Kpalime 1 01b
Togo

Jornada em Kpalimé pelo interior do Togo na África Ocidental

(Este será um post longo.)

Há muitas Áfricas, eu gosto de dizer. Esta, no ocidente do continente, não é exatamente aquela África do Congo — de Tarzan, com seus gorilas, rios imensos e densas florestas equatoriais. Tampouco é a África do Simba, do Rei Leão, do Serengeti, que vos mostrei em viagem à Tanzânia. Essa última é a África Oriental. 

Todas são lindas, cada uma à sua maneira, mas esta de cá é a África Ocidental, dos temperos com dendê, do inhame, e de matas que se assemelham às nossas da costa atlântica brasileira. Não houvesse o oceano no caminho, se poderia facilmente imaginar um contínuo ligando o Brasil a esta África de cá, com as muitas espécies de plantas que os portugueses levaram de uma costa à outra. Tanto as árvores quanto as comidas são semelhantes; e, no caso da cultura negra brasileira, as semelhanças abundam no vestuário e nas religiões também.

Só que esta África de cá é bem mais pobre que o Brasil. O PIB do Togo é menor que o do Estado de Sergipe. A precariedade é visível a olhos nus — sobretudo no interior. Há diferenças culturais de hábito também. Não importa a semelhança na cor da pele, os africanos tendem a ser mais circunspectos que nós — tão abertos — nas Américas, e eles aqui no Togo são definitivamente mais quietos que os brasileiros. Ainda assim, talvez seja uma diferença menor que aquela entre brasileiros e portugueses.

Hoje, era dia de rumar ao interior do Togo a conhecer Kpalimé [lê-se Kpalimê], uma região de colinas e cachoeiras no interior deste país — dia de tomar a estrada e ver um ambiente distinto deste da costa, onde há 600 anos as atividades econômicas desta África Ocidental se concentram. Kpalimé também acontece de ser o principal destino turístico no Togo, veremos por que.

Kpalime 1 03
Hora de rumar ao interior do Togo, na África Ocidental.
Kpalime 1 04
…e descobrir um pouquinho sobre as coisas daqui.
Kpalime 1 02
Este é Anatole, a companhia do dia na jornada a Kpalimé, também famosa por suas trilhas e cachoeiras.

Tomando a estrada no Togo

A coisa de 8h da manhã eu conheci Anatole, um chapa de seus 50 anos mas aspecto de 40. Talvez o uso do boné casual em tons militares e seu jeito brincalhão lhe dessem certa jovialidade. Eu o fiz esperar um pouco ao que terminava o meu café da manhã, e às 8:30 saímos. As pessoas aqui trabalham na mesma flexibilidade informal do Brasil. Ele não se importou de esperar, nem eu me importei que antes de irmos ao passeio ele precisava “só passar ali rapidinho antes para deixar um documento”.

Tomaríamos a estrada para o que nos seria um dia sem chuvas nem tempestades hoje — aleluia. Depois de a chuva quase virar meu barco no Lago Togo, eu estava um tanto ressabiado.

Você leva um tempo saindo de Lomé. Não há dos engarrafamentos travados que há em países emergentes como Brasil ou Indonésia (os da Indonésia são piores que os do Brasil, faça-se saber), mas há aquela muvuca de entorno de cidade — as barracas muitas naquela faixa de terra à beira da pista, as ocasionais pessoas atravessando sem muita prudência, os que caminham à beira da estrada transportando coisas, muito deles no lombo, etc. 

Inclusive, os togoleses — e, me parece, muitos africanos em geral —  têm o costume de encher os seus carros de mercadorias até sair pelo ladrão. Como a polícia pelo visto não os impede, as sacolas de coisas — ou coisas sem sacolas, como cachos de bananas — tomam todo o fundo do carro, com a mala aberta e a ponto de cair algo na estrada, para não falar do teto do carro que às vezes triplica em altura com a montanha de coisas.

Kpalime 1 05
Aqui no Togo as pessoas às vezes viajam com os carros assim. Não são apenas um ou dois, mas vários.
Kpalime 1 06
Dica para sua próxima viagem de fim de feriadão.

As estradas propriamente ditas eu achei surpreendentemente boas. Melhores que em alguns rincões brasileiros. (Claro que, vale lembrar, aqui estamos ainda nas cercanias da capital. Os rincões do Togo não têm estradas que não de chão.) Houve “obras na pista” em muitos lugares e necessidade de fazer desvios. 

Seríamos parados umas quatro vezes em checagens do que eu chamaria de Polícia Rodoviária, mas que aqui é só Polícia. Verificam os documentos do motorista, às vezes fazem aquela troca de saudações no bom estilo camaradagem masculina, e às vezes pedem para olhar o triângulo, essas coisas. Anatole me assegurou que aqui eles não pedem suborno, mas não fiquei com essa confiança toda.

Eu me entretinha vendo a paisagem e o movimento de gente. Não falta gente passando nem banquinhas vendendo toda sorte de coisas.

À beira da pista, mais adiante, veríamos breves plantios de teca (teak, em inglês), árvore tropical asiática cultivada pela madeira. Veríamos também uns milharais simples, mas a maior parte da paisagem tinha mesmo aspecto de matagal, que nem era propriamente uma área conservada nem era um roçado. 

Kpalime 1 11
A saída de Lomé não é muito diferente das periferias do Brasil tropical.
Kpalime 1 14
Num desvio, uma mulher juntava lenha para cozinhar.
Kpalime 1 13
“Lá vai Maria, lata d’água na cabeça”. As mulheres africanas caminham léguas e transportam toda sorte de coisas na cabeça. Ali ia lenha, mas às vezes vinham com inhames ou legumes também.
Kpalime 1 08
Há óbvia pobreza rural aqui, mas as roupas não deixavam de me encantar.
Kpalime 1 07
O sol resplandecia na África, e ali a criança na barraca vendendo legumes e raízes. Se você olhar bem, verá também uma pequena cabra.
Kpalime 1 16
Vista comum por aqui eram estas banquinhas vendendo frascos de molho de amendoim. É um cultivo comum aqui e muito usado na gastronomia local — como vocês verão.

Ao que prosseguíamos rumo ao interior, o calor diminuía, o ambiente se tornava mais fresco e ganhava colinas ao redor.

Algumas árvores se faziam presentes no horizonte — inclusos aí ocasionais baobás, não muitos — e eu via a semelhança maior deste lugar com a Mata Atlântica brasileira que com a África à là Rei Leão que eu havia visto no lado leste do continente, na Tanzânia com suas planícies do Serengeti entre outros. Isto aqui me pareceu um ecótono (zona de transição) entre a mata brasileira e a África, malgrado o oceano que nos separa.

Para o bem ou para o mal, os portugueses fizeram um trabalho intenso de trocas que hoje faz com que haja praticamente as mesmas espécies tanto lá quanto cá. Afora as árvores em que o olho dá, o inhame da África foi para o Brasil, e a mandioca sul-americana veio à África; o milho americano veio para cá, junto com o abacate, o amendoim que eles aqui amam e as pimentas coloridas. Foi da África ao Brasil o dendezeiro, o quiabo e tantos outros. Veio das Américas o chocolate, foi-se da África o café.

Não faltam tampouco as muitas coisas asiáticas que vieram a ambos os outros continentes, como o arroz, a banana ou a graviola.

Kpalime 1 09
Estamos trabalhando para melhor servi-lo.
Kpalime 1 12
O ambiente perdia algo do calor tropical da costa e ganhava certo frescor nestes tons de colinas ao que íamos a Kpalimé.
Kpalime 1 10
Anatole e eu na pista.

Anatole era amigo de Michel, que vos apresentei no post anterior em Lomé, mas mais contido e menos dado a gracejos.

Fomos conversando no carro, e ele achou curioso eu lhe dizer que seu nome provinha da península da Anatólia, onde hoje fica a Turquia, e que do grego Anadolu, quer dizer “onde o sol se levanta”. (Mairon também é cultura.) Anatole é nome masculino na França, ainda que hoje seja lá ligeiramente arcaico. Nas ex-colônias, não é raro que essas coisas fiquem. Com os francófonos ocorre um tanto o reverso do que se dá entre Brasil e Portugal, em que este é que preserva nomes de avó feito Amália ou Maria Inês.

A propósito, as pessoas aqui são perdidas na geografia. Anatole pensava que Portugal ficava na América do Sul.

Kpalime 1 15
Bem-vindos a Kpalimé, a região mais turística do Togo.

Kpalimé, “o nódulo do turismo no Togo”

Levamos coisa de 2h30 para chegar desde Lomé a Kpalimé, que se revelaria uma cidadezinha espalhada em meio às colinas verdes. Logo aqui ao lado, está o Monte Agou [lê-se Agu], o maior do Togo.

Esqueça por aqui aquelas cidades coloniais compactas — típicas do interior da América Latina — com praças, a igrejinha diante da prefeitura, etc. Aquilo aqui não existe, o que existe são áreas rurais entrecortadas por estradas e com uma coisa aqui e outra lá. De pé, seria duro visitar. (Não vou dizer “impraticável” porque milhões de africanos fazem exatamente esse tipo de coisa, mas como turista não é prático. Você passaria a maior parte do tempo em beira de pista, ou de rua com cara de pista, caminhando 20 minutos para cá e 40 para lá.)

Anatole então, animado, foi logo dizendo que Kpalimé é “o nódulo do turismo no Togo”. Orgulhoso, foi me dizendo que ali vinham a maior parte dos turistas estrangeiros, que havia mais de 300 hotéis na cidadezinha, que há as cascatas na região de clima ameno e também legado dos períodos coloniais alemão e francês.

Nossa primeira parada? Ir reservar o almoço para mais tarde no restaurante, pois aqui se você aparecer sem aviso prévio, é capaz de ter que esperar mais de 1h até a comida ficar pronta.

Kpalime 1 17
Macumba (!), o restaurante que elegemos. A palavra é importada do Brasil — não tem significado nenhum aqui. (Origina-se do quimbundo, língua de Angola, para denotar um instrumento de percussão que os escravos usavam. Daí ganhou outras significações.)

Parecia que eu estava na Bahia, só que mesmo na Bahia um restaurante ficaria cheio de dedos para abraçar esse nome assim. Aqui, vira um gracejo cultural importado.

O pedido foi fufu com peixe no molho de amendoim apimentado. Eu havia deixado claro a Anatole que queria almoçar algo africano e não as coisas genéricas que dão aos turistas europeus (tipo peixe no molho de tomate com arroz). Disse a ele que isso eu como em casa. Fufu no amendoim eu não como em casa. Serviriam-nos dali a algumas horas; era fim de manhã quando chegamos, e agendamos o almoço para as 14h, esperando que fosse tempo suficiente para prepararem.

Enquanto isso, subimos a serra rumo às cachoeiras de Kpalimé.

Kpalime 1 18
Pelas ruas de Kpalimé, Togo, com seu resquício de obras coloniais. Todavia, não é um lugar para se andar a pé como nas cidades coloniais latino-americanas — tudo é muito espalhado.
Kpalime 1 19
A vida aqui.
Kpalime 1 20
Esta África Ocidental seguia me lembrando mais o Brasil que qualquer outro lugar.

Cachoeiras em Kpalimé

Eu vim com a disposição de tomar banho de cachoeira hoje. É o que há de mais emblemático em Kpalimé, e quem já tomou banho de cachoeira sabe que é uma experiência única. (Quando escuto amigos europeus de mais de 40 anos dizerem que nunca tomaram banho de cachoeira na vida, meu coração se aperta de angústia. Dá vontade de pagar uma passagem de avião à pessoa para uma das chapadas do Brasil pra ela saber o que é a vida.) 

Eu preciso alertar que estas não são as cachoeiras enormes e pujantes do Cerrado brasileiro (não espere uma Chapada Diamantina ou dos Veadeiros aqui), mas são belas cascatas entre árvores e rochas que me lembraram a Mata Atlântica.

Tomamos a estrada, subindo as colinas, e a ambiência me lembrou algo da Floresta da Tijuca — aquela coisa meio modificada pelo homem, mas frondosa.

Num dado momento, passamos com o carro por uma estrada margeada por mangueiras plantadas por um alemão do passado, do tempo colonial germânico aqui (1884-1914). Segundo Anatole, ele havia preparado o lugar com um refúgio para si e sua mulher húngara — mas após 3 dias morando aqui, ela não gostou e eles teriam ido embora.

Kpalime 1 25
As mangueiras plantadas que hoje embelezam esta via nas colinas de Kpalimé, Togo.
Kpalime 1 21
Ares de Floresta da Tijuca.

A bem da verdade, depois eu fui tirar a história a limpo, e acho que Anatole se atrapalhou.

No período colonial, os alemães tomaram posse daqui para assegurar estas terras ao seu Kaiser em face aos britânicos na vizinha Gana — fronteira que está a poucos quilômetros. O comissário imperial para a então colônia de Togoland, Jesko von Puttkamer, que era sobrinho da esposa de Otto von Bismarck, fez-se então uma morada aqui nestas colinas de clima ameno.

Ele tinha admiração por uma princesa húngara que as más línguas dizem ter sido sua amante, Maria Esterházy (1859-1926), apelidada de “Misa”, e a ela dedicou esta colina onde estamos — Misahöhe (algo como o “Alto de Misa” em alemão), que os togoleses hoje chamam Misahoé. Eu visitei o Palácio dos Esterházy na visita à hoje austríaca cidade de Eisenstadt. Você veja como o mundo é pequeno.

Não me consta que dona Maria “Misa” Esterházy tenha jamais pisado aqui no Togo, mas vai saber.

Kpalime 1 22
Nós pisando na colina chamada de Alto de Misa (atual Misahoé) no Togo. Vê-se, curiosamente, uma bandeira alemã ali no barraco.
Kpalime 1 24
A primeira cachoeira que vimos nesta região de Kpalimé. A água é fria pelas colinas, mas nada a que você não se habitue logo.
Kpalime 1 23
Cachoeira nestas colinas da África Ocidental. Kpalimé, Togo.

Às vezes, é preciso dar um trocado à comunidade ou a algum funcionário do governo que está ali supostamente para coletar uma tarifa turística. Se o dinheiro vai para algum lugar ou fica no bolso da pessoa, não sei. São valores módicos, mas achei bobo chegarem ao ponto de cercar uma cachoeira para que não fosse vista da pista e você precisasse pagar para ver.

Em algumas você se banha, já em outras, só olha. Como eu estava determinado a me banhar, fomos a outra. Algumas maiores estavam inviáveis devido às chuvas recentes, segundo Anatole, mas fomos a uma que estava acessível. (São dezenas, se não centenas, de cachoeiras aqui. Boa sorte tentando tomar pé de cada uma delas pelo nome.)

Acabamos pegando uma trilha não muito longa até a Cascata Tokpli (busque por Tokpli Waterfall ou Cascade Tokpli se quiser), onde finalmente me banhei para tirar as inhacas do corpo. Renovador. 

Não tive como registrar bem com a câmera, pois elas não paravam quietas, mas o mundo de pequenas borboletas amarelas circulavam como revoadas lá e cá. Era lindo, como se você estivesse em algum Éden encantado. Só depois eu descobri que apelidam esta de Trilha das Borboletas, e eu entendi o porquê.

Kpalime 1 30
A dita Trilha das Borboletas que percorremos até a Cascata Tokpli, sob o sol do Togo — mas aqui nestas colinas não faz tanto calor.
Kpalime 1 31
A pessoa feliz.
Kpalime 1 32
!

Cachoeira é vida, todos nós sabemos.

Os africanos de hoje são muitas vezes meio pudicos (agradeça ao missionarismo árabe islâmico e cristão europeu dos últimos séculos), então perguntei a Anatole se teria problema eu ficar sem camisa. Eu não havia trazido toalha. Nós ainda circularíamos um pouco pela área, e ele disse que tudo bem.

Passamos pelas mangueiras plantadas e por umas áreas de vilarejo, onde não demoraram a aparecer uns meninos a nos seguir e pedir um trocado. Paramos ainda para ver um cidadão que pintava e vendia seu trabalho. Foi distribuindo suas coloridas telas no chão uma a uma, naquele jeito que até dá vontade de comprar só pelo esforço da pessoa, mas não fiquei tão cativado pelo estilo e escolhi ser leal ao meu sentimento.

Kpalime 1 26
As frondosas mangueiras plantadas nestas colinas de Kpalimé, Togo. Vê-se aqui uma banquinha de bananas e abacates.
Kpalime 1 27
Esta casa pertencia aos alemães aqui antes de 1914.

Quem quiser, pode ir ainda ao chamado Château Viale, uma mansão construída aqui pelos franceses nos anos 1940. (Château tanto é originalmente “castelo” quanto designa uma mansão assim no campo). Não fiz muita questão, e preferi tocar caminho.

Kpalime 1 33
O artista nesta zona rural que tanto me lembrava o Brasil.
Kpalime 1 29
Anatole lá adiante lidando com a criançada que apareceu.
Kpalime 1 28
Queriam um trocado. Ou dois. Ou um pra cada. Era hora de retornarmos para ver se nosso fufu já estava pronto.

O nosso almoço típico: Fufu no molho de amendoim

Retornamos à Macumba, ao restaurante. Deixávamos para trás aquelas elevações frescas, colinas verdes, e descíamos de novo a Kpalimé cidade.

No caminho, fomos conversando sobre frutas. Eu descobri que eles aqui não comem a fruta do cacau. “Ah, vocês usam aquela polpa?”, indagou Anatole surpreso. Informei-lhe que era muito saborosa; se alguma dia vai experimentar, não sei. Também me explicou que eles aqui tiram as bananas ainda verdes do pé para amadurecer fora da planta, se não passarinhos e macacos comem. Não ficam indignas como as bananas que chegam de navio aos supermercados europeus e norte-americanos, mas não são as bananas-prata do Brasil.

Chegamos enfim ao restaurante a coisa de 14h30. Seu notório ponto de acesso é um contêiner feito de ponte — o carro se mete por dentro até sair do outro lado.

Indagamos sobre nosso fufu com peixe, e nos disseram que o peixe no molho de amendoim já estava pronto, mas que o fufu eles iriam ainda pilar, porque precisava ser “na hora”. Deu-me a chance de assistir à pilação. 

Kpalime 1 34
Descascando o inhame. Ele é nativo aqui da África, enquanto que a mandioca é sul-americana. Os portugueses intercambiaram as duas, que hoje são comuns em ambos os lados do Atlântico tropical.
Kpalime 1 35
A pillage se dá com o inhame cru para fazer o fufu. Pode alguém pilar sozinho, mas eles também sabem fazê-lo em ritmo.

Você pode ver uma palhinha na pilagem no vídeo abaixo, que fiz nos fundos do restaurante.

 

Os africanos muitas vezes são circunspectos, bem mais que os brasileiros. O próprio vídeo talvez deixe isso claro. Então não imagine aquela coisa animada — à là Bahia — de “Venha! Venha ver! Chegue mais!“. Os piladores não me fizeram muito caso. Podemos deixar todos os estereótipos de raça lá no século passado, pois esses comportamentos são socialmente adquiridos, e a sociedade brasileira via de regra é bem mais informal e aberta que as africanas.

Veio o fufu, afinal. Ganhamos quatro daquelas bolas gomosas que lhes mostrei antes em Lomé, com cara de pão cru, mas sabor de inhame (também cru, pois que o fufu não passa por cozimento nenhum — e por que precisaria? Comemos cenouras cruas, beterrabas cruas, podemos comer também inhame descascado cru).

Kpalime 1 38
O inhame depois de pilado fica assim.
Kpalime 1 37
…até que fica fufu.
Kpalime 1 36
Acompanhado de um peixe no caldo de amendoim. (Quando alguém lhe sugerir que a África não tem comida nem gastronomia, saiba que é ignorância. Há problemas de insegurança alimentar em muito do continente, mas também bastante alimento e tradições culinárias riquíssimas.)

Esse molho era saboroso, com aquele grosso do amendoim num caldo também com pimentas reboculosas e uma versão curtinha de quiabo — planta nativa aqui da África e portanto com muitas variedades locais. Esses legumes verde-claro todos são pimentas inteiras, que você pode partir no prato se quiser picância. Já a coisinha verde-escura boiando é um primo curto do quiabo, mas também babento e macio quando você morde. Como o fufu se come de mão, vão-se catando as coisas a gosto.

Já o peixe era uma tilápia magra que foi mais pele e espinha, mas vá lá. Saiba que quando pedir peixe ou galinha nestes lugares, não virá filé, mas pedaços à moda tradicional. Com peixe, costuma ser o peixe inteiro. Inclusive, a cabeça do peixe aqui é vista como a parte mais prestigiosa. Anatole me disse que “Se você não comeu a cabeça, não comeu nada.” Sei.

Ganhamos cumbucas onde derrubar um fufu e pôr caldo para embebê-lo, e ali fizemos a festa do amendoim. Acho curioso como o amendoim seja uma planta sul-americana, mas mais usado nas cozinhas africanas que do Brasil.

Comeríamos em paz e a contento — fufu enche a pessoa incrivelmente rápido — até sair da Macumba para ir ver uma coisa ou duas na cidade.

Kpalime 1 42b
A pessoa com seu fufu no caldo. Come-se tradicionalmente de mão, mas — às vezes — quando veem turista eles oferecem uma colher.
Kpalime 1 42
Era uma mesa togolesa com certeza.
Kpalime 1 43
Para não dizer que não falei das flores, à saída do Macumba.
Kpalime 1 44
…e para não dizer que não mostrei o contêiner feito de ponte. Claro que nem tudo passa, nem tudo passará, mas nós passamos e repassamos.

Voltas em Kpalimé: Da catedral ao mercado

Anatole me levou a um centro de artesanato patrocinado pela ajuda alemã ao desenvolvimento (tentando pagar o karma), e dali iríamos ainda à Catedral de Kpalimé e a uma feira.

O centro de artesanatos me lembrou iniciativas comunitárias que há também no Brasil. Algumas mulheres varriam o chão com vassouras de palha, e galpões albergavam enormes quantidades de artesanias em madeira. Os preços, todavia, eram turísticos. Já que Kpalimé é “o nódulo do turismo no Togo” (nas palavras do meu bom Anatole), resolveram aproveitar. Estava tipo o triplo do que paguei pelas mesmas coisas em Agbodrafo, na viagem a Togoville

Kpalime 1 45
O povo no centro de artesanias em Kpalimé, Togo.
Kpalime 1 39
Peças de artesanato em Kpalimé, Togo. Há muita coisa em madeira, inclusive pequenas esculturas africanas, além de arte pintada.
Kpalime 1 40
A bandeira alemã se faz presente com frequência nesta sua ex-colônia. O texto diz que este centro foi estabelecido com apoio financeiro da Alemanha.

Aliás, eu verifiquei, e pelo visto é geral que os togoleses douram a pílula do colonialismo alemão e ressentem o francês.

O colonialismo francês, estabelecido aqui após 1918 com sua vitória sobre a Alemanha na Primeira Guerra Mundial (1914-1918), os togoleses percebem como sendo até hoje responsável pela pobreza e relação de dependência em que ainda vivem. Por exemplo, vai o fato de os franceses ainda controlarem sua emissão de moeda, que é fixada ao euro num câmbio que não flutua.

Já aos alemães, os togoleses atribuem um certo desenvolvimento no começo do século XX, e reconhecem bem a ajuda internacional que atualmente recebem de cooperação para o desenvolvimento. Você vê a bandeirinha alemã por toda parte em associações culturais, conservação de lugares históricos, etc.

Os alemães aqui, quando vieram, fizeram muitos quilômetros de estrada de ferro. Os franceses passaram mais tempo e só fizeram usar o que os alemães haviam construído. Não fizeram mais nem um quilômetro adicional“, vaticinou Anatole. Abafa o caso que a ferrovia alemã era para escoar produtos do Togo à Alemanha, não para os togoleses se locomoveram; mas enfim, às vezes a beleza está nos olhos de quem vê.

Fomos, então, ver a Catedral do Espírito Santo de Kpalimé, construída pelos alemães aqui ainda antes da Primeira Guerra.

Kpalime 1 50
A Catedral de Kpalimé, Togo, construída entre 1913 e 1914 ainda sob os alemães.
Kpalime 1 49
Ela foi tomada depois pelos franceses, atualmente Cathédrale Saint Esprit de Kpalimé. Tornou-se catedral apenas em 1994.
Kpalime 1 48
Passou por uma extensa restauração financiada por filantropos alemães em 2001-2003.
Kpalime 1 47
Os vitrais são todos novos, feitos por artistas locais togoleses.
Kpalime 1 46
Vitral por artista togolês na Catedral de Kpalimé. Mostra o batismo de Jesus.

Se o mundo espiritual é sublime, a vida temporal precária é. O mercado, aonde fomos após a igreja, era como as feiras rurais mais básicas que há pelo Brasil — legumes dispostos em bancas de madeira sobre o chão de terra. 

À rua, as traquitanas industriais coloridas e baratas se misturavam às frutas e verduras locais, com motos estacionadas e meninos a circular com camisa de jogador de futebol.

Quando você entra no mercado, parece um acampamento de refugiados. Pessoas sentadas ou deitadas no chão em meio aos quilos de arroz e às raízes. 

Kpalime 1 54
Vamos entrar.
Kpalime 1 52
O mercado é uma certa “zona” pobre, que lembra as feiras mais precárias do Brasil — ou as de antigamente. Produtos de limpeza ali em embalagens plásticas misturam-se aos alimentos.
Kpalime 1 53
Tomates e pimentas-verdes das que comi com o fufu.
Kpalime 1 51
Quiabos cortados e secos.
Kpalime 1 56
Farinha.
Kpalime 1 55
Milho branco, usado em mingaus e pirões aqui.

Detive-me a comprar banana-da-terra frita, eu capaz de identificar seu cheiro a léguas no mar.

Havia aquele cheiro de óleo velho misturado, mas quem se importa. “Quer molho de pimenta?”, perguntou-me a senhora vendedora diante de uma tigelinha com um molho verde de pimenta macerada. Achei macabra essa combinação — equivalente à treta dos mexicanos de pôr molho picante no sorvete ou no coco verde. Olhe que eu gosto de pimenta, mas há limites para tudo.

Dispensei a pimenta, e apreciei minha oleosa banana frita sem culpa. 

Ao que a tarde começava a querer cair — e ela aqui cai cedo —, as pessoas começavam a querer voltar para casa, e nós também. Era hora de tomar a estrada de volta a Lomé neste que era meu último dia integral no Togo, e a jornada de volta ainda me reservaria visões inesquecíveis.

Kpalime 1 57
Bananas fritas acompanhadas de molho de pimenta. Estão servidos? Eu dispensei o molho.
Kpalime 1 58
As ruas de Kpalimé, Togo.
Kpalime 1 59
Ao que a tarde caía, as mulheres com suas coisas na cabeça começavam a retornar a algum lugar.
Kpalime 1 60
O Monte Agou, o maior do Togo (nada muito drástico, com 986m).

Nossa reflexiva volta

Vi de tudo ou de quase tudo nesta volta a Lomé, inclusive coisas que não imaginava.

A beira da estrada abunda com transeuntes nos fins de tarde do Togo. Às 4h da tarde, já começam a guardar as coisas e partir. Gente que vem e que vai, sempre carregando coisas — ou vendendo. Vi mulheres a passar com feixes de galhos e lenha à cabeça, certamente para cozinhar a janta. O gás é caro, e não há infraestrutura. Vi vendedoras de queijo fresco no fim do dia; e cheguei até a ver uma mulher com uma ratazana dependurada pelo rabo a anunciá-la à venda na beira da estrada.

— “Vocês comem aquilo?“, indaguei eu algo chocado a Anatole no carro.

— “Sim, tem gente que gosta. Faz no caldo. Mas tem muito osso pequeno“, observou Anatole como se não se interessasse muito por ratazanas.  

Kpalime 1 62
Frutinhos de dendê, usado aqui em muitos pratos — mas não em todos. Por ver comida baiana invariavelmente com dendê, achei que os africanos ocidentais sempre o usassem, mas não é esse caso.
Kpalime 1 61
A vendedora de dendê à beira da pista, vendendo ao pouco ambicioso pessoal desse carro à frente. Ali atrás, sua criança de colo sentadinha num pano no chão comia entretido um pedaço de aipim assado.

Aliás, se pela manhã eu me diverti vendo togoleses a levar quantidades incríveis de coisas saindo pelo ladrão, por todas as partes do carro, esta tarde bateria meu recorde. 

Alguns carros ficam parecendo veículos saídos de Corrida Maluca, aquele desenho clássico.

Um que eu vi ia com galinhas vivas amarradas atrás e, no topo de tudo, uma cabra a olhar o pôr-de-sol no horizonte. Uma roça sobre rodas.

Kpalime 1 63
Bem-aventurados os que não viram e creram. Mas às vezes é difícil.

As pessoas ficam achando que o Brasil é o cúmulo das coisas… É porque ainda não viajaram o bastante.

Viemos conversando, Anatole e eu, eu confesso que meio nauseado, porque ele claramente não havia tomado banho hoje (e ainda desperdiçou a chance na cachoeira — crime capital). É por isso que não vou recomendar seu número, ainda que ele seja legal. 

Ao que voltamos, passamos pelo Monumento à Independência iluminado em Lomé. Eu perguntei a Anatole quando ele foi feito.

— “1960

— “Já no mesmo ano da independência?“, indaguei.

— “Sim, no mesmo ano da nossa independência. Quer dizer, a gente se pergunta: A África ficou realmente independente? Eu acho que, no fim das contas, nós continuamos a trabalhar para os franceses.”

Togo ficou independente? As pedras dizem que sim, os homens dizem que não.

Lome 1 43

Mairon Giovani
Cidadão do mundo e viajante independente. Gosta de cultura, risadas, e comida bem feita. Não acha que viajar sozinho seja tão assustador quanto costumam imaginar, e se joga com frequência em novos ambientes. Crê que um país deixa de ser um mero lugar no mapa a partir do momento em que você o conhece e vive experiências com as pessoas de lá.

3 thoughts on “Jornada em Kpalimé pelo interior do Togo na África Ocidental

  1. Avemaria,…. Uauu.. que magnifica essa foto de abertura com essa majestosa cachoeira entre as pedras e a mata maravilhosa.. Espetacular.. .
    Viva a Natureza e suas belezas, pujança e energias ímpares. Parece a Chapada Diamantina aqui no NE do Brasil. Que beleza de cenário.
    Linda essa foto com a cachoeira atrás, a mata ao redor, e o senhor, meu jovem , com o guia africano que o acompanhou. Soberba… maravilhosa. Linda. Que bela é essa África.

    Verdade. Hoje sabemos que esse instigante continente conhecido como África abriga várias realidades…várias Áfricas. Com certeza esta onde o senhor está se parece muito com o NE do Brasil, seja na Natureza, seja na culinária, na cultura etc , embora com suas diferenças naturais, históricas , de percurso e outras.
    Muito interessantes essas inter-relações, semelhanças e diferenças, assim como a participação dos portugueses nessas ações. Exceto, claro , a escravidão.
    Que pena a constatação da pobreza, da precariedade em muitos aspectos, do sub-desenvolvimento, do abandono do povo entregue à própria sorte, por parte dos colonizadores , do desinteresse em gerar desenvolvimento nos lugares onde enriqueceram e exploraram por tanto tempo, e o pior, a manutenção do controle sobre esse povo e o país. Um horror. Uma libertação de Direito, de Lei, mas não de fato. Lamentável essa realidade ainda presente nos dias de hoje, 2023.

    A despeito disso, temos uma África Ocidental belíssima, ensolarada, quente, natureza prodigiosa, majestosa, um belo litoral, com colinas, matas, cachoeiras, com gente ao que parece cordata, corajosa, capaz de viver, de enfrentar as dificuldade que saltam aos olhos, de roupas vistosas, gostos e cultura parecidas com o nosso NE brasileiro. Uma riqueza …. Uma preciosidade.
    Que bom conhecer o Togo.
    Vamos que vamos.
    Adorando.

  2. Vamos ver as cachoeiras..
    Lindas colinas e matas. É a cara do N-NE do Brasil.
    Otimo que ”sem chuvas e sem tempestade” hahah e com menor risco, esperemos. hahah
    hahaha as trepeças são uma ”onda” hahaha…misericórdia…
    ”Dica para viagem de feriadão” … é ótima.. aqui a policia rodoviária nao iria gostar hahahaa
    Ainda bem que pelo menos as estradas são boas… aqui há algumas horrorosas…
    Os vendedores na pista são comuns, aqui também.
    Ah… Mulheres com coisas na cabeça são comuns aqui também, sobretudo no interior.. carregam tudo em tudo: cesto, bacia, balde…latas etc e tal.. E que equilíbrio… e como há lugares com ladeiras, sobem e descem de forma notável, à vezes gravidas. Creio que as daí também.
    A rotineira e triste pobreza rural, tambem nos assiste aqui… às vezes com essa alegria dai da togoleza .. alegria ingênua e doce…por vezes com a angustia estampada na face e a conformidade nas ações. e palavras.. Cést la vie.

    Famoso, esse molho de amendoim… ja ouvi o senhor se referir a ele várias vezes… deve ser gostoso… mas …..
    Esse chavão é ótimo.. ”estamos trabalhando para melhor servi-lo ”haha é conhecidíssimo… hahah so que ai são os toros que demarcam o trecho hahaha uau…

    Uau… ora ora..pois é… é cultura também…. não sabia dessa designação… só sabia que o nome Asia significava o lugar onde o sol nasce… sempre aprendendo…
    Perdidas em Geografia, é ótimo hahah …muitos aqui também são… Nossa Senhora… voam mais que passarinho.

    Interessantes essas cidades espalhadas… aqui não são juntinhas mas ha partes mais espalhadas e mais rurais.

    1 hora para preparar. .. vilgen.. parecendo um tal restaurante no aeroporto de Salvador… se duvidar alguém perde o voo.. hahah Deus nos livre.
    E que nome esse do Restaurante… aqui ele não seria bem recebido …
    Essa zona toda é a cara do N-NE e interior do Brasil. e parte da Chapada .
    Pois é, meu amigo.. isso é que é vida/… com certeza…contato com a natureza e seus encantos… é bom demais…

    Lindas mangueiras.. Essa vegetação parece mesmo com a Floresta da Tijuca no Rio de janeiro.

    Ora ora. o rapaz não sabia com quem estava falando e contando a estória.. Se soubesse que era Mairon Polo heimm hahah…. brinca… o jovens sabia das coisas …. haha.. decifrou logo a charada hahah
    Pelo viisto os alemães marcaram o coração dos Togoleses…

    Bela cachoeira.. linda mata… Vilgen… que trilha estreita…mas a região é muito bela, mesmo..
    Ahh essa é mais bonita… mais forte.. e que deslumbre o banho do viajante.. avemaria.. uma beleza.. a cara da felicidade.. Oxum o proteja… Que maravilha deve ter sido…
    Pudico é ótimo… olhe seu menino.. o povo complica o natural… Que bom que o brasileiro é mais solto .

    Quanto às frutas, o que se sabe é que para ficar doce a fruta precisa amadurecer no pé, ou seja na planta.

    Curiosa a pilação do inhame. Deve ficar bom, mesmo mas para nos é estranho comer cru…

    Vilgen… peixe com cabeça … Jesus… Deus me livre…
    Adorei a tirada com a casa portuguesa, com certeza.. hahah bela mesa Togoleza hahah
    Beliísima, a flor.. a planta parece Helicônia… mas a flor não..
    Muito bem.. adorei a cachoeira e a mata..
    Vamos que vamos.

  3. Povo vistoso… muito semelhantes aos nossos que moram nas zonas rurais… só com a cor mais apurada e alguns hábitos diferentes.
    A natureza parece ser a mesma do NE. Lembranças/marcas da Pangéia .
    Rico esse centro de artesanatos… Belas peças…
    Ainda bem que se dispuseram a ajudar… antes tarde do que nunca, dizia o povo antigo… É isso mesmo…os nativos douram a pílula..
    O país de Macron também colabora com a situação mantendo a dependência e o sub-desenvolvimento, apesar da pseudo independência. E pelo visto alguns ai começam a perceber.

    Fofíssima essa Catedral de telhadinho vermelho.. lindinha.. parece de brinquedo.
    Lindo, leve, simples , claro e de bom gosto seu interior. Com seu charmoso arco ogival, teto vermelhinho, elegante coro com madeira trabalhada, de belo tom, lindas paredes rosadas, boa luminosidade, uma graça..
    Belíssimos vitrais nos tons vibrantes e vivazes Togoleses .

    E que pena essa precariedade. Um absurdo, nesse mundo moderno e cheio de comodidades cá de fora.
    Que horror esse mercado…. Coitados… o local não tem a mínima infra=estrutura para se comercializar… cheio de pedras, sem pavimentação…Essa parte dos tomates está melhorzinha…
    Essa farinha tão branca é de mandioca? espero que esteja torrada.. Se estiver crua deve ser evitada …
    Milho bonito…
    Ahhh…o viajante gosta de banana da terra frita? Que bom.. Bom gosto…É mesmo muito saborosa… haha …Mas é bom sem muito óleo… E estão bonitas… Vilgen, com pimenta????? que horror…
    O quê????? ratazana? vilgen Maria,, eca.. e no caldo.. Deus é mais… terrível….Misericórdia… Nao sei como não ficam doentes..

    E esse dendê simm.. lindo. saboroso e sadio…E que pena que usam pouco na culinária.. faz pratos ótimos bonitos e saborosos…

    Esse movimento de fim de tarde é sempre muito comum, tanto no campo quanto nas cidades… Até esse movimento se parece com o do NE do Brasil, com algumas nuances

    Nossa… O que é que estou vendo, meu jovem, hahahahahah….oxente…. que panavuê é esse… sacos enormes, galinhas amarradas, quase caindo, coisas saindo pelo ladrão e uma pobre cabrinha la em cima hahaha ”olhando o poente” haha… ôo coitada… nunca vi tamanha trepeça.. Aqui a policia rodoviária não deixaria seguir viagem haha. É demais… bateu o recorde .. hahah.. coitadas das galinhas e da cabrinha devem estar assustadas… ou até acostumadas..marradas a quase despencar …

    Vilgen que o rapaz não tinha se banhado ,e os limites impostos por algumas religiões ou costumes. o impediram de tomar um belo e gostoso banho de cachoeira… coitado… Limites, ao meu ver, descabidos, anti =naturais e desagradáveis…

    Pois é…olha que constatação… ”Continuamos a trabalhar para” …o colonizador… O monumento fala de liberdade.. o povo se sente insatisfeito, e a realidade é a dependência… “Triste fim de Policarpo Quaresma….”diria o escritor…

    Mas, apesar de tudo isso foi maravilhoso conhecer um pouco esse pais, do seu povo , sua natureza, belezas, e perceber o quanto se parecem todos, gente e natureza, com NE brasileiro, principalmente a Bahia. Lindos.
    Valeu viajante,
    Adorei.
    Que venha mais África…

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *