tempo, mas atualmente tem sido nos idos de abril-maio. Eu também não recomendaria as vizinhanças da Semana Santa, quando você terá bem mais dificuldade de visitar os lugares religiosos devido à quantidade imensa de gente — e pode acabar indo embora sem vê-los.

Segurança. Não deixe que preocupações com segurança incomodem demais a sua viagem. Israel e Palestina são bem mais seguros que o Brasil. Você praticamente não tem daquela criminalidade de rua comum pela América Latina e partes da África. Mesmos nas pobres cidades palestinas, eu não vi nada dessa coisa de batedor de carteira, ladrão de celular, nem nada dessas coisas. Não bobeie demais, pois pode haver furto, mas no mais, fique tranquilo.
Se você for se pautar pelo noticiário, não vai vir nunca — como também jamais iria ao México ou à Colômbia, dois países maravilhosos. Saiba que quem fica assim paralisado pelo medo está sendo enganado por uma mídia que só fala do que não presta e omite o que há de bom.
Um tanto como nas grandes cidades do Brasil, você todo dia terá notícia de que no bairro tal alguém foi atacado, ou que houve durante uma noite uma incursão na favela tal, mas a vida segue. A resolução desses problemas é questão política que precisa de atenção — como no Brasil —, mas não afeta a sua viagem.
Tenha o passaporte sempre consigo, sobretudo em Jerusalém ou na Cisjordânia, caso haja qualquer checagem pelas forças de segurança, e seja feliz.

Dinheiro & Câmbio. A moeda de Israel é o shekel (ou “novo” shekel, mas ninguém fala assim). O câmbio naturalmente flutua, mas à altura de 2023 um dólar americano estava coisa de 3,60 shekels (abreviado ILS).
Se quiser, você pode pensar em 1 ILS = 1,5 BRL, mas a conversão em reais vai assustá-lo, porque os preços em Israel são altos. Não se deixe enganar por essa cotação aparentemente camarada.
A Palestina não tem moeda própria, e usa predominantemente os mesmos shekels de Israel. Há quem aceite dólares ou euros aqui e ali (quem rejeita?), mas não ache que pagar as coisas em moeda estrangeira seja coisa corrente aqui.
No geral, tudo é em shekels. Há casas de câmbio no centro de Tel Aviv, em Jerusalém, no Aeroporto Ben-Gurion, assim como em cidades palestinas, mas fora dessas, a coisa já fica um pouco mais rara.
Cartão de crédito é aceito em quase todos os lugares — certamente por todos os hotéis e em muitos restaurantes e lojas. Só as bibocas mais humildes é que exigirão pagamento em espécie. Tenha uma combinação. Converta ou saque um tanto no caixa automático logo no começo da sua viagem e fique descansado. (Daqui a pouco trataremos dos custos).
Se você quiser conveniência, saque ou troque logo no aeroporto, pois Tel Aviv é uma cidade espalhada, e não é em qualquer esquina que se encontram casas de câmbio. Corre o risco de você perder tempo procurando.

Transporte. Você muito provavelmente chegará de avião pelo Aeroporto Ben-Gurion, e todo o mais aqui se passa no chão. Voo doméstico não é algo que se faça em Israel.
Quem sempre gosta de alugar carro pode alugar carro, mas isso está longe de ser algo essencial. Israel é um país bem pequeno (do tamanho do Estado de Sergipe) e com uma boa malha viária e ferroviária. Todo o transporte de trem e ônibus é integrado no país. Com o mesmo cartão de transportes você utiliza tudo.
Vale adquirir o cartão Rav-Kav (significa “múltiplas linhas” em hebraico) logo na chegada ao aeroporto após trocar dinheiro. O plástico só se compra em espécie com shekels, mas aí você pode carregar crédito da forma que quiser. No post inicial no aeroporto eu mostrei o lugar e como fazer.
Se você seguir o meu Roteiro de 12 dias por Israel e Palestina, 200 shekels de carga serão o suficiente. Transporte é das poucas coisas baratas em Israel.

Os trens em Israel são quase um metrozão. Parece que você está trafegando na Grande São Paulo (só que com bem menos zona). Não há vagão restaurante, nem carrinho de café, nem wi-fi, nem nenhum dos confortos das viagens de trem na Europa. São locomotivas relativamente simples, de fabricação dinamarquesa, mas confortáveis.
Os trens são plenos de mini-atrasos de 5-10 minutos, mas no mais funcionam em ordem, e por sorte estão integrados com o mesmo cartão de transportes usado nos ônibus em qualquer lugar do país. Não há reserva de lugares em trem específico nem assento marcado. Como na Holanda e alguns outros países, é no esquema smart card de bate pra entrar e depois bate pra sair, e o que é deduzido do seu cartão é equivalente à distância que você viajou.
Minha crítica maior é que a maioria dos trens aqui não têm espaço adequado para bagagens. O espaço acima das poltronas é ínfimo — acho que só cabe mala de executivo, e olhe lá. Acaba sendo uma coisa ridícula em que os espaços vão quase sempre vazios, e as pessoas — turistas como israelenses — plenas de bagagem no chão.

Há estações de trem em quase todo Israel, numa boa malha ferroviária, mas não há trens na Palestina. Algumas cidades, como Haifa e Tel Aviv, inclusive têm várias estações. Só atente que — talvez à exceção de Jerusalém — elas não são centrais como as estações ferroviárias europeias, nem aquela coisa elegante e aconchegante com ar de shopping chique. Lembram mais terminais suburbanos de concreto, de onde você às vezes precisa caminhar ou tanto ou tomar transporte até o centro.
Todas as estações aqui possuem um raio-x simples e fiscais de segurança à entrada, igual em certos outros países da Ásia, como a Índia. Eles possivelmente perguntarão se você não está levando faca, objetos cortantes etc., mas não precisa se preocupar com aquela tesoura de unha guardada na mala.
Só atente que não há circulação de trens durante o shabbat, ou seja, da tardinha de sexta até a noite de sábado.
Os ônibus é que acabam sendo o meio principal de deslocamento em Israel, embora eles também em geral parem durante o sábado. Via de regra, não precisa reservar nada, exceto ônibus para Eilat, no Mar Vermelho, o que você faz pelo site oficial, onde também pode pesquisar horários etc. Mas o Google Mapas tende a funcionar bem.

Os motoristas de ônibus dentro da cidade são iguais aos do Brasil — disparam e freiam na doida como se estivessem carregando boi em vez de gente. E, volta e meia, o Google Mapas diz que o ônibus está vindo, só que não, sobretudo em Jerusalém. Nem estranhe nem se incomode, só não planeje trajetos apertados em horário de pico. A coisa às vezes fica um pouco “à brasileira”, mas no geral funciona bem.
Em pleno 2023, as informações nas paradas de ônibus e os anúncios de áudio dentro do ônibus são só em hebraico e árabe, então o Google Mapas será mesmo o seu melhor amigo na hora de entender qual ônibus tomar para onde. No muito, os ônibus mostram no visor o nome da próxima parada em inglês — e só. Como nos pontos de ônibus eles escrevem os nomes da parada só em hebraico e árabe, não da nem para ler o que está escrito. Fica atrás das principais capitais europeias e de cidades brasileiras inclusive, onde há anúncios em inglês e informação mais legível.


Por fim, vale dizer que os ônibus também operam Palestina adentro. Mas, via de regra, para cruzar para a Cisjordânia, é preciso ir primeiro para Jerusalém — que, na letra da lei, é a capital de ambos os países. Ali a coisa fica mais complexa e em espírito de apartheid, com linhas previstas para judeus em estradas para veículos com placa israelense e linhas previstas para árabes palestinos, saindo de lugares diferentes na cidade.
Os ônibus israelenses (com vidro à prova de bala) saem da estação central de ônibus de Jerusalém, em frente à estação ferroviária Yitzhak-Navon. Já os ônibus palestinos costumam sair do terminal a céu aberto logo fora do Portão de Damasco (Damascus Gate), na cidade velha. Daqui é que você se encaminha para Belém, Ramalá, e outros destinos dentro da Palestina.
Tenha seu passaporte consigo quando adentrar a Palestina, mas via de regra, não há qualquer cruzar de fronteira, só checagens militares ocasionais — um pouco como acontece quando seu ônibus no Brasil para em blitz da polícia e eles entram pedindo documentação ou revistando os homens.
Jerusalém possui ainda uma linha de bonde elétrico que, naturalmente, também funciona com o Rav-Kav e é super moderna, levando das estações rodoviária-ferroviária até os portões da cidade antiga e além.

Custos & Acomodações. Israel é um país caro, e os hotéis são parte importante desse custo — sobretudo em Tel Aviv. Não se surpreenda se 2 noites aqui saírem pelo preço do que seriam 3 noites em Amsterdã, Paris ou Berlim.
Claro que os custos exatos irão variar de acordo com o seu nível desejado de conforto, mas hotéis 3 estrelas aconchegantes, daqueles com café da manhã incluso, cobram em média 150-200 euros por noite num quarto duplo. Haifa e Jerusalém podem ser ligeiramente mais baratas, mas dificilmente baixa muito de 120-150 euros a diária. (Estou dando o preço em euros por referência, mas o valor virá em shekels, e quase sempre se pode pagar com cartão de crédito.)
Dito isso, eu não sei se dei sorte, mas achei os hotéis em Israel super agradáveis, com wi-fi potente (e sem aquela firula de ficar toda hora re-validando), cafés da manhã abundantes, e por vezes máquina de café boca-livre na recepção.

O outro principal custo afora os hoteis serão os day tours. Você não precisa deles para percorrer cidades grandes como Tel Aviv, Haifa ou Jerusalém, mas os tours bate-e-volta com agências de viagens como a Bein Harim ou a Abraham Tours são super úteis na hora de visitar lugares históricos espalhados, como os da Galileia, ou Jericó, Qasr el-Yahud (lugar do rio Jordão onde dizem que Jesus foi batizado), Massada e o Mar Morto.
Em média, cada um deles custa na faixa de 100 dólares por pessoa. Dou em dólares porque eles costumam mostrar os preços em dólares. Alguns custam menos, beirando os 85-90, e outros vão a 120-130. Aí dependerá de quantos você deseja fazer. Eu tentei fazer todo o possível (afinal, levei décadas para finalmente vir à Terra Santa, e não sei quando retorno), então foram aí quatro tours: Nazaré & Galileia, Belém & Jericó, Massada & Mar Morto, e Hebron. Nisso aí vão uns USD 500 por pessoa no total.
Transporte é das raras coisas baratas no país. Carregando seu cartão Rav-Kav com 200 shekels (o equivalente a 50 euros), você roda à vontade por quase duas semanas.
Daí tem a alimentação, que tampouco é barata, mas cujo preço varia bastante. Restaurantes bacanas em Israel podem ser caros (pense 30-50 euros por pessoa numa refeição), mas um prato padrão com húmus, falafel, pão chato etc. sai por coisa de 10 euros em lugares despretensiosos. Você consegue ainda menos se comer em bibocas de rua.
O cômputo total? Como sempre, varia a depender dos seus hábitos, mas se for fazer todos os tours acima e ficar em hotéis 3 estrelas, pense em cerca de USD 2500-3000 para duas pessoas (já que a acomodação é partilhada) para uma estadia de 12 dias.

Comes & Bebes. Esta não é uma região de graaaaandes iguarias culinárias (sei que os fãs vão discordar), mas há algumas coisas dignas de nota.
O feijão nosso de cada dia aqui é o pão chato acompanhado de húmus, aquela pasta de grão-de-bico com azeite de oliva. É delicioso, ainda que depois de vários você talvez enjoe. Via de regra, tem-se aqui daquela mesma culinária do Levante que circula no Brasil como “comida árabe” (mas que é, especificamente, aqui desta região devido à imigração sírio-libanesa, e que pouco tem a ver com o que comem os árabes do Iêmen, do Egito ou do Marrocos).
Prepare-se para aqueles típicos bufês de saladas árabes geralmente carregadas de vinagre, com volta e meia algum toque turco na forma de feijões fava e legumes temperados ou grelhados, como pimentões e berinjelas. Afinal, tudo isto era Império Turco Otomano de 1517-1917, e a gastronomia era uma só.
Um diferencial é o café árabe, que como o turco traz o pó dentro, mas que — ao contrário do turco — leva cardamomo. Vale a pena experimentar. Tampouco saia sem provar um knafeh, que se destaca em meio àqueles melados doces árabes. O knafeh é caracteristicamente palestino, original da cidade de Nablus, com queijo de ovelha cremoso dentro. É um pecado de gostoso. Se vier quentinho então, você morre.

No mais, há também os vinhos de Israel, mas aí vai do seu ethos, já que vários deles provêm de assentamentos ilegais dentro dos Territórios Palestinos.
Idioma. Quase todo mundo é fluente ou fala pelo menos algo inglês tanto em Israel quanto na Palestina, mas muita coisa está escrita só em hebraico ou em árabe — avisos, recibos, e às vezes rótulo de vitrine de lanchonete dizendo o que tem dentro de cada pão.
Cheguei a ter que passar a máquina do cartão de crédito ao vendedor para ele ler o que é que a máquina dizia e quando era a hora de colocar a senha. Nada do outro mundo, nem que tenha me impedido de fazer nada, mas não se iluda: eu vi mais inglês em metrópoles como Amsterdã e Estocolmo que aqui em Israel.
Dito isso, você se vira bem com o idioma de Shakespeare por estas bandas. Não é raro se deparar com judeus brasileiros por aqui, e há também empresas que oferecem tours em espanhol (a Bein Harim, por exemplo).
Wi-fi e conectividade. Israel tem dos melhores wi-fi que já vi mundo afora. As conexões tendem a ser velozes, estáveis, e estão quase por toda parte.
No mais, você tem boa cobertura de celular tanto em Israel quanto nos Territórios Palestinos. Não ache que está indo para o interior do Congo ou algum lugar sem infraestrutura.

Aonde ir, e quantas noites em cada cidade? Israel e Palestina são lugares que com coisa de 10-12 dias você vê relativamente bem. A duração ideal depende um tanto dos seus interesses, mas eu diria que menos de uma semana fica muito apertado.
Eu cheguei a detalhar uma sugestão de Roteiro de 12 dias no post anterior. De modo geral, com duas noites em Tel Aviv você vê o seu principal — ela não é uma cidade especialmente turística, e seu bairro histórico (Old Jaffa) você vê bem numa tarde. Adicione, se quiser, uma terceira noite para fazer um tour de bate-e-volta a Nazaré e o restante da Galileia, que é melhor visitada a partir de Tel Aviv que de Jerusalém. (Não vi necessidade de dormir lá.)
Jerusalém é, realmente, o ápice de qualquer viagem a Israel e Palestina. Ela própria tem lugares que consomem vários dias, e de lá saem os tours Palestina adentro (a lugares como Belém, Hebron, Jericó, que ficam na Cisjordânia, assim como a Massada e o Mar Morto no sul de Israel).
Eu, inclusive, sugiro vividamente que você deixe Jerusalém para o final da viagem, pois senão ela pode empalidecer o restante. Eu cheguei a fazer nada menos que cinco postagens sobre a cidade: sobre a Via Dolorosa e a Igreja do Santo Sepulcro (Parte 1), o Monte do Templo, Domo da Rocha e Muro das Lamentações (Parte 2), o Cenáculo, lugar da Última Ceia (Parte 3), o Bairro Judeu, com ruínas romanas e a Tumba do Rei Davi (Parte 4), e o Monte das Oliveiras, com o túmulo de Maria e os Jardins do Getsêmani (Parte 5).


Se você fosse ficar exclusivamente em Jerusalém, eu diria que 3 noites seriam um mínimo do mínimo na cidade. Quatro noites me parece mais razoável, e daí mais se você quiser fazer tours bate-e-volta saindo daqui. Eu fiquei um total de 6 noites em Jerusalém e achei na medida para o que eu queria.
Como coloquei, cidades bíblicas e históricas como Belém, Jericó e Hebron ficam dentro dos Territórios Palestinos, assim como a capital palestina de fato, Ramalá. Não vi necessidade de se dormir em nenhuma delas, a menos que você queira fazer uma imersão maior. Pesquisa as opções de tours com agências como a Bein Harim ou a Abraham Tours, pois vários percursos combinam várias delas num só dia.
(Os tours da Bein Harim são mais convencionais, com ênfase bíblica ou histórica. Já os da Abraham Tours atendem a um público mais crítico ou mais jovem, e abordarão questões contemporâneas, como as tensões entre Palestina e Israel.)


E o Mar Morto? O famoso Mar Morto é perfeitamente visitável num bate-e-volta a partir de Jerusalém — e possivelmente num tour combinado com Massada. Há quem pernoite na costa do Mar Morto, plena de resorts, mas francamente isso só é recomendado a quem curte ficar lá lagarteando no sol sem fazer nada. A própria água do Mar Morto, pela quantidade absurda de sal, não se recomenda para banhos mais longos que 20 minutos. Se é pela experiência de vê-lo, flutuar etc., um tour lhe dará as horinhas necessárias para tudo isso. Tampouco é o Caribe.
Por fim, se você ficar tempo o bastante na região, tire umas 2-3 noites para visitar Haifa e Acre no norte de Israel. Eu diria que elas são menos importantes que Tel Aviv e Jerusalém, mas têm o que ver. Haifa é uma cidade do século XX, relativamente contemporânea, mas com o famoso Monte Carmelo e um impressionante Jardim da Fé Baha’í que vale visitar. Já Acre foi capital medieval dos cruzados, e tem ainda uma medina árabe e otomana.


Compras & Souvenirs. Não faltam artigos religiosos Terra Santa afora. Você não precisa estar especificamente em Jerusalém para encontrá-los, ainda que ali haja a maior concentração deles.
Não faltarão pacotinhos com amostras de chão da Terra Santa, água benta, azeite etc., além de camisas com dizeres políticos sobre Israel ou a Palestina. A quem busca imagens sacras, os lugares mais em conta costumam ser as lojinhas de igrejas ortodoxas gregas. Como de hábito, cuidado com os preços das lojas onde os tours o levam.
Vale também lembrar que estamos no Oriente Médio. Os centros de cidades como Nazaré, Belém, Acre e Jerusalém são verdadeiras medinas árabes, como as de Marrakech no Marrocos, plenas de ervas aromáticas, doces e artesanias diversas. Se é essa a sua praia, aproveite, pois dá para achar coisas autênticas. Israel e Palestina têm muito de religião (e política), mas também muita tradição e cultura a lhe mostrar.

Se você ficou com alguma dúvida, quer algum toque, ou tem alguma pergunta que eu não respondi, é só pôr abaixo nos comentários.